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Fake news? Por que Stanley Kubrick é acusado de dirigir o pouso da Apollo 11

Diretor de 2001 é alvo de teoria da conspiração que diz que viagem não aconteceu

20.07.2019, às 17H45.
Atualizada em 20.07.2019, ÀS 18H44

Uma pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha revelou que 26% dos brasileiros não acreditam que o homem pisou na Lua, há exatos 50 anos, em 20 de julho em 1969. Nos Estados Unidos, em uma recente pesquisa revelada pelo Ipsos, 6% dos americanos afirmaram não acreditar nas andanças de Neil Armstrong e Buzz Aldrin pelo solo lunar.

Mais um efeito dos tempos de "fake news"? Que nada! Parte dessa, digamos, desconfiança se deve a uma teoria conspiratória alimentada há cinco décadas e ligada a um dos maiores clássicos do cinema, o longa 2001 – Uma Odisseia no Espaço, lançado em 1968, por Stanley Kubrick. 

Era o período de Guerra Fria e a disputa acirrada entre Estados Unidos e União Soviética pelo domínio geopolítico do planeta envolvia também a chamada corrida espacial, em que as duas potências disputavam para ver quem conseguiria levar primeiro seus astronautas a caminhar pelo nosso satélite. Nesse contexto, alguns acreditavam que a probabilidade de esse acontecimento ser encenado poderia ser gigantesca.

Como a teoria da conspiração começou

No ano de 1964, o diretor Stanley Kubrick passou a realizar pesquisas para a produção de 2001. Em busca de realismo, ele fez consultas e reuniões com o cientista aeroespacial Frederick Ordway III, então um dos maiores especialistas em foguetes dos EUA e colaborador constante do governo.

Enquanto realizava suas pesquisas, Kubrick também desenvolveu uma técnica intitulada projeção focal, com o objetivo de gerar uma simulação bem própria de estar no espaço. Com poucos recursos financeiros no período, além da tecnologia não tão avançada nos efeitos especiais, ele realizou esse efeito com base apenas em jogo de câmera, luzes e ambientes mais fechados nos sets.

Para um dos principais defensores da teoria de que o homem jamais pisou na Lua, o autor e documentarista Jay Weidner, são justamente essas "evidências" que revelam que as cenas do pouso da Apolo 11 não passam de imagens produzidas por Kubrick num complô com o governo dos EUA.

Em seus escritos ele não descarta que de fato o homem tenha chegado à Lua, mas duvida das imagens transmitidas ao mundo pelas TVs americanas. Em tempos de câmeras com poucos recursos tecnológicos, apenas o renomado cineasta poderia conseguir realizar algo daquele jeito. 

Seus argumentos em favor da farsa incluem a alta qualidade das fotos e das gravações feitas com apuro técnico. Entre outras supostas provas, Weidner sugere que a bandeira americana tremula, o que – teoricamente – seria impossível na atmosfera lunar; sombras de outros astronautas e a ausência de marcas da terra lunar no traje espacial também seriam indícios.

O autor ainda revela que em um de seus filmes posteriores, O Iluminado, de 1980, Kubrick teria feito uma confissão de sua participação na suposta encenação por meio de diversas pistas deixadas no longa. Desde uma blusa com a imagem da Apollo 11 usada pelo filho do protagonista até o quarto proibido 237, que teria sido não só o quarto usado para gravação do falso pouso como também uma referência à distância média entre a Terra e a Lua (na verdade, ela é de cerca de 238 mil milhas).

O que diz o governo dos EUA sobre as teorias

Segundo a Nasa, a bandeira norte-americana tremula nas imagens porque o astronauta torceu o suporte onde ela está presa. Já o fato de não aparecerem estrelas nas imagens, outra suspeita levantada pelos conspiracionistas, seria devido à superfície lunar refletir a luz e provocar sombras ao fundo. 

Kubrick também sempre negou toda a história. Ele ainda revelaria que pelas diversas conversas na qual teve para buscar mais realismo para seu filme, acabou se transformando em um dos “culpados” por toda a situação. 

Após a a morte do cineasta, em 1999, sua filha, Viviane, também foi questionada sobre isso. Em 2016, ela resolveu pronunciar-se oficialmente por meio de redes sociais, dando um fim bem claro a toda essa história.

“Um artista, como meu pai, cujo grande diploma de integridade artística é evidente, cuja consciência política/social é presente em quase todos os filmes que ele já fez, cujos assuntos altamente controversos [que abordou] literalmente colocaram sua vida em risco, (...) ainda assim continuou a fazer os filmes que fez. Você não acha que ele seria a última pessoa a ajudar o governo dos Estados Unidos em tamanha traição de seu povo?!? Os trabalhos artísticos do meu pai são sua defesa incontestável!”