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Youth | Crítica

Aos 45, Paolo Sorrentino reflete sobre a vida em filme reverente

12.09.2015, às 01H20.

A palavra "Juventude" surge sobre imagens de corpos enrugados em um spa luxuoso no início do novo longa de Paolo Sorrentino. A sugestão irônica é imediata, mas há um filme pela frente e o cineasta italiano tem muito a dizer sobre a vida antes de qualquer conclusão precipitada.

Rodado em um idílico spa nos Alpes suíços, o longa divide sua atenção entre dois amigos ali hospedados em férias.

Fred (Michael Caine) é um maestro e compositor aposentado, lembrado pelo sucesso abrangente de uma série de obras, as Canções Simples, que o perseguem. Seu melhor amigo é Mick (Harvey Keitel), um cineasta americano acompanhado de um grupo de jovens escritores que dão os retoques em seu "testamento", o filme que ele promete a si mesmo que vai encerrar sua carreira no auge.

Os dois refletem com bom humor sobre o passado, presente e futuro, sobre o mundo e suas conquistas. Enquanto isso, a filha de Fred (Rachel Weisz) tenta reecontrar-se depois de um casamento fracassado. Outros personagens povoam a multidão excêntrica do spa, entre eles um ator pesquisando seu próximo papel (Paul Dano), funcionários do hotel e um astro argentino do futebol... Suas passagens dão cor ao filme.

Fred e Mick são dois lados do que parece ser um debate interno e bem resolvido do cineasta. Seus personagens questionam a idade, a proximidade da morte e o tempo, com reverência e aceitação, ainda que cheios de saudosismo. Em Youth também não há traços da inquietação, às vezes incisiva, de filmes anteriores de Sorrentino, que mantém aqui seu trato preciso com os atores, em performances memoráveis que se alternam com o silêncio e a beleza do lugar.

Ainda que o filme tenha um desfecho ralo, ao final, a palavra " juventude" retorna à tela. Sua percepção, porem, é completamente distinta. A sutileza da mudança e a visão tranquila e respeitosa, mais cômica e menos agressiva, de Sorrentino sobre a vida dividem opiniões, mas certamente merecem a reflexão que promovem.

 

Nota do Crítico
Ótimo