Acho que está na hora do pessoal de Hollywood deixar de lado os filmes adaptados de games. Pelo menos por um tempo, para ver se aprendem a tratar melhor o gênero ou, ao menos, fazer o público esquecer que dos consoles e PCs já saíram pérolas como Street Fighter (1994), Mortal Kombat (1995) e BloodRayne (2005). O máximo que se conseguiu extrair até agora foram longas-metragens meramente aceitáveis, como Final Fantasy (2001), Doom (2005), o primeiro Tomb Raider (2003) e a trilogia Resident Evil (2002, 2004, 2007).
Hitman
Hitman
E não é Hitman - Assassino 47 (Hitman, 2007) que vai mudar esta imagem. A trama que reúne espionagem, ação e aventura diverte e nada mais. Apesar dos temas semelhantes, o filme fica anos-luz atrás de um Bourne, por exemplo. Cheio de fórmulas recauchutadas, o roteiro tem desde a donzela em perigo até um desgastadíssimo vilão russo. Não é possível que em pleno século 21 ainda tem gente pensando nos anos da "Guerra Fria".
A história é bastante simples. Assassino de aluguel, o agente conhecido apenas pelo número 47 (Timothy Olyphant) chega com seu bem cortado terno preto, faz o serviço para o qual é contratado e parte carregando seu arsenal móvel. Seu único contato é a voz mecânica que sai do seu computador, passa as missões e se encarrega dos volumosos pagamentos. Os problemas começam quando ele é enviado para matar o atual presidente russo. Trabalho dado, trabalho feito. Exceto que algumas horas depois, o alvo aparece na TV com apenas um curativo na testa. O detalhe é que 47 não erra. E começa então um plano de eliminação do assassino, trama que envolve traições, clones, traficantes de armas e, como se pode perceber, explicações estapafúrdias.
A ação, embora bem feita, nada acrescenta ao gênero. Trata-se apenas de mais seqüências de tiros certeiros disparados pelo protagonista contra balas desperdiçadas pelos seus adversários, que sequer conseguem arranhá-lo. Entre as lutas, a melhorzinha acontece dentro de um vagão de trem e coloca 47 contra outros agentes tão bem treinados como ele, porém não tão eficientes.
Falta ao personagem uma alma. Algo que faça com que o público se importe com o seu paradeiro. Nem o apreço pela linda prostituta russa Nika (Olga Kurylenko) e suas longas pernas conseguem torná-lo mais humano. Neste ponto, méritos para Timothy Olyphant, que atua roboticamente. Sua cara petrificada e a forma de andar sem mexer os braços são reflexos da falta de sentimentos à qual foi doutrinado desde criança. Pena que nada disso foi usado de forma positiva pelo diretor francês Xavier Gens, que como um assassino de aluguel foi, filmou, recebeu seu cachê e não vai deixar saudade alguma.
Omelete entrevista: Timothy Olyphant
Assista a uma cena do filme na íntegra