O Brasil é mesmo a bola da vez. Olimpíada, Copa, ararinhas expatriadas, presidente gringo e agora até Vin Diesel e companhia resolveram passear por aqui. Ou quase. Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio, afinal, de Rio de Janeiro tem uns 5%. Talvez menos. Rodado em Porto Rico, país caribenho que, como o nosso, tem vegetação exuberante, rostos bronzeados e o apreço pela guaracha e o reggaeton, o filme só desembarcou por aqui para algumas tomadas rápidas, filmagens aéreas, fotos de divulgação na praia (todos de branco, como se deve) e um colossal evento de imprensa, que reuniu jornalistas, executivos e artistas durante quase uma semana.
Velozes e Furiosos 5
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Usar cidades de dublê não é novidade. Nova York há décadas é filmada em Toronto, por exemplo. É tudo uma questão de estrutura (mão de obra, viabilidade de fechar ruas, instalações, burocracia, impostos...) e "magia do cinema". Feche o ângulo, use algumas imagens de cobertura reais aqui e ali e complete cenários na pós-produção onde for possível. O que não muda o fato, porém, que essa trucagem só funciona direito para quem não conhece o lugar real. Para os locais, ver o simulacro de cenário - e, pior, de cultura - representados nas telas sob a visão de estrangeiros pode ser inadvertidamente cômico. Enquanto o público dos EUA vibra com a exótica locação tropical, ao brasileiro resta relaxar e desfrutar do pastiche enquanto comemora que nenhum carioca foi ferido durante as filmagens. Eram todos caribenhos, afinal.
Porto Rico de Janeiro à parte, Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio é um verdadeiro cavalo-de-pau para a série. Sob a direção de Justin Lin, a franquia tem deixado de lado a cultura do "car porn" dos primeiros filmes em direção ao gênero de ação mais convencional, com estrutura de filme de assalto. Para quem não se importa com tuning e corridas, a franquia começa a ficar interessante. A ação é cada vez mais exagerada (as sequências de abertura e encerramento são absolutamente enlouquecidas e sem qualquer apego às leis da física) e o roteiro, mais livre, ignora bobagens como coerência (onde diabos a Equipe Toretto consegue seus equipamentos de ponta se estão falidos e escondidos?). Explicar pra quê? O que importa é que Dominic Toretto (Vin Diesel) deixou de ser um valentão criminoso para tornar-se um verdadeiro general.
Na trama, Brian (Paul Walker) e Mia (Jordana Brewster) ajudam a tirar Dom da cadeia. Para despistar as autoridades, o trio se separa, reunindo-se meses depois no Rio de Janeiro, onde surge a oportunidade de um golpe definitivo que pode garantir a boa vida da família para sempre. Os problemas, porém, acumulam-se. O agente Luke Hobbs (The Rock, montanhoso) também aterrissa na cidade. Sua missão é capturar Dom - que ao mesmo tempo vira alvo do maior criminoso do Rio de Janeiro (vivido pelo português Joaquim de Almeida) e seu exército, formado pela corrupta força policial carioca.
A solução, então, é reunir todos os antigos comparsas dos Toretto. E tome um "quem é quem" da série. Chris “Ludacris” Bridges, Tyrese Gibson, Matt Schulze, Sung Kang, Gal Gadot, Elsa Pataky, Don Omar e Tego Calderon... todo mundo retorna para o quarto filme, com seus personagens prontos para o golpe do século. A partir daí, o longa fica menos veloz e furioso e mais 11 Homens e um Segredo, com Vin Diesel encarnando um George Clooney anabolizado, trocando o terno sob medida por camisetas suadas e o jazz pelo "Melô da Popozuda".
Justin Lin é inteligente nessa busca por novidade além das fronteiras do gênero restritivo da série. O humor (mais o involuntário que o roteirizado) funciona, assim como a carga de adrenalina desejada. O aguardado (e homoerótico) confronto muscular entre Diesel e Rock diverte, e a história, ainda que cheia de trapaças narrativas, cenas grosseiras aos olhos dos brasileiros ("This is Braziu!!!") e diálogos lamentáveis, declamados com generalizada canastrice pelo elenco, surpreendentemente funciona, já que não esconde em momento algum seu objetivo principal, que é "colar" todas as cenas definidoras de gênero, no caso o da ação. Honestidade é a alma do trash.
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