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Turbo | Crítica

Animação sobre caracol que quer correr na Fórmula Indy não pega nem no tranco

18.07.2013, às 20H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

A ideia de Turbo (2013) já deixa bem claro que é preciso de desprendimento da realidade. Muito! Afinal, estamos falando de um caracol que quer competir na Fórmula Indy - e consegue! O nome do personagem principal é Turbo. Ele passa os dias no canteiro de tomates junto com seus pares. À noite ele liga a TV e fica babando com a alta velocidade dos carros que passam volta depois de volta cada vez mais rápidos. O grande ídolo é o francês Gil Campeón, que não mede esforços para aparecer na frente das lentes da TV, soltar frases de efeito e exaltar o seu estilo e o porquê de ele estar na frente dos outros.

Turbo

O resultado final é uma mistura de Velozes e Furiosos, Carros e Vida de Inseto. Porém, o pout-pourri de ideias não consegue dar uma unidade ao desenho, que fica sem uma identidade, algo que realmente cative o espectador. A impressão que fica é que toda anotação que saiu da primeira reunião de brainstorm foi direto para o roteiro. Só assim para entender a existência da cena em que uma criança grava com seu celular o primeiro vídeo do Turbo depois da transformação que dá ao ser rastejante a capacidade de correr a 300 km/h. Em questão de minutos o vídeo viraliza e ganha versões musicais remixadas. Se já é chato ver aquilo na telinha do YouTube, imagine na tela do cinema em looping. Outro problema do desenho são os personagens sem carisma.

Turbo fica o tempo todo discutindo com seu irmão, que tem um paralelo divertido na figura dos dois irmãos hispânicos, também formados por um sonhador e outro mais conservador. E o "elenco" de apoio do mundo dos caramujos simplesmente não consegue mostrar sua utilidade à trama. Eles surgem como antagonistas, viram os "contraventores do bem" e tudo que conseguem é repetir piadas sem graça e, pior, em uma dublagem igualmente desinteressante e que não empolga, além de ter probleminhas de tradução, como chamar de "500 de Indianápolis" a prova que é mais conhecida no Brasil como "500 Milhas de Indianápolis" ou apenas "500 Milhas". Pequenos detalhes que as crianças nem vão perceber, mas podem atrapalhar a diversão dos adultos que os acompanham no cinema.

A animação da DreamWorks Animation chega para preencher um vazio na agenda das crianças que já viram Universidade Monstros e Meu Malvado Favorito, mas não consegue se igualar, nem em qualidade, nem em história, a outros produtos da casa, como o recente A Origem dos Guardiões, ou os já clássicos Kung Fu Panda e Como Treinar Seu Dragão. Embora o tema esportivo tenha capacidade de empolgar as pessoas com sua mensagem de superação, a bagunça de ideias consegue superar qualquer positividade do tema e estragar a saída ao cinema de quem parar por mais de meio segundo para pensar sobre o que acabou de ver.

Nota do Crítico
Regular