As Tartarugas Ninja surgiram obscuras e violentas nos quadrinhos de Kevin Eastman e Peter Laird. Com o passar dos anos, o tom sério diminuiu e as camadas de humor ficaram mais presentes em animações e nos filmes. O reboot produzido por Michael Bay e dirigido por Jonathan Liebesman (Invasão do Mundo: Batalha em Los Angeles) une essas duas vertentes: aplica a brutalidade no visual dos quelônios e as torna engraçadas e divertidas, tal qual nas últimas animações da Nickelodeon.
tartarugas
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O conceito funciona de maneira isolada, pois o roteiro não sustenta o realismo das tartarugas. Preocupado em explicar cada um dos acontecimentos em tela, o filme se perde no meio de tantos momentos didáticos desnecessários e repetitivos. A sequência inicial (feita em homenagem a Eastman/Laird) resume em poucos minutos a vida dos protagonistas e da cidade onde vivem de forma concisa. O restante do longa, porém, julga que o espectador não é inteligente o suficiente para entender o contexto de primeira e insiste em detalhar tudo de novo - da criminalidade em Nova York a situação do quarteto principal.
Apesar disso, Liebesman captura bem o entrosamento de Leonardo, Rafael, Donatello e Michelangelo - esse último a grande estrela da equipe, como de costume. As piadas nerd ao estilo Big Bang Theory funcionam nas primeiras vezes, mas perdem força depois de meia hora. O que funciona de fato são as brincadeiras entre eles, que deveriam ser o foco do longa em si. O reboot, porém, decide investir em April O'Neill. A jornalista vivida por Megan Fox sempre teve um papel importante na história das Tartarugas, mas poucas vezes houve tamanha participação como nesse reboot. E se a decisão em si já ofusca os protagonistas e prejudica o filme, a atuação de Fox leva por água abaixo qualquer pretensão de simpatia com a personagem.
O visual dos heróis, tão criticado no começo, é um dos pontos altos de As Tartarugas Ninja. Tudo funciona dentro da pegada sugerida, um misto de truculência (elas são os seres mais fortes do mundo) e amabilidade (a expressão facial de todos passa um ar de gentileza). Nesse aspecto, a refilmagem conversa perfeitamente com jovens da geração atual, fãs de Transformers, G.I. Joe e semelhantes. A diferença em relação a estes filmes está na fotografia paciente e menos frenética de Lula Carvalho. É possível entender o que acontece em tela mesmo quando há quatro tartarugas, um rato mutante, um robô e inúmeros soldados dentro do esgoto, por exemplo.
Quando foi oficializado o reinício dos personagens no cinema, o medo dos fãs era algo que alterasse a obra original. As Tartarugas Ninja de Michael Bay não desrespeita os primórdios de forma literal, mas os torna um subproduto resumido às piores influências de criações pop recentes.