Terrifier não é - e nem deveria ser - uma franquia que se leva a sério. Catapultada ao sucesso depois que o segundo filme, lançado em 2022, ganhou as manchetes por fazer alguns espectadores passarem mal em algumas cenas, a marca criada por Damien Leone encontrou no gore e no humor os seus principais (e melhores) atributo, tornando o assassino Art, o Palhaço, um novo ícone do horror. Com o terceiro longa chegando aos cinemas, o diretor e roteirista mostrou mais uma vez que sabe muito bem o que o seu público quer.
A trama se passa cinco anos após os eventos do filme anterior, no qual Art foi supostamente derrotado por Sienna (Lauren LaVera). Logo de cara, a sequência explica que o mímico psicopata não empacotou de vez e "retorna à vida" mesmo decapitado, apenas para dar sequência à sua carnificina.
Do ponto de vista narrativo, Terrifier 3 pouco ou nada tem a acrescentar. Os poderes e a origem de Art são explicados em pílulas, e a presença de Victoria (Samantha Scaffidi), que passou de vítima a comparsa igualmente sádica, é ainda menos desenvolvida pelo roteiro. Se o segundo longa mereceu elogios por dar substância à história da franquia, esta nova sequência volta a se apoiar apenas no banho de sangue para satisfazer seus fãs.
Essa falta de substância, de certo modo, não faz de Terrifier 3 um filme ruim. Sua proposta rasa é compensada com um verdadeiro festival gore, no qual Art ultrapassa os limites de sua criatividade macabra para assassinar vítimas das mais variadas formas. Quem sofre com isso é o núcleo "humano" protagonizado por Lauren LaVera, que retorna como a final girl Sienna para bater de frente com o palhaço. A exemplo do que acontece no Monsterverse, onde a narrativa perde fôlego quando Godzilla ou Kong não estão envolvidos, o novo longa fica desinteressante toda a vez em que Art sai de cena.
Na pele de Art, David Howard Thornton vai deixando a sua marca como um dos grandes ícones dos filmes de terror da atualidade. Seu carisma e habilidade para lidar com a ultraviolência de Terrifier faz de Art um novo fenômeno do gênero, onde suas caras e bocas se sobrepõem a qualquer falta que um bom jump scare possa fazer à franquia.
O ponto é que Leone jamais buscou fazer de Terrifier um cinema sofisticado. O número de filmes de terror que prometem nos fazer nos contorcer na cadeira é enorme, mas a proporção que realmente faz isso é pequena. De sua forma particular, Terrifier 3 é genuinamente horripilante, principalmente por ser um tipo de produção que não é recomendada para todos. Art não é um burguês perturbado como Patrick Bateman de Psicopata Americano - ele é um palhaço demoníaco, afinal - mas Leone está igualmente interessado no potencial letal de seu personagem, que possui uma gama diversificada de ferramentas para matar e, com sorte, colocar um sorriso na boca de seu espectador.