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Crítica

Trem Noturno Para Lisboa | Crítica

Falado em inglês, longa situado em Portugal carece de energia

29.11.2013, às 12H37.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 15H10

O suíço Raimund Gregorius parece tão morto quanto o latim que ensina para desinteressados adolescentes em Berna. Partidas de xadrez solitárias e o trabalho são suas únicas atividades até que ele avista uma mulher de casaco vermelho prestes a pular de uma ponte. Ao salvá-la da morte, Raimund vê a possibilidade de renascer.

trem noturno para lisboa

Baseado no livro de Pascal Mercier, Trem Noturno Para Lisboa mostra a busca de Raimund por Amadeu, autor de um misterioso e filosófico livro deixado para trás pela mulher de casaco vermelho. Assim que ele chega em Portugal, em seu primeiro ato espontâneo em anos, a paleta de cores esquece o cinza de Berna e assume as cores quentes de Lisboa. A escolha do diretor Bille August serve para deixar evidente a mensagem do filme: é preciso viver para estar vivo.

Ainda que se valha do bom trabalho de Jeremy Irons como Raimund, o longa não consegue dar o vigor necessário a Amadeu (Jack Huston). Médico, literato, humanista e revolucionário, o personagem funciona apenas na teoria, sem a consistência necessária para fazer oposição ao enfadonho professor suíço. Essa falta de autenticidade de Amadeu e de outros personagens é, em parte, fruto das escolhas convencionais da adaptação, que se vale de valiosos nomes internacionais - a francesa Mélanie Laurent, os alemães August Diehl e Bruno Ganz e os ingleses Huston e Christopher Lee -, mas pasteuriza diálogos que deveriam acontecer em português em um inglês padrão e sem cadência.

Partindo de pontos intrigantes - Quem é a mulher que ameaçava se jogar da ponte? Quem é Amadeu? - Trem Noturno Para Lisboa perde o seu encanto inicial ao optar por uma narrativa cansativa, que se torna óbvia minutos depois do desembarque em solo português. Ao contrário do protagonista, que arrisca sua tediosa rotina ao seguir na viagem do título, a adaptação de August limita sua expressão à metáfora vista na fotografia, esquecendo de aplicar o mesmo entusiasmo na construção dos seus personagens.

Nota do Crítico
Regular