Anjos da Noite: A Rebelião, terceiro filme da série Underworld, mostra o surgimento e a ascensão da raça dos lycans, os lobisomens rivais dos vampiros. Na trama, o foco é a disputa medieval entre Lucian (Michael Sheen), emergente líder dos lycans, contra Viktor (Bill Nighy), cruel rei vampiro escravista. No meio da briga está Sonja (Rhona Mitra), filha de Viktor e amor secreto de Lucian.
Anjos da Noite 3
Anjos da Noite 3
Kevin Grevioux é ator da série, roteirista e um de seus co-criadores. Para este filme, porém, limitou-se a viver outra vez o truculento lycan Raze. Conversamos com ele durante a Comic-Con 2008 sobre o filme, seus projetos com a Marvel Comics e mais. Confira abaixo como foi o papo.
O que temos de novo em termos de combate estiloso em Anjos da Noite 3?
Desta vez, ao invés de carregarmos armas de fogo eu ando por aí com um machado, ahahahahaha. E também há muita luta mano-a-mano. Este filme é muito mais físico que os outros, não tem tecnologia pra auxiliar na guerra.
E o tom sobrenatural, continua?
Sim e não. Se pensarmos em meu personagem especificamente, ele começa como humano e só depois se transforma. O mundo dos lycans é novo pra ele e mesmo o físico é ligeiramente alterado antes e depois da transformação. Raze é uma espécie de macho alfa no mundo dos lobisomens e sempre pensa em como lidar fisicamente com seus problemas. Não que ele não raciocine, mas o cenário deste filme é tão primitivo que toda a argumentação fica em segundo plano. Foi interessante ter esse novo ponto-de-vista.
O tom medieval não é apenas no visual então.
Nem um pouco. É o início da saga. Para alguns personagens já é o mundo em que eles vivem. Para outros é algo novo. Para Raze é o segundo caso. Ele começa humano e tudo o que sabe de lycans e vampiros ouviu como lendas sussurradas. Ele é escravo dos vampiros, que usam lycans como guardiões.
Se você não viu os dois primeiros filmes pode ver este?
Acho que sim. Os dois outros eram muito ligados - este funciona bem sozinho, apesar de ser parte de uma história maior.
Você criou a história do primeiro filme, mas não se envolveu no segundo. E neste?
Novamente, não participei do roteiro de Anjos da Noite 3. Eles chamaram outros quatro roteiristas para cuidar do texto. Mas parte da história de origem dos vampiros e lobisomens e sua guerra fui eu que criei.
Mas você criou o primeiro... não fica uma sensação de que esse é seu filho? Que você deveria escrevê-lo também?
Em alguns aspectos, sim, mas isto é Hollywood. Você tem que se acostumar com as mudanças e que todo filme é um grande processo colaborativo. Não é possível trabalhar em Hollywood se você não entender isso. Eu trabalhei no primeiro, trouxe minhas idéias a ele e elas foram complementadas por outros. E sabe? Eles a tornaram melhor. Anjos da Noite é uma idéia que eu já tinha há uns dez anos antes do primeiro ficar pronto - mas sozinho eu jamais o teria feito. Cinema é uma mídia que exige colaboração.
Você tem outros projetos como este em desenvolvimento?
Eu estou trabalhando para a indústria dos quadrinhos agora. Tenho um projeto na Marvel Comics, os Novos Guerreiros, e estou desenvolvendo minha própria linha de quadrinhos autorais. Tenho alguns outros roteiros em desenvolvimento também. Tenho um gibi de zumbis que acabei de escrever cujos direitos foram comprados para virar filme. Vamos ver qual sai primeiro...
E como está sendo o trabalho com a Marvel?
A Marvel é ótima. Joe Quesada é ótimo. Foi ele que me chamou pra trabalhar lá. Tenho algumas idéias circulando lá dentro. Além de Novos Guerreiros, um dos títulos que criei foi Adam - Legend of the Blue Marvel e escrevi também uns números de Homem-Aranha. É muito divertido.
Você sempre escreve papéis em seus filmes pra você mesmo interpretar?
Sim. Como ator, seria bobagem se não fizesse. Meu tipo físico é muito específico. Não há muitos papéis pra mim. Acredite se quiser, mas eu tive um pequeno papel no filme Congo e suei pra consegui-lo porque os produtores me diziam "você não parece africano suficiente". Caramba, eu sou negro... ahahahahaha. Ok, até entendi o que eles quiseram dizer, mas percebi que eu tinha que fazer alguma coisa. Como sei escrever, por que não criar meus próprios papéis?
Fale um pouco do seu filme de zumbis.
Se chama ZMD - Zombies of Mass Destruction (Zumbis de Destruição em Massa). Minha idéia para o gênero é a utilização de zumbis como armas pelo exército. O governo emprega esses mortos-vivos para invadir zonas muito perigosas. Imagine Falcão Negro em Perigo com zumbis. Você sobrevoa a região problemática e despeja de bombardeiros os zumbis em invólucros protetores. Eles chegam lá embaixo, fazem uma verdadeira chacina e todos viram zumbis. Mas o governo os controla através de um gatilho genético: eles foram transformados em fotossensíveis. Exponha um zumbi à luz do dia e ele se dissolve. Então basta esperar o dia raiar para entrar na região. Mas o que acontece quando um zumbi não se dissolve e chega a uma região povoada e começa a fazer mais como ele? É meio Madrugada dos Mortos misturado com Apocalypse Now. Ehehehehehe. Meu personagem nele é o líder das forças especiais enviadas para proteger um cientista que tem a missão de encontrar o zumbi e controlar a epidemia.
Como roteirista e fã de quadrinhos, o que você acha da caracterização dos super-heróis negros no cinema? Por que não há mais deles?
Você tem que entender uma coisa... Não são todos os personagens legais de quadrinhos que dariam bons filmes. Só recentemente a tecnologia chegou ao ponto necessário para que se produzissem bons filmes de quadrinhos. Já com os personagens negros, o problema é muito maior. Como fazer um Luke Cage decente? Um rapper superpoderoso? Ficaria horrível. Meio vergonhoso. Melhor seria fazer um filme do Pantera Negra, mas ele é pouco conhecido. Financeiramente é um risco que ninguém quer correr. Mas veremos... as coisas estão mudando.
Você discutiu seu projeto zumbi com Bill Nighy, ex-zumbi e seu colega em Anjos da Noite?
Eu não sabia disso!
Ele foi um zumbi em Todo Mundo Quase Morto.
Eu não sabia! Ahahahahaha. Não conversei com ele a respeito. OK, interessante.
Entre atuar e escrever, qual você prefere?
Escrever! Como ator eu tenho que ficar esperando ser contratado por alguém. O ofício de escritor é proativo. Posso criar meus próprios mundos - e consigo escrever todos os dias.