Glenda Jackson em Mulheres Apaixonadas (Reprodução)

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Morre Glenda Jackson, atriz vencedora de dois Oscar, aos 87 anos

Fase final da vida da britânica foi dedicada à política - ela foi deputada por 23 anos

15.06.2023, às 08H33.

A atriz Glenda Jackson, que venceu estatuetas do Oscar por Mulheres Apaixonadas (1969) e Um Toque de Classe (1974) antes de se voltar para a política e servir por 23 anos como deputada do Parlamento do Reino Unido, morreu aos 87 anos.

O agente de Jackson confirmou a notícia à Variety, citando apenas que ela "sofreu de uma breve doença". A causa específica da morte não foi divulgada.

Jackson começou sua carreira no teatro britânico, ganhando notoriedade ao se juntar à Royal Shakespeare Company e aparecer em uma montagem elogiada de Marat/Sade, em 1965.

A peça foi parar nos cinemas dois anos depois, ganhando o bizarro título A Perseguição e o Assassinato de Jean-Paul Marat Desempenhados Pelos Loucos do Asilo de Charenton Sob a Direção do Marquês de Sade no Brasil, com Jackson reprisando o papel de Charlotte Corday.

Depois disso, a atriz começou a parceria que definiria sua carreira no cinema, com o diretor Ken Russell. Como a sedutora e independente Gudrun em Mulheres Apaixonadas, ela se tornou sex symbol da toda uma geração de cinéfilos, e venceu seu primeiro Oscar. O segundo veio pela comédia romântica Um Toque de Classe, coestrelada por George Segal.

Além de suas duas vitórias, Jackson foi indicada ao prêmio da Academia outras duas vezes, ambas nos anos 70: uma pelo clássico drama político Domingo Maldito (1971), e outra pela adaptação cinematográfica da peça Hedda (1975), de Henrik Ibsen.

A colaboração com Ken Russell rendeu também Delírio de Amor (1971), cinebiografia do compositor Tchaikovsky (Richard Chamberlain); O Namoradinho (1971), comédia musical coestrelada pela modelo Twiggy; A Última Dança de Salomé (1988), adaptação de Oscar Wilde; o drama de época O Despertar de Uma Mulher Apaixonada (1989), espécie de prequel do filme de 1969; e o telefilme The Secret Life of Arnold Bax (1992), outra cinebiografia musical.

Jackson não brilhou só nos cinemas, no entanto. Ela famosamente interpretou a rainha Elizabeth I, décadas antes de Cate Blanchett, na minissérie Elizabeth R (1971), que lhe rendeu dois Emmys e uma terceira indicação. A conexão dela com o papel foi tanta que o filme Mary Stuart, Rainha da Escócia (1971) a escalou novamente como Elizabeth.

Outros títulos da filmografia da britânica incluem O Espião Trapalhão (1980), com Walter MatthauAlém da Terapia (1983), comédia dirigida por Robert Altman; e, mais recentemente, o drama romântico O Domingo das Mães (2021), que marcou seu retorno aos cinemas após mais de 30 anos afastada da tela grande.

O intervalo se deve principalmente à carreira política de Jackson, que começou em 1992 com uma candidatura ao parlamento britânico pelo Labour Party (o Partido dos Trabalhadores britânico). Ela representou as regiões de Hampstead, Highgate e Killburn por 23 anos, ganhando eleição após eleição e se aposentando em 2015.

Jackson foi sub-secretária de Estado durante o governo Tony Blair, mas o criticou por conta de suas políticas educacionais e participação na Guerra do Iraque. Em 2013, na ocasião da morte de Margaret Thatcher, Jackson fez um discurso importante no parlamento, condenando o legado da ex-primeira ministra.

A atriz, que foi casada com Roy Hodges entre 1958 e 1976, deixa um filho - o consultor político Dan Hodges.