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Não há qualquer mistério sobre Todo mundo em pânico 4 (Scary Movie 4, 2006), novo capítulo da série que parodia grandes sucessos recentes do cinema. São gags curtas de momentos besteirol emulando - com enorme competência - filmes como Guerra dos mundos, O grito, Menina de ouro, Jogos mortais, A vila e O segredo de Brokeback mountain. Não espere mais que isso e não haverá qualquer decepção.
A trama costura cenas de todos os longas citados sem pretensão alguma a não ser esculhambar momentos que já estão cimentados na mente do consumidor comum dos blockbusters hollywoodianos. E os arrasa com propriedade. Quem nunca quis dar uma porrada na Dakota Fanning que dispare o primeiro hate-mail! Melhor ainda que os trágicos safanões que leva a menina-com-cara-de-mulher no filme, é a seqüência com as macaquices no cio de Tom Ryan (Craig Bierko, que soa exatamente como Cruise) no programa da Oprah. Ou ainda o momento em que o filme faz rir com o melodrama tetraplégico de Menina de ouro, a boa sacada inicial extraída de Jogos mortais e a aparição do primeiro alienígena TriPod (uma das melhores piadas do filme, inteligente até!). Se o longa ficasse só nas homenagens, seria ótimo. Mas a história de Craig Mazin encontra espaço também para as lamentáveis escatologias, que insistem em continuar aparecendo nas comédias populares. A pior delas mostra a cega de A vila (Carmen Electra) confundindo a lotada sala de reuniões de sua comunidade com o banheiro de sua casa. Mesmo assim, este consegue ser um dos melhores filmes da série, ao lado do igualmente engraçado terceiro volume. Mérito do diretor David Zucker, que praticamente inventou o gênero em Top secret (1984) e Apertem os cintos o piloto sumiu (1980). Na história, Cindy Campbell (Anna Faris), está de volta pela quarta vez. Abandonou a carreira de jornalista e agora cuida de idosos. Sua primeira cliente é uma senhora catatônica que mora numa casa amaldiçoada, por acaso vizinha de Tom Ryan - alguém que terá papel fundamental (ou não) na guerra dos mundos que se anuncia. Mas qual a relação entre Cindy, Tom, o pálido fantasma que assombra a velhota, o palhaço psicopata que gosta de jogos mortais e a colônia rural que vive no século 18? Acredite, ela existe... e os roteiristas não poupam absurdos nessa ligação espaguética. Mesmo se tirássemos a bobageira non-stop, Todo mundo em pânico 4 tem seu mérito, já que é um filme tecnicamente preciso. É incrível a reconstrução de cenários, ângulos de câmera e iluminação de outros filmes. É tudo tão perfeito que parece até que eles rodaram nos mesmos sets, com os mesmos diretores. O valor disso tudo para a Sétima Arte, você deve imaginar, é tão grande quanto a invenção da pipoca sabor bacon. Todavia, como a oleosa guloseima, é uma delícia sujar-se às vezes com filmes como Todo mundo em pânico 4. Mas saboreie ambos com moderação: a junk food engorda. O junk movie emburrece.