Wes Craven fez história na década de 1980 ao criar a série A Hora do Pesadelo. Mais do que um realizador que soube como assustar a audiência, Craven foi extremamente feliz ao compreender e trabalhar no filme temas próximos ao seu público-alvo, como a perda da inocência e o sentimento dos jovens da época de estarem presos nos subúrbios com seus sonhos.
A Sétima Alma
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Freddy Krueger tem, portanto, um estofo metafórico que explica parte de seu sucesso. Sem falar no design inspirado, ameaçador e ao mesmo tempo repulsivo do personagem - e as memoráveis distorções de percepção da realidade de sua edição. Desde então, Craven só conseguiu repetir tal sucesso com a série Pânico - mérito que dividiu com Kevin Williamson, outro que conseguiu alcançar uma geração na série de TV Dawson´s Creek.
Em A Sétima Alma (My Soul to Take, 2010), fica evidente a tentativa de Craven de reproduzir seus feitos passados. Em seu primeiro roteiro original desde 1994, o cineasta apresenta um novo serial killer, o Estripador de Riverton. Na história, 15 anos depois de sua suposta morte - que abre o filme -, o maníaco volta para liquidar sete crianças nascidas prematuramente naquela fatídica noite.
O problema fundamental dessa nova tentativa é justamente a desconexão do diretor com o público atual. Craven escreveu um filme para adolescentes da década de 1980, e não para a geração Y de hoje - e no caminho se esqueceu que um violento filme de maníaco não se pinta apenas com baldes de sangue. E tome obviedades como correria no mato, o tradicional embate "atletas contra nerds", sustos no espelho, e uma trama que força demais ao tentar despistar o público na direção errada o tempo todo.
O elenco abismal disparando os verborrágicos diálogos do diretor, que teima em explicações longas e desnecessárias sobre cada aspecto da mitologia que tenta criar, complementa o desperdiçado esforço do veterano. Há algumas ideias boas aqui e ali, mas todas são mal exploradas posteriormente ou caminham para desenvolvimentos clichês. O desfecho é especialmente vergonhoso e uma das piores sequências de morte dramática recentes.
Craven claramente está perdido. Não sabe para quem escreve ou o que dá medo hoje em dia. Torçamos para que ele aprenda com o péssimo retorno de seu filme e retorne à linha do bom Voo Noturno, em que ele pareceu, mesmo que por um instante, ter lembrado certas regras que ajudou a criar para o gênero.
Veja três cenas de A Sétima Alma
A Sétima Alma | Horários e cinemas