O ator Alain Delon morreu neste domingo (18), aos 88 anos. Um dos maiores nomes do cinema, Delon morreu em sua casa em Douchy-Montcorbon, na França. A família do artista confirmou a morte à AFP, mas não divulgou a causa. Ele enfrentava problemas de saúde desde 2019, quando sofreu um AVC.
Delon foi o principal rosto dos filmes europeus nos anos 1960 e 1970, liderando trabalhos de cineastas de patamar elevado como Michelangelo Antonioni, Luchino Visconti e Jean-Pierre Melville. Com o último, o ator entraria de vez para a história do cinema com o trio de filmes formado por O Samurai, de 1967, O Círculo Vermelho, de 1970, e Expresso para Bordeaux, de 1972 —três obras que estabeleceram o polar, o cinema policial francês.
O artista ainda participou de obras seminais como O Eclipse, de 1962 e o fim da dita trilogia da incomunicabilidade de Antonioni; Rocco e os seus Irmãos e O Leopardo, de 1960 e 1963, os filmes mais celebrados de Visconti; e A Piscina, clássico suspense de Jacques Deray. Ele foi colaborador recorrente ainda de diretores como o italiano Valerio Zurlini e os franceses Louis Malle e René Clément.
Nascido em 1935 e filho de pais separados, Delon teve uma educação difícil —foi expulso de seis colégios diferentes— e trabalhou como militar, servindo na Indochina. A carreira como ator começou em 1957, quando tinha 22 anos e foi escalado por Yves Allégret para o filme Uma Tal Condessa a pedido da esposa, a atriz Michèle Cordue —da qual o ator era amante.
Delon despontou para o estrelato três anos depois, quando viveu Tom Ripley em O Sol por Testemunha, de Clement. Ele engrenou o sucesso com Rocco e Seus Irmãos, que venceria o prêmio especial do júri no Festival de Veneza no mesmo ano. Depois disso, o ator estamparia os cartazes dos principais títulos das bilheterias e dos festivais na década de 1960, se tornando um ícone elogiado pela beleza e o talento da atuação.
O sucesso da parceria com Melville, sobretudo com O Samurai, moldaria a carreira de Delon nos anos 1970 para o polar. No gênero, ele trabalharia com astros de porte parecido, incluindo o americano Charles Bronson —em Adeus, Amigo, de 1968— e os franceses Jean-Paul Belmondo —em Borsalino, de 1970— e Jean Gabin —em Os Sicilianos, de 1969.
Depois dessas parcerias, Delon se estabeleceu como um ícone em si, com dezenas de filmes policiais centrados em sua figura. Ele também se manteve próximo de cineastas fundamentais do gênero na França, incluindo Georges Lautner e Herni Verneuil.
Delon trabalhou como ator até 2019, quando se despediu das telas com o filme Disclaimer. Como diretor, lançou dois longas-metragens, Na Pele de um Tira em 1981 e O Lutador em 1983, além de uma colaboração fantasma na posição em Le Choc, de 1982. No mesmo ano da aposentadoria, venceu a Palma de Ouro honorária no Festival de Cannes.
O ator deixa quatro filhos, com qual manteve relação difícil nos últimos meses de vida. Alain Delon trocava acusações com as crias desde a publicação de uma entrevista em que o filho mais velho, Anthony Delon, dizia que ele estava debilitado —uma frase que virou tema de processo movido pelo pai contra os familiares. O ator também estaria atrás de um suicídio assistido por conta da condição frágil de saúde.