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Crítica

Shaun, O Carneiro | Crítica

Animação da Aardman faz rir e chorar com intensidade Pixar

03.09.2015, às 18H13.

Há muitas similaridades entre a Pixar e a Aardman. Ambas têm trabalhos para publicidade, currículos impecáveis, Oscars na prateleira e reuniões entre os principais criativos da empresa para entender o que está funcionando nas histórias e o que precisa ser melhorado. Porém, enquanto a primeira trabalha no Vale do Silício e se abastece dos milhões de dólares que nascem por lá para criar o que só os computadores de última geração conseguem fazer, a outra está na pequena Bristol, quase no País de Gales, com uma estrutura mais enxuta em galpões da área industrial e trabalhando na artesanal técnica do stop-motion, a animação quadro a quadro utilizando bonecos de massinha.

E assim como Divertida Mente fez rir e chorar, Shaun, o Carneiro (Shaun The Sheep Movie, 2015) também chega armado para bombardear as emoções dos espectadores de todas as idades. O longa-metragem traz para as telonas os personagens que nasceram no terceiro curta-metragem de Wallace & Grommit, A Close Shave (1995), e depois acabaram ganhando uma série própria, com 130 episódios de meia-hora divididos em 4 temporadas. Seguindo a regra criada no programa, não há diálogos, embora os animais se apropriem de vários trejeitos humanos e são, geralmente, mais inteligentes que os homo sapiens presentes - o que é parte da graça.

O protagonista Shaun é o líder do rebanho e está meio entediado de seguir as ordens do fazendeiro. Decide então ir para a Cidade Grande. Seu plano perfeito vai desencadear uma série de acontecimentos que precisarão ser consertados pelos ovinos. Para ajudar os personagens no ambiente urbano foi criado o cão Slip, antítese dos animais da fazenda e homenagem à menina órfã de Charlie Chaplin - parte das inúmeras homenagens feitas aos filmes mudos.

Não há durante os 85 minutos da animação um único frame que não tenha um propósito bem definido, seja ele fazer uma piada (e há ótimos gracejos para crianças e adultos) ou preparar o terreno para o que acontecerá em seguida. Tudo está muito bem costurado pelos roteiristas e diretores Mark Burton e Richard Starzak, sem pontas soltas ou excessos. Os dois conseguem ao mesmo tempo apresentar os personagens a quem nunca viu Shaun e também levar as situações já vistas na série a um novo patamar.

Nota do Crítico
Ótimo