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Entrevista

Omelete Entrevista: Choë Moretz, a Hit-Girl de Kick-Ass: Quebrando Tudo

Atriz mirim é a única realmente capaz de chutar bundas no elenco

18.06.2010, às 18H47.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 10H06

O Omelete conversou com Chloë Moretz, a jovem revelação de Kick-Ass: Quebrando Tudo. A menina, que vive a mortífera Hit-Girl, foi encantadora do início ao fim, sem parecer adulta - algo que costuma acontecer com talentos mirins. Na entrevista ela falou sobre seu treinamento, suas habilidades adquiridas, Nicolas Cage, como é trabalhar em filmes que ela nem tem idade suficiente para assistir, fama e seus próximos projetos. Confira!

Kick-Ass

Kick-Ass

Kick-Ass

Kick-Ass

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Chloë Moretz: Olá!

Olá! Então você consegue lutar de verdade. Você é a única pessoa do elenco que realmente consegue chutar bundas.

Eu sei lutar, mas teria muito medo de fazer isso de verdade. Eu sou basicamente uma covarde na vida real.

Foi muito difícil se preparar fisicamente para este filme?

Sim, tive muito treinamento para o filme. Cerca de um mês antes de começar as filmagens, eles me colocaram num treinamento normal, com armas e tal.

[Risos] Treinamento "normal", com armas!

Sabe, como usar as armas de um jeito seguro. Como desmontar e montar de volta, limpar a arma, sabe. Ter certeza de que está sem balas, nunca puxar o gatilho, nunca fazer nada que... Basicamente, respeitar a sua arma. E depois me colocaram na ginástica, balé, treinamento físico normal. Depois, quando começamos a filmar mais, me colocaram na escola de circo de Toronto, o que foi divertido.

Então você sabe como limpar uma arma enquanto dança balé?

Exatamente! Eu adoro balé. Na verdade eu faço balé, em Los Angeles, então foi divertido.

O treinamento te deixou menos covarde?

Bom, quer dizer, eu nunca fui tão covarde assim, porque eu tenho quatro irmãos, então sempre tive que defender meu território com eles. E eu também pratico muitos esportes. Mas sim, acho que me deixou um pouco mais... Eu nunca tinha aprendido artes marciais, eu era uma garota mais do balé, mas as artes marciais e tudo mais definitivamente me deixaram mais forte, mais atlética para lutas, eu acho.

De todas as armas que você aprendeu a usar, qual a sua favorita?

O bastão e a faca foram definitivamente minhas favoritas. A faca é aquela que eu fico girando, que foi muito divertido de aprender. E o bastão gigante com as facas nas pontas foi uma loucura de aprender.

Você se machucou, em alguma cena?

Bom, você cai e torce um tornozelo, mas trabalha com isso, sabe. Meus pais são médicos, então... Quer dizer, eu jogava futebol e até no balé você torce o tornozelo ou se machuca, mas se levanta e continua. Sabe, não é nada diferente de alguém que joga futebol, ou basquete ou qualquer coisa assim.

Então só para esclarecer: sempre que sua personagem está segurando uma arma ou brincando com uma faca, no set você estava usando um objeto cênico? Todas aquelas facas eram cênicas ou eram computação gráfica?

Sim, existe uma faca real, é claro. E uma arma real. Mas elas eram modificadas, então é claro que elas não atiravam balas de verdade.

Então são objetos cênicos, não são computação gráfica?

Não, não, eram reais, eu realmente tinha uma arma na mão. E eu tinha que respeitá-la. No momento em que você não respeita algo assim, no momento em que você tira vantagem disso, no momento em que você pensa, "Ah, é só uma arma e não está atirando balas de verdade", é nesse momento em que ela vai se voltar contra você. É nesse momento que você vai atirar sem querer, é nesse momento que faz besteira e leva um tombo e a arma te acerta no olho, ou algo assim. É nesse momento que você faz besteira.

Então você não está realmente qualificada para roubar um banco, por exemplo?

Não, eu teria muito medo de fazer uma coisa assim. Se eu tivesse uma faca na mão e tivesse uma naja vindo na minha direção, ou mesmo uma cobrinha de jardim, eu sairia correndo.

Antes deste filme, você gostava de quadrinhos?

Não muito. Meu pai é muito fã de quadrinhos, sabe. Ele colecionava quando era criança, e tem uma caixa gigantesca cheia de gibis de quando ele era mais novo.

E você já era fã de algum super-herói, antes desse filme?

Sim. Eu adoro Superman e Batman. Eu gosto muito do Batman, porque ele é muito parecido com a Hit-Girl, de certa maneira. Porque, sabe, ele não tinha superpoderes. Ele tinha ferramentas muito legais, que ajudavam. Ou como o Homem de Ferro, porque ele também não tem super-poderes.

Como foi trabalhar com Nicolas Cage?

Foi incrível trabalhar com Nicolas. Só de conhecê-lo já fiquei muito nervosa, quanto mais trabalhar ao lado dele. Então, não sei... Foi meio incrível vê-lo se transformar de Nicolas Cage em um personagem que era de tirar o fôlego. Quando você o assiste, no cinema, você se pergunta de onde ele tirou aquilo. E ele é muito viciado em quadrinhos, então ele partiu um pouco de Adam West. Então trabalhar com ele simplesmente fez a minha atuação melhorar, me fez ser uma atriz melhor.

A referência ao Adam West foi uma coisa que você entendeu de primeira?

Na verdade, minha mãe me contou. Ela disse "Ai meu Deus, ele está fazendo aquela coisa do Adam West". E eu disse, "O que?". E aí fui procurar no YouTube, hahahahaha. E minha mãe disse que costumava ver muito os filmes com Adam West. Então, quando assisti no YouTube, eu falei, "Ele totalmente está fazendo isso!". Mas ele com certeza deu um viés incrível para o papel do Damon-Big Daddy.

Qual foi sua cena favorita ao filmar e ao assistir o filme?

A cena que mais gostei de fazer é com Nicolas Cage, em que ela tira a máscara dele, depois do incêndio. Sempre que você vê Mindy e Hit-Girl, vê que elas são duas pessoas completamente diferentes. Quando ela coloca aquela peruca, ela vira uma justiceira vigilante que luta contra o crime. E aí quando ela vê o pai daquele jeito... Porque sempre que você vê Damon como Big Daddy, ele se torna o Big Daddy. Mas essa cena é quando você vê o Big Daddy se transformar em Damon e quando você vê a Hit-Girl se transformar em Mindy MacCready. Em pequenos pontos do filme eu meio que - eu tento pelo menos -, fazer a Mindy transparecer na Hit-Girl, um pouquinho. Porque sempre que eu sou a Hit-Girl, eu tenho uma cara forte e olhos fortes, sou muito durona. Mas na cena em que você vê a Hit-Girl virar Mindy, você vê ela virar uma garotinha. E ela percebe não está mais fazendo um gibi e que isso é a vida real. Não é uma situação em que "Ah, se eu levar um tiro, vou só levantar e continuar". Se eu levar um tiro, eu vou morrer.

Fale um pouco sobre a cena da chacina no apartamento. Como foi filmá-la?

Eu fiquei durante dois ou três meses treinando artes marciais e durante as filmagens eu ainda treinei bastante. Confesso que eu não poderia fazer nada do que vocês viram sem o treinamento. Nós filmamos cada cena por sessão: sessões comigo, sessões com meus oponentes e assim por diante. Então geralmente temos três unidades sendo filmadas ao mesmo tempo, a principal, a secundária e a outra. É algo maluco, mas muito divertido. Uma grande experiência.

Você fez as cenas penduradas por cabos?

Sim, fiz muito isso no filme. Era muito divertido, porque é um exercício que maximiza a força de seus músculos.

Foi difícil convencer seus pais a deixarem você fazer o papel?

Meus pais me apoiaram 100%. Minha mãe sempre lê os roteiros do que eu quero fazer. Um mês antes de Kick-Ass, eu falei para minha mãe: "eu quero um papel, como o da Angelina Jolie em O Procurado" (risos). Aí apareceu a oportunidade de fazer Kick-Ass... Minha mãe veio correndo me dizendo, “Cloe, você precisa ler, é insano, é exatamente o que você quer”. Eu li, as vezes eu não leio porque posso me decepcionar se não conseguir o papel, mas eu li e pensei “Eu tenho que ser a Hitgirl!”. Quando percebi, eu tinha o papel e fiquei extremamente empolgada! Você tinha que ver, eu enlouqueci. Era o papel que eu sempre quis fazer, a mulher no poder... Um papel fantástico!

Eu comparo a Hitgirl com a Noiva em Kill Bill...

Isso! Exatamente como em Kill Bill!

Você assistiu?

Eu assisti Kill Bill para Kick-Ass (risos).

Nesse filme você usa muitas palavras inapropriadas para a sua idade. O que os seus pais acham disso?

Minha mãe lê todos os roteiros antes mesmo de eu fazer o teste. Quando ela leu, ela sabia que era um papel muito desafiador que ajudaria minhas habilidades de atuação, um papel que era muito interessante.

Mas você ficou confortável com todos os palavrões?

Bom, é uma parte do papel. Não é Chloë dizendo aquilo, e sim Mindy MacCready. Sabe, não tem problema para mim porque é um papel, é uma personagem. Não é a Chloë, de maneira alguma. Se eu fizesse aquilo de verdade, meus pais me matariam! Eu ficaria de castigo até, sei lá, ter uns 90 anos.

Quem são as atrizes que você mais admira? Porque temos muitos casos de atrizes que começaram muito novas, como Jodie Foster e Natalie Portman. Então, quem são as atrizes que servem de modelo para você?

Essas duas que você citou, na verdade. Meus ídolos são Natalie Portman e Jodie Foster, porque elas foram jovens mulheres muito inteligentes, que conseguiram lidar com esse ramo e ainda assim fazer uma faculdade. E, sabe, ser inteligente e ajudar o mundo, fazer mais que entreter. É isso que eu quero fazer. Eu quero poder ir para a faculdade, porque estudar é minha principal prioridade, acima de tudo.

Como você combina seus estudos com o trabalho?

É muito difícil, porque eu estudo em casa, e meu programa é muito rigoroso. Tenho que fazer redações todos os dias. Mas agora, graças a Deus, é a semana do saco cheio. Mas é difícil porque sempre que eu estou no set, estou treinando para ser a Hit-Girl, estou ensaiando para fazer este filme, e mesmo quando estou cansada tenho que voltar para casa e estudar. Tenho que fazer minha tarefa de casa e escrever uma redação e isso é muito difícil para mim. Mas eu sei que a educação é minha prioridade. E minha mãe sempre diz que se eu não levar meus estudos a sério e ficar convencida, ela vai me tirar da indústria imediatamente.

Você acha que esse é o início da sua carreira? Quer dizer, você tem certeza de que gostaria de ser uma atriz no futuro ou isso é meio que uma brincadeira para você?

Bom, eu definitivamente quero ser atriz para o resto da minha vida. Com certeza. E eu espero que isso aconteça, mas se não for desse jeito, de não der certo, eu quero ser uma piloto.

Quando você percebeu que queria ser atriz?

Bom, meu irmão foi aceito em um colegial profissionalizante de artes performáticas, e ele é meu professor de atuação também. Ele sempre trazia os textos para casa e eu ensaiava os personagens com ele. Toda vez que ele trazia os textos, eu pegava na hora e começava a ler, por diversão. Aí eu dizia para ele "Vamos fazer essa cena!". E eu passava a cena com ele, e ainda era uma criancinha de 6 anos ensaiando textos muito maduros com meu irmão, então foi o que me fez começar. Ele tem sido meu professor desde que tinha 16 anos, e foi assim que decidi que queria ser atriz. Nós mudamos para LA por causa do consultório de cirurgia do meu pai, e meio que deu certo.

Quantos anos seu irmão tem hoje?

Ele tem 23 anos.

Você diria que acabou de começar sua carreira e já é melhor que seu irmão?

Bom, não. Ele é meu professor de atuação. Se não fosse por ele e pela minha mãe, que o deixou ir para Nova York estudar, não sei onde eu estaria. Eu devo tudo ao meu irmão e à minha mãe. É definitivamente uma colaboração da minha família inteira.

E a parte de imprensa, as entrevistas, você gosta de tudo isso?

É muito divertido para mim. Eu tenho 13 anos e a oportunidade de viajar para Londres para fazer um filme durante 6 meses e depois posso voltar e fazer entrevistas. É incrível. A maior parte dos meus amigos nunca nem foram a Londres ainda, e eu posso fazer isso. Todos os meus amigos não são da indústria e eles pensam em mim como Chloë Moretz, não como Chloë, a atriz. Eles pensam em mim apenas como uma garota normal, que é o que eu sou.

Mas agora você será muito mais famosa. Quando esse filme estrear, você será muito mais reconhecida internacionalmente. Isso te assusta?

Se eu pudesse ser uma atriz sem a fama, eu ia adorar. A fama vem junto, mas eu definitivamente vou tentar me manter fora do radar, e manter a minha vida privada e essa vida separadas.

Você está no remake de Deixe Ela Entrar. Como foi fazer esse filme, foi difícil?

Foi incrível. Eu faço o papel de Abby, filmamos no Novo México e foi muito divertido. Richard Jenkins e Kodi Smit-McPhee estão no elenco. Foi um filme incrível de fazer, porque o original é arrebatador. Eu só assisti algumas cenas, mas é tão silencioso, é quase assombroso, porque ele fica na sua cabeça e você fica pensando nele. É mais ou menos isso que estamos tentando fazer em Let Me In, sabe. Matt Reeves, Kodi e eu estamos tentando trazer nosso próprio toque para o filme, mas ainda manter esse silêncio e mistério do filme.

O filme foi atenuado para o mercado americano?

Eu diria que é bem parecido com o original, mas não posso dizer isso com toda a certeza.

Você sabe qual será a censura?

Ainda não sei, mas vou começar a turnê de imprensa para isso em breve.

Você disse que só assistiu algumas partes do filme, isso é porque o filme é muito pesado?

Sim, não me deixaram ver o filme inteiro porque é censura 18 anos e meus pais não deixam. Claro que Kick-Ass também, já que tem censura 18 anos nos Estados Unidos eu nunca poderia assistir o filme, se eu não tivesse atuado nele.

Você mencionou que não pôde assistir Deixe Ela Entrar, mas você assistiu Kill Bill.

Sim, porque eu tinha que fazer pesquisa para a Hit-Girl. E sabe, quando você assiste Kill Bill, você sabe que ela obviamente não está matando pessoas, porque o sangue respinga, aí para por um segundo, e depois volta a respingar. E sai como se saísse de pequenos buraquinhos, então foi feito para parecer meio falso e ridículo. E foi por isso que me deixaram assistir, porque não parecia real. Sabe, às vezes eles não me deixam assistir filmes em que parece que alguém está mesmo sendo assassinado, ou se machucando de verdade. E ali não parecia de verdade.

Você gostaria de fazer filmes para pessoas da sua idade?

Bom, sim. Eu acabei de fechar um filme com Martin Scorsese que se chama The Invention of Hugo Cabret, que é um filme de fantasia para crianças. Eu tento diversificar a minha carreira, indo de Kick-Ass para Diário de um Banana, para 500 Dias com Ela, para Let Me In. Tento fazer papéis muito diferentes, então posso adicionar um filme de criança aqui e ali e depois fazer um filme muito adulto.

Você poderia falar um pouco sobre Diário de um Banana e sobre o sua personagem?

Sim, eu faço a Angie, é uma personagem nova que não está nos livros originais. É uma personagem muito legal. Foi muito divertido, gostei de trabalhar com Thor [Freudenthal], o diretor, e todas as outras crianças. Foi muito engraçado, porque eu estou acostumada a ser a mais nova no set, e eu era a atriz mais velha no set, o que foi incrível.

A adaptação ao cinema da HQ de Mark Millar e John Romita Jr. narra a história de um adolescente normal, Dave Lizewski (Aaron Johnson), que decide adotar o codinome Kick-Ass, vestir uma fantasia de super-herói, empunhar bastões e combater o crime.

Leia mais entrevistas e a crítica no Especial Kick-Ass - Quebrando Tudo

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