Cena de Saturday Night (Reprodução)

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Crítica

Saturday Night foge de ser "para americano" com condução frenética e bom elenco

Filme de Jason Reitman conta com grandes nomes para mostrar as horas que precederam a estreia do SNL

17.09.2024, às 15H51.

São mais de 350 Emmys na conta do Saturday Night Live desde sua estreia em 1975. Por lá, já passaram mais de 160 comediantes, em 49 temporadas e quase 1000 episódios. Jason Reitman, diretor de filmes como Obrigado por Fumar, Juno e Ghostbusters: Mais Além, decidiu contar a história dos 90 minutos que precederam o primeiro episódio do SNL em Saturday Night, filme que conquistou o público nas exibições do Festival de Toronto.

O longa é contado do ponto de vista de Lorne Michaels (Gabriel LaBelle), criador do programa, e sua jornada caótica ao longo dessa uma hora e meia antes do lançamento de um show em um formato que nunca havia sido feito: diversas esquetes ao vivo e apresentações musicais, com plateia e exibição em um horário onde parte das pessoas não está em casa - é sábado à noite! - e a outra não estava acostumada a ver um programa de TV de comédia.

Uma das maiores dificuldades desse tipo de história, que necessitaria de um conhecimento prévio sobre o SNL ou seus participantes, é fazer com que o público geral que não mora nos Estados Unidos se engaje. Filmes como Babilônia, de Damien Chazelle, ou Apresentando os Ricardos, de Aaron Sorkin, são alguns recentes que sofreram com isso. A solução da trama contada por Reitman é utilizar a “wikipedia” sobre o programa como informações que vão circulando esse caos que toma conta dos corredores da NBC. Nomes e situações são falados no meio de diálogos onde essas informações não são as principais, mas complementam o todo, como no caso do relacionamento de Michaels e Rosie Shuster (Rachel Sennott), por exemplo, ou as situações envolvendo Chevy Chase (o ótimo Cory Michael Smith) e Garrett Morris (Lamorne Morris).

O grande interesse de Reitman, e também o maior acerto do filme, é focar no resultado final desse caos. É mostrar a jornada para fazer esse produto funcionar. Dessa forma, o diretor passeia com a câmera pelos corredores, estúdio e salas de bastidores com um domínio impressionante, misturando cortes e movimentos rápidos de câmera, com planos-sequências e uma ótima coreografia dos atores. Aliado a isso, Jon Batiste, que também está no filme como Billy Preston, criou uma trilha sonora que mistura jazz com samba e funciona como combustível importantíssimo para a ação da história. Em alguns momentos, com essa criação de tensão, caos e a “tragédia” se aproximando, é impossível não lembrar de Whiplash​: Em Busca da Perfeição.

Saturday Night pode até funcionar como um Onde Está Wally? com sua caça por referências e personalidades conhecidas, como Andy Kaufman, Jim Henson, George Carlin, entre muitos outros - até porque não há como negar que o trabalho de caracterização dos atores é impressionante. Mas a alma do filme está na história clássica de superação de obstáculos que, por mais que soe ingênua às vezes (principalmente quando temos que torcer e vibrar por um milionário, dono de canal de TV), ainda convence com o talento dos atores, e principalmente de LaBelle, que nunca nos deixa desacreditar nessa história que muitos já sabem o final.

Engraçado e caótico, Saturday Night reflete o temperamento de alguns dos melhores comediantes que já passaram pelo SNL. E você nem precisa ser especialista no programa - ou ter passado um período nos EUA - para entender isso ao final.

Nota do Crítico
Ótimo