Austin Butler “não consegue nem imaginar quantas horas passou” vendo vídeos de Elvis Presley para se preparar para interpretá-lo em Elvis, cinebiografia dirigida por Baz Luhrmann. “Eu mal fiz outra coisa por dois anos. Assim que eu fiquei sabendo que Baz ia fazer este filme, já comecei a assistir e pesquisar”, conta ele ao Omelete.
Como essa preparação longa e intensa aponta, Butler levou à sério a tarefa de honrar o legado do rei do rock n’ roll. “Durante o tempo todo, da preparação às filmagens e a pós-produção, eu sentia um medo terrível de falhar, uma responsabilidade enorme em relação a ele, aos fãs ao redor do mundo que o amam tanto”, admite o ator, que já disse em entrevistas que foi hospitalizado por exaustão após concluir as gravações.
Apesar de ter sentido a pressão dos muitos olhos que observariam o seu desempenho, no entanto, Butler lembra que, acima de tudo, “Elvis era um pai e um marido dedicado”. Por isso, as aprovações de Priscilla Presley, Lisa Marie Presley e Riley Keough foram as mais importantes que ele recebeu - não só nesse projeto, mas em toda a sua carreira.
“Ouvir a aprovação da família de Elvis foi tudo para mim. Eu tenho tentado articular isso entrevista após entrevista, mas não consigo dizer exatamente o que senti, porque realmente foi muito significativo”, diz ele, em palavras ecoadas pela colega de elenco Olivia DeJonge, que vive Priscilla na produção.
Austin Butler e Olivia DeJonge em cena de Elvis (Reprodução)
“Eu só consegui conversar com ela depois que terminamos as filmagens, o que me pareceu uma bênção, no fim das contas. Acho que eu ficaria um pouco assustada se a tivesse conhecido antes”, admite a atriz. Mais conhecida por papéis adolescentes em filmes como A Visita e séries como The Society, ela conta que interpreta Priscilla como uma força estabilizadora para o marido.
“Eu li muitas coisas sobre Priscilla, e fiquei ouvindo gravações da voz dela. Acho que a voz acabou se tornando um aspecto importante da forma como eu queria interpretá-la”, conta. “Ela era uma força que prendia Elvis à superfície. Ela representava um lar, uma família, um amor muito puro. Ela o mantinha equilibrado às vezes, o via por quem ele era, enquanto as outras pessoas o viam como ‘O Rei’”.
Vida demais para um filme
Austin Butler e Tom Hanks em cena de Elvis (Reprodução)
Quando perguntado o porquê de Elvis ter sido “poupado”, até agora, da mania de cinebiografias musicais de Hollywood, Austin Butler dá a entender que a vivência do rei do rock é grande demais para caber até mesmo na telona. “A sensação é que ele viveu 100 anos, mas foram só 42”, comenta.
“Acontece que, nesses 42 anos, ele esteve no cruzamento de muitas e muitas transformações culturais, especialmente nos anos 50, 60 e 70. E há tantos paralelos entre a história dele e o que vivemos agora”, continua, citando que o período de filmagens coincidiu com a pandemia de covid-19, a ascensão do movimento Black Lives Matter, e várias crises políticas nos EUA.
“Enquanto tudo isso acontecia, eu pesquisava sobre coisas que marcaram a trajetória dele: a guerra do Vietnã, o movimento de direitos civis dos negros, os assassinatos de Martin Luther King e Robert Kennedy. É fácil fazer a conexão, e emocionalmente foi muito intenso para mim”, conta. “Eu não tinha percebido, quando assinei o contrato, o quanto a história dele era oportuna para os dias atuais”.
Butler define Elvis como um filme “sobre ser verdadeiro consigo mesmo, fazer o que ama, e não deixar as outras pessoas te prenderem numa caixa”: “Nós mostramos o que aconteceu nos momentos em que ele não fez isso, não quis falar sobre o que sentia e pensava... E não são bons momentos. [...] Há muito nessa história para aprender, para se inspirar”.
Elvis chega hoje (14) aos cinemas brasileiros.