Cena de Todo Tempo que Temos (Reprodução)

Filmes

Crítica

Todo Tempo que Temos é drama comum ancorado por Andrew Garfield e Florence Pugh

Filme arrancou lágrimas e suspiros dos espectadores no Festival de Toronto

10.09.2024, às 11H10.

A história de amor de um jovem casal ao longo dos anos, a formação de sua família e o drama de uma doença que vai exigir sacrifício deles. Tudo isso contado de forma não linear. O que poderia a sinopse de This Is Us é, na verdade, a trama de Todo Tempo que Temos, novo filme do irlandês John Crowley (Brooklyn) e estrelado por Andrew Garfield e Florence Pugh.

E o filme precisa de pouco, além do casal, para dar certo. A química entre os dois preenche a tela já no primeiro momento da história, seja ao sabermos que Almut (Pugh) tem câncer e precisará fazer tratamento para tentar curá-lo, seja quando ela atropela Tobias (Garfield) quando ele está distraído pela rua. Garfield utiliza todo o seu reconhecido charme desajeitado para construir um personagem em busca uma família completa ao lado da pessoa que ama. Já Florence Pugh desponta como a melhor coisa do filme e faz de Almut uma mulher forte, engajada em sua carreira como chef e que luta entre abrir mão de tudo que conquistou e dar mais tempo para Tobias - e a filha - com o avanço da doença. Se o filme tem alguma pretensão de ir para a temporada de premiações, é na atriz que reside sua maior possibilidade.

A proposta de contar a história de forma não linear ajuda Todo Tempo que Temos a não cair no clichê dos amados que podem se separar por causa de algo que eles não têm controle. Não que o filme não esbarre em muitos desses lugares-comum - estes problemas são superados pela excelente atuação dos protagonistas -, mas a montagem ágil nos permite passar por eles já entrando em uma nova situação, seja do passado ou do futuro. Crowley manipula os sentimentos do espectador com situações, como um campeonato de culinária ou o corte de cabelo de Almut, e com elementos básicos de narrativa, como um tema musical meloso, o uso de iluminação quente e fria para variar o humor da cena e a fotografia mais naturalista, quase como um registro pessoal da família.

Alguns momentos do filme funcionam muito bem, como a cena do nascimento da filha do casal, que trabalha de forma perfeita a troca entre os dois protagonistas e o apoio dos coadjuvantes. Já outros parecem completamente desnecessários - e até de mau gosto -, como quando Almut vê uma mulher na cadeira da quimioterapia e a peruca dela escorrega para o lado. O próprio primeiro encontro dos personagens é completamente problemático, seja na construção de Garfield andando de roupão na rua para comprar uma caneta (???) ou mesmo o papo dos dois no hospital. Para sorte de Crowley (e do filme), o humor ajuda a aliviar vários desses momentos desconfortáveis.

Ancorado no carisma de Andrew Garfield e Florence Pugh, Todo Tempo que Temos não é um romance que vai ser lembrado entre vários do gênero, muito menos o drama sobre câncer que vai trazer algo novo para o tema. Entretanto, é um filme que trabalha de forma perfeita aquilo que é esperado dele: nos importamos com o casal principal e com a história que estão construindo.

Nota do Crítico
Bom