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Em 2000, os irmãos Wayans ressuscitaram as paródias com Todo mundo em pânico (Scary movie). O longa fazia um apanhado dos filmes de terror e ficção que conseguiam bom sucesso comercial nas bilheterias da época. Abusando de piadas sobre sexo e drogas, a série já provou ter o seu público próprio. Descontando o quarto filme, que tem estréia marcada para abril, a franquia já soma quase 350 milhões de dólares só nos Estados Unidos, sendo que o primeiro filme arrecadou 260 milhões de dólares no mundo todo.
Não é à toa que os engravatados de Hollywood cresçam os olhos e procurem por novas formas de engordar suas contas. Mas nada disso (nada mesmo!) justifica algo tão ruim quanto Uma comédia nada romântica (Date Movie, 2006). As piadas sobre flatulência e sexo nas suas mais diferenciadas variações são mais uma vez exploradas, nenhuma delas de forma realmente criativa ou engraçada.
E, por favor, não me entenda mal. Eu sou um apreciador das spoofs, forma como os anglofônicos denominam os filmes que parodiam outros filmes ou gêneros. O que se vê na telona é um enorme repertório de piadas sobre os mais diferentes longas que já levaram casais apaixonados ao cinema. Estão lá de O casamento do meu melhor amigo (1997) e O casamento dos meus sonhos (2001) aos mais recentes Entrando numa fria maior ainda (2004) e Hitch - Conselheiro amoroso (2005). De J-Lo a Meg Ryan, passando por Reese Witherspoon e até a "grega" Nia Vardalos, todas aparecem devidamente representadas.
Toda esta perda de tempo e dinheiro começa a solitária Julia Jones (uma espécie de prima norte-americana muito obesa da Bridget Jones) desesperada com a possibilidade de morrer encalhada. Depois de conhecer e literalmente nocautear o galã inglês Grant (hã, hã, entendeu?), ela acha que nunca vai conseguir um parceiro. Decide então apelar para o conselheiro amoroso Hitch, que a leva para uma "tunada". Turbinada, a jovem vai então participar do programa Extreme Bachelor - referência ao reality show caça-marido The Bachelor, com a diferença de que as eliminadas, são REALMENTE eliminadas, a tiros. Daí em diante, a história é o que menos interessa. Só o que sobra é um sem graça pastiche.
As únicas cenas que poderiam render um sorriso ou outro, perdem sua força porque já foram mostrados no trailer ou porque são repetidas dentro do próprio filme, que tem até flashback para aumentar um pouco mais a sua duração - e o sofrimento do público. Como nem as cenas com erros de gravação prestam (fato inédito em uma comédia), só o que resta é passar o tempo procurando referências e isso não justifica o preço do ingresso. Melhor passar na locadora e alugar mais uma vez um filme com o Grant de verdade, o Hugh.