Filmes

Crítica

Thor - O Mundo Sombrio

Marvel encontra o tom para o universo do Deus do Trovão

29.10.2013, às 15H06.
Atualizada em 02.07.2018, ÀS 20H56

Só a Marvel consegue ser a Marvel. A mistura de ação, verborragia, personagens extravagantes e humor, que a editora tornou famosa desde a década de 1960 nos quadrinhos, só funciona mesmo de verdade nas telonas dentro de casa. Enquanto diversos estúdios tentam adaptar a fórmula criada pela dupla Stan Lee e Jack Kirby para os cinemas com uma certa "vergonha", sempre tentando transformar aqueles supercoloridos heróis em algo mais realista e sisudo, o Marvel Studios abraça a deliciosa natureza de suas criações.

Thor 2 - O Mundo Sombrio

Thor - O Mundo Sombrio (Thor - The Dark World) é uma ensandecida mistura de referências, não apenas ao Universo Marvel, mas também à cultura pop em geral. A espalhafatosa aventura pouco fica na Terra, mostrando mais de Asgard e outros reinos fantásticos, que se parecem visualmente ora com Alien/Prometheus, O Senhor dos Anéis, Game of Thrones e até umas pitadas de Harry Potter. O resultado é muito melhor que o primeiro filme e agrada pelo equilíbrio. As piadas entram nas horas certas, não desmerecendo o drama ou a ação. Cada um dos núcleos (o terrestre e o asgardiano) têm suas funções bem definidas, evitando os erros do filme anterior.

A trama começa depois de os eventos de Os Vingadores. Loki (Tom Hiddleston) está preso em Asgard, que celebra as últimas batalhas pela pacificação dos Nove Reinos. A hora de coroar um novo rei se aproxima, mas uma ameaça ancestral ressurge na forma de Malekith, O Maldito (Christopher Eccleston), o rei dos Elfos Negros, uma raça que foi subjugada há 5 mil anos pelo avô de Thor, Bor, e que se acreditava destruída.

O novo Thor é melhor do que o primeiro em tudo. A escala da ação é épica (a batalha de Asgard é excelente!), o drama é real e o humor é engraçadíssimo. Mas também no design o longa merece elogios. Cada aspecto das civilizações retratadas é bem explorado e desenvolvido. O séquito e a nave de Malekith são um espetáculo à parte, assim como a nova tecnologia asgardiana (as naves, as armas, os exércitos). A arquitetura da cidade, um dos trunfos do primeiro filme, agora ganha companhia, afinal.

Lamentavelmente, a história continua tendo seus pontos fracos. Há uma coincidência relacionada a Jane Foster (Natalie Portman) que é preguiça de roteiro. Entende-se que o filme precise relacionar seus dois núcleos e dar importância à "mocinha", mas há improbabilidades colossais aí. A primeira é que Jane, ainda que estivesse buscando anomalias como a que trouxe Thor à Terra, estava justamente no lugar e na hora certa de cair em uma. A outra é que, com tantos destinos, fosse parar especificamente no local (supostamente inexpugnável - e ao qual nenhum outro portal retorna ao longo do filme) onde está guardada a arma definitiva de Malekith, uma que ele precisa para deflagrar seu plano - que envolve um alinhamento de universos que, pasme, está justamente prestes a ocorrer. As motivações genéricas do antagonista (devolver a escuridão ao universo só é mais batida que dominar o mundo) também são um tanto cansadas, mas ele é tão cheio de presença que é possível não ligar. Afinal, no Universo Marvel das telas o favorito dos fãs, Loki, precisa reinar sozinho.

Nada que prejudique demais a experiência, porém. Thor - O Mundo Sombrio é um passo adiante tanto para a franquia como para o Universo Marvel cinematográfico, e introduz uma sequência durante os créditos relacionada a Guardiões da Galáxia que promete o filme mais insano da empresa até aqui. A Marvel deve seguir sendo a Marvel por mais algum tempo, felizmente.

Nota do Crítico
Ótimo