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Spotlight | Crítica

Drama investigativo relembra a importância do jornalismo pré-Internet

15.09.2015, às 12H05.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

A sensação de assistir ao filme Spotlight é a de ver uma obra deslocada do seu tempo. Dramas de investigação jornalística, afinal, tiveram seu auge nos anos 1970, quando a busca por uma verdade revelada através da imprensa, na era Nixon, ainda era algo que motivava o público e Hollywood.

Baseado em fatos, Spotlight reconhece isso em um de seus primeiros diálogos. "A Internet está nos matando", comenta um dos editores do periódico Boston Globe. "O mundo não quer mais jornalismo como o que fazemos", lamenta. Mal sabia ele, no longínquo 2001, que as redes sociais ainda estavam sendo criadas e levaria mais uma década para a profissão ser reinventada em 140 caracteres, vídeos que somem em 24 horas, posts e YouTubbers gritalhões... Mas a sombra da conectividade descartável já começa a assombrá-los.

Dirigido por Tom McCarthy (O Agente da Estação, Trocando os Pés), o drama funciona como uma espécie de ode ao jornalismo, já que acompanha uma das grandes reportagens investigativas do século 21. No trabalho vencedor do Pulitzer, o Boston Globe denunciou a conivência da Igreja Católica - e do sistema judiciário da cidade - para com o abuso de menores praticado por sacerdotes, acusando quase uma centena de pessoas.

A comparação imediata é com Todos os Homens do Presidente, e McCarthy registra com a mesma sobriedade cada passo do procedimento, acompanhado pela trilha sonora de Howard Shore. O diretor extrai também de seu elenco um trabalho que ecoa igualmente o clássico do jornalismo no cinema. Mas se nomes como Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber, Stanley Tucci e Billy Crudup seguram o filme com a dignidade requerida, Mark Ruffalo entrega outra atuação digna de reconhecimento e premiações. Seu repórter apaixonado e um tanto aéreo, com sotaque de Boston, é um dos grandes destaques do filme, que culmina certamente no mais ambicioso trabalho de McCarthy até hoje.

Nota do Crítico
Ótimo