Ao contrário da maioria das pessoas, passei a noite da última sexta-feira trabalhando. A convite da Disney Pictures do Brasil tive a chance de conversar por telefone com Dwayne Johnson, o "The Rock".
Montanha Enfeitiçada
Montanha Enfeitiçada
Montanha Enfeitiçada
Montanha Enfeitiçada
Extremamente atencioso, e me chamando pelo nome várias vezes, o ex-campeão mundial de luta-livre falou sobre seu novo filme, A Montanha Enfeitiçada (Race to Witch Mountain), refilmagem do clássico Disney de 1975, que por sua vez é inspirado no livro de Alexander Key. Essa é a segunda vez que ele trabalha com o cineasta Andy Fickman, que o dirigiu em Treinando o Papai.
A entrevista foi além do projeto e deu para falar um pouco também de outros filmes, como a continuação de Agente 86, o fracasso comercial de Southland Tales, como está o filme do Shazam! e até o que ele achou do elogiado O Lutador, em que Mickey Rourke interpreta um astro de luta-livre em fim de carreira.
Para começar, um pouco de política... ou quase isso:
Eu já estava perdendo as esperanças.
Dwayne Johnson: Não perca a esperança. Nunca! Veja aí o Barack Obama.
O que você espera para este novo começo?
Eu espero uma ótima liderança. São tempos maravilhosos para o país, uma ótima oportunidade para seu cabinete e suas equipes. Tive a oportunidade de falar com ele pelo telefone e conhecê-lo um pouco. Ele é uma pessoa incrível. Estou esperançoso quanto a esses próximos anos, e todos os desafios que vêm por aí.
Todos nós estamos cheios de esperança. Acho que digo isso em nome de todo mundo.
Sim. Claro!
Para começar a falar do filme, tenho uma pergunta: na vida real, você anda de táxi?
[risos] Muito raramente eu pego táxi. Só em Nova York.
Fiz essa pergunta porque seu personagem no filme é um taxista que quase não fala com os passageiros, então eu queria saber como você é quando está sentado lá atrás.
Acho que sou um cara normal. Tento contar alguma piada. Tudo o que eu quero é chegar ao meu destino. O personagem é um taxista, mas às vezes, Marcelo, têm esses motoristas que querem conversar, ser seus amigos. Eu não ando muito de táxi, mas ando bastante de carros com motoristas, como limusines, e eles sempre tentam engatar uma conversa. Eu posso responder uma ou duas perguntas, mas depois disso, eu geralmente prefiro o silêncio [risos]. Tem muitos motoristas de táxi que são assim também e meu personagem no filme é o contrário disso. A única coisa que ele quer saber é "para onde você quer ir?". Ele não tem essa necessidade de conversar.
Esse é o tipo de motorista que você queria ter dirigindo seus carros, né?
Eu adoro conhecer pessoas, conversar, mas tem vezes eu não estou a fim de conversar.
Não deve ser fácil, porque todo mundo o vê como esse cara divertido.
Sim, claro. E eu entendo isso e, tendo isso em vista, sempre converso com as pessoas, mas às vezes o papo parece não ter fim. Isso sem contar que na maioria das vezes que eu subo no carro é depois de um longo dia de trabalho e, às vezes, o silêncio é de ouro. [risos]
Você pode falar um pouco como foi voltar a trabalhar com Andy [que o dirigiu em Treinando o Papai].
Foi ótimo voltar a trabalhar com Andy. Adorei a primeira vez. Nós nos tornamos bons amigos. Ele é do tipo de diretor colaborativo. É clichê falar esse tipo de coisas sobre os diretores - você já deve ter ouvido isso várias vezes -, mas eu nunca trabalhei com um cara que desse tanto espaço para as idéias dos outros. Isso só acontece porque ele é muito seguro da sua visão do filme e adora idéias. Quer saber, o que eu mais gosto do Andy é que ele é um cara feliz. E isso aparece nos seus filmes. Nós criamos essa ligação entre nós e estamos desenvolvendo outros projetos juntos. Faria mais dez filmes com ele fácil.
Já tem um terceiro filme em andamento?
Sim. Nós estamos desenvolvendo alguns filmes divertidos e algumas fitas de ação e aventura. Tudo isso vai começar a aparecer no horizonte a qualquer momento.
Você vai estar no filme de zumbis [a refilmagem de I Walked With a Zombie] que ele está desenvolvendo?
Não, não. não. [risos] A menos que... bom, eu não descartaria essa possibilidade. Mas o que estamos desenvolvendo é diferente. Muitas vezes, quando leio roteiros e idéias, eu vejo outros atores que se encaixariam naqueles papéis melhor do que eu. Mas nunca se sabe.
Você veio da WWE e fez a transição para o cinema primeiro com os filmes de ação e mais recentemente tem feito muitos filmes família. Essa mudança foi pensada, como rolou?
Para mim, o objetivo era trabalhar com bons roteiros e no máximo de gêneros possíveis. De ação à comédia, do drama aos filmes de ação/aventura. Eu gosto de fazer filmes que têm apelo ao grande público. Essa parceria que eu tenho com a Disney me possibilita interpretar personagens que qualquer um da família pode se relacionar. Mas eu também gosto quando faço um personagem coadjuvante, como fiz em Agente 86, Be Cool - O outro nome do jogo e Southland Tales. Eu estou sempre estou procurando filmes que falem para o grande público e façam as pessoas darem risada.
Por falar no filme Agente 86, o Agente 23 está mesmo morto?
[risos] Er... Na verdade... não. Se acontecer um segundo Agente 86, há uma grande possibilidade que o Agente 23 retorne.
Obrigado! Era isso o que eu queria ouvir. E falando de outro projeto com Peter Segal, como está Shazam!?
Está indo bem. Estamos esperando o rascunho chegar em nossas mãos. Não tenho muita certeza como estão as coisas agora porque faz uns dois meses que não falo com o Pete sobre isso. Sabe, tá aí um personagem que eu adoraria viver. Não o Shazam!, mas o Adão Negro. Estou muito empolgado. Como acontece com muitos roteiros de Hollywood, vai dar muitas voltas e tenho certeza de que vai voltar pra gente e tenho certeza que as coisas vão se encaixar perfeitamente e nós vamos fazê-lo.
Eu ainda não vi O Lutador, mas pelo seu passado como lutador, eu tenho de perguntar se você já viu o filme e, caso positivo, o que achou.
Eu vi e espero que você também veja muito em breve. Adorei o filme. Ele me tocou mesmo. É algo incrível com uma atuação sensacional e que me pegou de jeito porque eu conheço aquele cara. Caras como aquele estão na minha família. E além disso, foi meu tio que treinou Mickey Rourke para esse filme. E ele me disse logo no começo que estava impressionado com o trabalho do Mickey e o seu esforço para se tornar aquele personagem. Estou muito feliz por Mickey e Darren Aronofsky pelo Globo de Ouro e toda a atenção que eles estão conseguindo. Você vai adorar o filme.
Vamos mudar de um dos melhores diretores do momento, Darren Aronofsky, para outro que eu gosto muito, que é Richard Kelly. Como foi trabalhar com ele e por que você acha que o filme [Southland Tales] não foi bem comercialmente?
Trabalhar com Richard foi ótimo. Ele te desafia, procura algo diferente em você. Ele é um cara brilhante e muito criativo e há um enorme futuro para ele como diretor. E acho que Southland Tales não achou seu público e foi confuso para muita gente. Acho que o sucesso vai bater à porta do Richard assim como o sucesso comercial. Ele é único na forma como ele pensa [risos]. Adoraria voltar a trabalhar com ele.
E por falar em gênios, você trabalhou com Stephen Merchant [parceiro de Rick Gervais em The Office e Extras] em The Tooth Fairies. Existe hoje alguém mais engraçado do que ele na Terra?
Taí outro cara que é muito engraçado e criativo. Para mim, olhar para ele já é engraçado. Nós dois juntos ficou divertidíssimo porque somos o oposto. Eu gosto muito dessas pessoas que fazem tudo pela piada e ele está nesse time. E é um cara tecnicamente muito engraçado. Não vejo a hora de mostrar esse filme para as pessoas.
Nós vimos agora no último Globo de Ouro os britânicos fazendo a rapa nos prêmios. O que é que esses caras estão trazendo de tão diferente para o cinema hoje?
Não há motivos para surpresa. Na minha opinião, o que os faz se destacar é a matéria-prima. Você está falando de ótimos atores, diretores e roteiros. É tudo isso junto. E muitos dos atores ingleses recebem treinamento clássico. Em Montanha Encantada nós temos Ciarán Hinds, que é um ator incrível.
A última pergunta. Eu estava na Comic-Con 2008 e fui ao painel em que você participou. Eram mais de 6 mil pessoas na sala e você roubou a cena. Aquilo foi uma surpresa para você, ver tanta gente?
[risos] Eu sabia que ia muita gente, mas fiquei surpreso com o tanto de gente que foi ver o nosso painel e assistir àquela prévia do que tínhamos pronto na época. São 200 mil pessoas passando por lá, né? Tem muita gente que adora tudo aquilo que é mostrado por lá. E respondendo à sua pergunta, Marcelo, eu adoro aquilo! Eu vim desse mundo. Nós estávamos falando de atores que receberam treinamento clássico... eu não tive nada disso. Minha escola de atuação foi ali com a platéia, com 20, 30 mil pessoas olhando para mim. Por isso, para mim, a Comic-Con foi só alegria. Toda a interação com os fãs... Eu adoooro aquilo. Foi demais.
Muito obrigado pelo seu tempo. Espero que possamos nos ver na Comic-Con ou aqui no Brasil na próxima vez.
Espero que sim. O prazer foi todo meu.
Montanha Enfeitiçada tem estreia no Brasil prevista para 3 de abril.