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Truque de Mestre | Crítica

O Mister M dos filmes de assalto: pirotécnico e desinteressado

04.07.2013, às 18H35.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

Na entrevista que fizemos com o elenco de Truque de Mestre (Now You See Me), Mark Ruffalo comentou que não deve haver no filme um único plano com câmera fixa. O diretor Louis Leterrier (Fúria de TitãsO Incrível Hulk) não para de se mover com seus trilhos e suas gruas, para tentar passar ao espectador a experiência de arrebatamento e movimento constante que marca apresentações de ilusionismo num palco. O problema é que só pirotecnia não basta.

truque de mestre

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Ruffalo vive um agente do FBI que precisa cooperar com uma oficial da Interpol (Mélanie Laurent, de Bastardos Inglórios) para enfrentar um grupo de assaltantes performáticos: quatro ilusionistas que se juntaram graças a um mecenas e que operam sob o nome Quatro Cavaleiros, executando grandes golpes em seus números de mágica, só para jogar o dinheiro para o público no final.

Como personagens, os quatro ladrões vividos por Jesse Eisenberg, Isla Fisher, Woody HarrelsonDave Franco despertam interesse quase nulo; eles são definidos por sua especialidade (escapismo, "ler" mentes etc.) e, tirando uma ou outra piada sobre relacionamentos no passado, não há nada que os conecte, com exceção dos golpes. São bonecos a serviço de uma narrativa de trucagens, assim como os demais personagens principais, do milionário vivido por Michael Caine ao caçador de charlatões interpretado por Morgan Freeman. Para tentar antever o que acontece de fato na trama, basta prestar atenção em qual personagem tem um mínimo de arco dramático.

Não é de hoje que muitos filmes de golpe, além de alguns terrores, só se importam com sua suposta engenhosidade, que sempre se repete: dois atos só com red herrings, pistas falsas, uma resolução aparente, que emenda numa reviravolta (que frequentemente nega tudo o que vimos antes) e num final em flashbacks para mastigar toda a explicação. O fato de Truque de Mestre tratar de ilusionismo não deixa a coisa mais interessante, na verdade só a torna mais literal: é o truque pelo truque, reconhecidamente.

Então é como se o filme de Leterrier fosse um número do Mister M, óbvio e banal na sua impaciência para contar logo seus segredos, depois de asfixiar o espectador em fumaça e gelo seco.

Truque de Mestre | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Regular