Uma vez Joel Schumacher, sempre Joel Schumacher. O cineasta que fez Batman & Robin está de volta aos cinemas com mais um filme ruim. Mentira. Mais um filme péssimo! Reféns (Tresspass, 2011) é uma versão ainda piorada do já sofrível Refém (Hostage). Aliás, as situações são tão parecidas que um processo por plágio poderia até ser possível - caso algum dos dois filmes fosse sequer digno de algum orgulho por parte de quem os fez. Não é o caso. Os resultados de bilheterias só não são piores porque os nomes de Nicolas Cage e Nicole Kidman (inexplicavelmente) ainda chamam atenção e levam pobres desavisados aos cinemas.
Reféns
Reféns
Reféns
A história começa mostrando Kile Miller (Cage) andando no seu Porsche conversível enquanto negocia ao telefone. Ele é um mediador no caríssimo mercado de comércio de diamantes e vive em uma imensa mansão com sua linda esposa Sarah (Kidman já desintoxicada da sua fase botocada) e sua filha Avery (Liana Liberato), uma adolescente que quer sair com suas amiguinhas ricas para curtir a vida.
No que parecia ser mais um dia na vida dos Miller, um grupo de assaltantes consegue entrar em sua moradia cheia de alarmes com a missão de sair dali com muito dinheiro em pouco tempo. Kile aproveita a sua experiência profissional para negociar com os gatunos a liberação de sua esposa. A cada brecha, ele vai dificultando a vida daqueles que os fizeram de reféns, mas não conseguem demonstrar o poder de quem está apontando a arma na sua direção.
Com bandidos frágeis, instáveis e visivelmente despreparados, metade da graça já foi embora. Se ao menos Macaulay Culkin estivesse por ali poderíamos rir a cada latada de tinta na cara ou tropeções em bolinhas de gude. Nem isso o filme tem. O que vemos é um amontoado de situações incoerentes (Cage com a mão quebrada conseguindo vencer um brutamontes em uma briga mano-a-mano), personagens sem carisma algum (mata logo a filha!) e segredos que não empolgam (o que será que ele estava escondendo da esposa?). O que resta é clichê (bandido caindo na escada após jogarem um monte de bambus em cima dele).
Os problemas de Schumacher não são técnicos. A equipe parece ter se esforçado e o filme não tem cara de que foi feito às pressas ou com pouco dinheiro. Ele é apenas ruim mesmo. Depois de assumir publicamente todos os erros de seus dois filmes que enterraram a franquia Batman até o surgimento de Christopher Nolan, resta saber qual vai ser a sua desculpa agora, jogando mais um pouco de terra em cima da rara dignidade de Nic Cage e Nic Kidman.
Reféns prova que o normal do cineasta é errar, e que tiros certeiros - como os bons Por um Fio e O Custo da Coragem - são exceções que confirmam a regra escrita por Batman & Robin, Batman Eternamente, O Número 23 e muitos outros.