Embora
os vampiros tenham se multiplicado e modificado, vivendo em apartamentos bacanas,
dirigindo carros conversíveis e ostentando um saudável gosto por
banhos, Drácula será sempre o maior deles. E o Drácula
que estreou em 14 de fevereiro de 1931 será sempre um clássico na
interpretação de Bela Lugosi.
Os tempos eram
outros. Não se fazia necessário mostrar as vísceras de
alguém para apavorar o público. E o astro escolhido também
teria sido outro se o destino não mexesse seus pauzinhos.
Bela Lugosi, ou
Bela Ferenc Dezsõ Blaskó, da cidade de Lugos, na Hungria,
já havia interpretado Drácula no teatro durante três anos,
numa montagem de 1927. Mesmo assim, a Universal, dona dos direitos de filmagem,
queria Lon Chaney no papel. A morte do astro de O corcunda de Notre
Dame e O fantasma da ópera, vítima de câncer,
todavia, forçou a ida do papel para o último colocado da lista,
Lugosi. Nem mesmo o diretor, Tod Browning, queria o húngaro no
papel, preferindo um ator desconhecido.
O
acaso, porém, resultou num daqueles momentos no cinema em que a personagem
encontra o ator ideal. O filme, quase sem trilha sonora e com muito clima, foi
o espaço certo para a interpretação do astro húngaro.
Ele, que mal falava inglês quando chegou aos Estados Unidos, teve de aprender
os diálogos foneticamente. Daí, um dos motivos de sua pronúncia.
A falha de comunicação, no entanto, não o impediu de se
casar com uma rica viúva americana e de se separar dela, segundo consta,
por ter um caso com a estrela do cinema mudo Clara Bow.
Lugosi firmou-se
como o Drácula definitivo, e a interpretação de Dwight
Frye como Renfield tornou-se um marco, transformando o filme num
dos mais influentes da história do cinema.
O
sucesso de Drácula, seguido por Frankenstein, deu início
a todo um ciclo de filmes de terror nos anos 30. Também marcou para sempre
a carreira de Lugosi, que terminou seus dias filmando Plano 9 do espaço
sideral, com Ed Wood, conhecido como o pior diretor de todos os tempos.
A ligação dos dois foi depois explorada em 1994 por Tim Burton,
com Martin Landau no papel do húngaro. A interpretação
rendeu a Landau um Oscar, prêmio que a Academia jamais cogitou conferir
ao próprio Lugosi.
Dracula
(1931) : Dir: Tod Browning.
Com Bela Lugosi, Dwight Frye, David Manners, Helen Chandler,
Edward Van Sloan.
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