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Festival de Cannes | Indigesto, Happy End expõe as mazelas da Europa e entra na briga pela Palma de Ouro

Filme é a mais nova produção de Michael Haneke, de Amor e A Fita Branca

21.05.2017, às 21H49.
Atualizada em 22.05.2017, ÀS 01H05

É minúsculo o clube de diretores que têm duas Palmas de Ouro em seus currículos, mas Michael Haneke, parte dessa turma com Amor (2012) e A Fita Branca (2009), quer fundar um outro time aqui no Festival de Cannes. O time dos cineastas com três Palminhas douradas na estante. Happy End, seu novo e indigesto filme, entrou na disputa este ano para isso... e tem tudo para conseguir.

É o longa-metragem que mais eternizou cenas (todas assustadoras) nas retinas da plateia local em 2017, em especial um a imagem de Jean-Louis Trintignant, numa cadeira de rodas, decidindo seu destino em frente ao mar.

Com uma direção cirúrgica, pautada por um clima de tensão crescente, Haneke cria em Happy End a crônica da atomização da burguesia europeia, a partir de uma família de alta classe média em erosão afetiva e financeira, entre tragédias e processos judiciais. Trintignant vive o patriarca e Isabelle Huppert é sua filha.

Já no início, uma sequência sombria: uma menina filma num iPhone um jogo cruel com um hamster alimentado com comprimidos de dormir. É uma metáfora para a opressão dos pobres, que parte de um clã com a própria morte anunciada.

Se ganha a Palma aqui - onde 120 Batimentos Por Minuto e The Square são os favoritos - é cedo para saber. Mas algo Haneke leve. E com mérito.