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Para aqueles que vão ao cinema assistir a Resgate Abaixo de Zero é importante saber, antes de qualquer coisa, que é um longa-metragem da Disney protagonizado por cães de trenó ensinados. Aliás, apenas essas poucas palavras bastam para definir o roteiro. A partir daí, fica fácil adivinhar o que virá pela frente: trama rasa, paisagens exuberantes, personagens engraçadinhos (humanos e animais) e o tão característico apelo emocional.
A fórmula o estúdio conhece muito bem, e por isso a aplica com competência em quase todas as suas produções. Em Resgate Abaixo de Zero não é diferente. Apesar de ter seus defeitos, o filme deve agradar em cheio ao público a quem se destina - crianças, mamães, vovós e os amantes de animais. Aliás, em relação a esses últimos, ainda pairam dúvidas se vão gostar ou odiar. Isso porque, em alguns momentos, os cães atuam tão bem que chega a ser angustiante vê-los tendo que suportar a baixíssima temperatura da Antártica ou tendo que fazer escolhas entre a vida do companheiro canino e a sobrevivência do grupo.
Por falar em atuação, um dos atores humanos também se sai bem. Paul Walker interpreta Jerry Shepard, guia e membro de uma base expedicionária norte-americana na Antártica, responsável por explorar os arredores com um trenó puxado pela matilha. Esse é motivo pelo qual ele é tão próximo dos bichos e tem uma relação mais íntima, conhecendo todos por nomes e personalidades. Tamanho apego e carinho é muito bem representado por Walker o que dá a ele carisma suficiente para alavancar a história de amizade e gratidão entre Jerry e seus cães.
No entanto, após o momento em que a equipe é forçada a deixar a base e os cães devem permanecer no local tendo que se virar sozinhos, fica clara a intenção de fazer o espectador soltar expressões como Ah... que bonitinho! ou Ah... tadinho! - sempre tão mencionadas nas exibições dos filmes Disney. O que não significa uma narrativa lenta ou excessivamente emotiva. Ao contrário. O ambiente hostil e inóspito oferece à matilha perigos naturais que eles terão de enfrentar na tentativa de sobreviver à fome e ao inverno mais rigoroso do planeta. E aí aparecem os momentos de aventura e perigo.
Inspirado em uma história verídica, o filme intercala os episódios em que os cães lutam pela vida com os momentos em que Jerry, já nos Estados Unidos, tenta organizar uma missão para voltar e resgatar os huskies, mesmo com uma tempestade devastadora no local quase impossibilitando a viagem. Ainda assim, não fica difícil imaginar a conclusão da jornada.
Resgate Abaixo de Zero cativa não só pela simpatia dos protagonistas caninos e a atuação sincera de Paul Walker, mas também pela belíssima fotografia. As cenas, filmadas no Alasca, Groenlândia e Canadá, apresentam tomadas (aéreas e terrestres) competentes a ponto de darem realmente a sensação de que estamos vendo paisagens da Antártica.
No fim, apesar dos inúmeros clichês vistos em filmes com animais e do desenrolar previsível da história, o diretor Frank Marshall (mais famoso como produtor) consegue realizar um longa sensível, sincero e na média ao que propõem a maioria das produções dos estúdios Disney.
Só um alerta aos pais: algumas cenas podem assustar um pouco as crianças pequenas pela intensidade. Nada que cause algum trauma permanente ou que não seja rapidamente esquecido. Assim como o próprio filme.