Steve Weintraub, editor de nosso site parceiro Collider, conversou com o Matt Damon sobre seu filme, Zona Verde (Green Zone), em que trabalha mais uma vez com o cineasta Paul Greengrass (A Supremacia Bourne, O Ultimato Bourne). Damon protagoniza o longa interpretando um inspetor de bombas na capital iraquina.
Zona Verde
Zona Verde
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Confira abaixo como foi o longo bate-papo:
Qual a relevância desta história em 2010?
Bom, provavelmente depende da sua perspectiva. Eu acho que é extremamente relevante. Acho que a última coisa que digo para o personagem do Greg Kinnear, sobre os motivos porque nós vamos para a guerra realmente importam, acho que isso é extremamente relevante - e não de um ponto de vista partidário, nem nada. Eu acho que isso é um sentimento que as pessoas compartilham e que, não importa o que você acredite, isso realmente importa. A questão central do filme é uma coisa que acho que todos nós perguntamos. Nossa ideia era ter um personagem que era um bom soldado, que foi até lá pensando que ia encontrar alguma coisa e, quando chegou lá, não encontrou nada. E então fez a pergunta "Por quê"? O que eu acho que é meio que a mesma coisa que aconteceu com todos nós. Nos disseram que ia acontecer uma coisa e ela não aconteceu. Perguntamos, "Como fomos parar numa guerra no Iraque? Ah, tá, as armas", "Bom, o que aconteceu com isso? Onde estavam as armas?". Sabe, eu acho que essas questões são meio que fundamentais.
Em relação às sequências de eventos mais importantes do filme, quais partes da história você acha que são verdade?
Quais? Não havia armas de destruição em massa no Iraque. [risadas] É a verdade. Muitas pessoas foram até lá achando que havia. Isso é verdade, também. Ninguém nunca realmente explicou o que diabos aconteceu. Isso é verdade também. [risadas] Mas essas são as questões centrais, eu acho. Quero dizer, o que nós temos no filme é um cara fazendo um jogo de enganação, um cara que na verdade inventou uma fonte, certo? Essa parte não é baseada em nada, é obviamente uma coisa que precisamos para que a arquitetura de um thriller funcione, precisamos que essa suspeita se tensione entre alguns personagens... Então essas coisas são, obviamente, ficção.
Mas a questão central das armas de destruição em massa são, bom, quer dizer, você sabe, obviamente da verdade. No filme nós temos as equipes de exploração móvel, eu sou da equipe Delta. Monty, o cara que inspirou meu personagem, realmente liderou a equipe Alpha e ele me contou que ajudou a formar as equipes e contou que ele estava competindo com os outros líderes de equipe, para ser o primeiro cara a aparecer na CNN segurando as armas. No filme, a primeira sequência em Diwaniya, eu pergunto "De onde veio essa informação? Isso é da ONU?", porque já era a quarta vez, então é claro que aquilo que já tinha acontecido antes. Monty, na verdade, me contou que a primeira missão dele era investigar uma fábrica de porcelana que estava listada como local de uso duplo, que na verdade deveria estar acobertando as armas. E ele entrou lá e não encontrou nada, então disse "Isso tudo é besteira".
Na primeira missão?
Ele disse que havia algo terrivelmente errado, porque não havia jeito de que uma pessoa racional poderia entrar naquele lugar e achar que estavam fabricando lá outra coisa além de porcelana, porque era tudo que aquele lugar comportava. Então temos um cara que está na ponta do processo, procurando as armas, e a cada missão ele diz "De onde veio essa informação? É a mesma fonte da outra vez, porque não encontramos nada. Ficam nos dizendo que vamos econtrar algo nessas fábricas, mas não há nada nesses lugares. Então o que está rolando?".
Qual foi a ajuda do Monty, especificamente? Com que tipo de informação ele contribuiu?
Em tudo. Das coisas mais específicas, como detalhes sobre como ele amarrava os sapatos - literalmente - até operações específicas, coisas sobre o que eles faziam, como algumas coisas funcionavam, e o que deveria ser dito nessa situação. É baseado no Monty, mas não é o que aconteceu com ele. Isso aqui é um thriller de ação. Mas nós montamos essas situações e as respostas dele me chocavam um pouco. Foi muito... interessante.
Tínhamos uma cena que não entrou na versão final do filme, em que levávamos o corpo de volta para a casa que vasculhamos, levamos o corpo de volta para a esposa dele. A maneira hollywoodiana de conceber essa cena seria transformá-la em uma sequência de choradeira - seu marido morreu e eu não pude impedir, certo? Eu perguntei ao Monty o que ele diria para a esposa, e ele disse que basicamente eu estava fazendo um favor de devolver o corpo, para que ela pudesse enterrar dentro de 24 horas. E ela precisa decidir nesse momento se ela vai ou não te dar a informação que você precisa, para que você possa enviá-la em segurança até a Jordânia. A questão é: você está numa guerra e esse cara era o inimigo. Precisava dizer para ela "Sim, ele morreu e isso é ruim, muito ruim, mas você precisa tomar uma decisão agora. Esse lugar não será bom para você, as coisas não serão tranquilas aqui. Você é a esposa de um membro do alto escalão do partido Ba'ath, que agora está morto e você não tem mais ninguém para te proteger". Então é uma aborgagem muito tática, uma racionalidade de qual vantagem eu consigo tirar da situação em que estou, para ajudar a vencer essa guerra. Essa é a maneira como eles pensam.
Você acha que existe o risco de alguém menos informado assistir esse filme e tirar conclusões com base em algumas coisas, que eram só parte da trama? Porque eu acho que é um ótimo filme, mas eu compreendo que é entretenimento.
Certo, é entretenimento, mas meio que baseado no mundo real. O que nós tentamos fazer foi algo como o mundo dos filmes da franquia Bourne, que é uma coisa exagerada. Bourne é quase um super-herói, então queríamos ver se conseguíamos dar esse passo mais adiante, para dentro do mundo real. Trazer a estética Bourne, mas com outro pano de fundo. Quando lemos o livro Imperial Life in the Emerald City, do Rajiv [Chandrasekaran], que é ótimo, encontramos o cenário perfeito. Aquela Zona Verde surreal, com toda essa coisa de conspiração, intriga, paranóia e tudo isso - porque todos foram até lá para, sabe, construir a cidade brilhante em cima da colina.
Porque era um lugar meio surreal, onde eles tinham Pizza Hut e mais um monte de coisas, mas estão desconectados de tudo que está acontecendo. Então foi muito fértil. Começamos com a questão das armas, que é o motivo que nos levou até lá. Então você começa com um cara que é verdadeiramente um bom soldado, que acredita que as armas estão lá e você o vê encontrando nada. Então a próxima pergunta lógica é "Ok, mas então o que está acontecendo? Por que as armas não estão aqui?". Essa busca então leva ele para esse mundo da Zona Verde onde, de repende, os motivos dele são muito pequenos. Ele foi até lá para vencer a guerra, salvar vidas, ele tem motivos nobres mas acaba percebendo que está num mundo muito complicado, com interesses muito poderosos, que competem entre si. E ele está no meio disso. Então essa é meio que a arquitetura clásssica de um thriller. E foi isso que tentamos fazer: um grande thriller de ação, que falasse sobre nosso mundo hoje.
Por que você escolhe esse tipo de filmes? Olhando seu currículo, você fez Syriana, O Desinformante - ambos lidam com eventos reais ou históricos, mas parcialmente ficcionalizados. Essas são as coisas que te interessam, você sente que quer contar essas histórias?
Sim. Não tenho muito uma estratégia maior. Sabe, eu leio o roteiro-
Porque existe uma linha muito consistente através de todo seu trabalho, especialmente os mais recentes.
Talvez. Mas eu também acho que, recentemente, Hollywood tem se interessado mais nos acontecimentos atuais. Parece que temos mais filmes do tipo Syriana hoje. E essas coisas parecem uma reação ao mundo em que nos encontramos hoje. E, bom, eu acho que provavelmente é muito difícil fazer tantos filmes quanto eu faço e não ter alguns que sejam sobre a atualidade, sabe? [risos]
Os outros atores falaram sobre como a história mudou organicamente durante as filmagens e como até a história do personagem deles mudou. Existia um final diferente para o seu personagem?
Bom, conversamos sobre qual seria o final adequado e sempre achamos que ele deveria terminar ao lado dos outros caras. Mas o que fica subentendido sobre o que vai acontecer é que ele vai lutar na guerra agora. Porque não existe mais Equipe de Exploração Móvel, sabe? Ele vai ser enviado de volta para a divisão de artilharia e agora ele está na guerra. Apesar dele conseguir revelar a verdade até o fim do filme, não é necessariamente um final feliz.
Como foi trabalhar com soldados reais, ao invés de atores interpretando soldados?
Foi ótimo. Sabe, só o trabalho que teria sido treinar atores para fazer o que esses caras fazem naturalmente... No set de um filme sempre temos um supervisor técnico, que é o perito da situação. Se você estiver fazendo um filme sobre a polícia estadual, esse cara é um policial. No set você sempre sabe quem é o supervisor técnico porque tem sempre atores em volta dele, fazendo muitas perguntas. Nesse filme, foi como ter 30 caras assim. Sabe, cenas como invadir a casa do Sayed, em que íamos entrar e interromper aquela reunião. E eles simplesmente invadiram a casa, do jeito que eles fariam. Depois fizeram de novo mais devagar e fomos determinando que o primeiro cara iria para a direita, o segundo para a esquerda e o terceiro iria mais longe. Então Paul disse "Ok, quero você vigiando a porta dos fundos, então você vai mais longe, vai ser o terceiro". E nós simplesmente derrubamos aquela porta, literalmente. Eu amo essas coisas. Eu chamo de NAR: No Acting Required (Nenhuma Atuação Necessária). Você é dominado pela situação, está cercado por esses caras, que sabem mesmo o que estão fazendo. Faz parecer muito autêntico.
Nesse filme, teve alguma sequência em particular, com todas as cenas de ação que você teve que fazer, que realmente se destacou - como um grande desafio, ou por ser divertida, pela intensidade ou qualquer outro motivo?
Tivemos muitas sequências intensas, especialmente pelo jeito de dirigir do Paul. Uma câmera padrão carrega um rolo de 11 minutos de película. Ele usa duas câmeras, para que quando você chegue em 10 minutos e meio, uma segunda câmera começa a rodar. Aí acaba o filme da primeira câmera, eles recarregam e a cena pode continuar. Então nós tínhamos umas improvisações que duravam 30 minutos, 45 minutos, e isso era muito empolgante. E você nunca sabia o que a câmera estava filmando.
Na primeira cena, eu sentei com Monty e perguntei qual seria o procedimento que ele usaria numa situação como essa. Então eu estou dando todas aquelas ordens e sentia muita adrenalina enquanto a cena acontecia. Como a cena que atacamos a casa. Todos os atores são muito bons nessa cena. Tem uma coisa rolando entre Khalid, que interpreta Freddy, o tradutor, e Sayed, e eu estou tentando lidar com toda aquela situação. Todos os soldados estão fazendo exatamente o que deveriam estar fazendo, mas nós estávamos ouvindo as crianças gritando no andar de cima, e eu tinha um ponto no meu ouvido e Paul mandou um dos soldados ficar gritando no meu ouvido "Não consigo controlar a situação aqui em cima". Então tinha muita pressão, você mal consegue acreditar que está numa situação tão intensa. E, como ator, isso te impede de estragar a cena pensando demais em tudo, tipo "Agora, esse é o momento em que vou fazer um olhar congelante". Você não tem tempo, você não sabe muito bem o que vai acontecer. Teve uma cena em que o Sayed estava impossível, porque Paul dirigiu ele para não cooperar em nada. Eu estava tentando falar com ele e ele estava gritando comigo em árabe. E eu estava tentando falar e ele não estava me ouvindo, então eu disse "Potts, cala a boca desse cara". E cometi o erro de dizer isso para um cara que era um fuzileiro naval de verdade, que agarrou e o derrubou com um golpe muito rápido atrás dos joelhos. De repente esse cara estava no chão com os olhos arregalados olhando para mim e nós continuamos. A cena não ia bater com as outras duas que gravamos, mas talvez essa seja A cena. O olhar nos olhos daquele cara, agora eu tinha a atenção dele e ele estava me ouvindo mesmo. Você nunca sabia o que ia acontecer, e isso era muito empolgante. Foi nesse ponto que os não atores ajudaram muito, porque sabem o que estão fazendo e torna tudo muito mais real. Porque se fosse um monte de atores... Meu Deus, teríamos que ensaiar aquilo durante muito tempo.
Tem uma cena no filme em que - você não apanha muito - mas é derrotado em combate corporal. Foi muito importante incluir essa cena, para mostrar que você não está interpretando Jason Bourne?
Bom, eu nunca pensei em fazer a cena só por isso. Miller precisa parecer um cara comum, enquanto o personagem do Isaac é para ser um Jason Bourne, ele é das Forças Especiais [risos]. Então nunca ia ser uma luta justa. Eu tento, já que não é um filme do Bourne, eu tento nunca ganhar uma briga. Acho que é mais interessante. Eu lembro que em Os Infiltrados eu vi toda essa possiilidade de território virgem e falei para o Marty (Scorsese) que eu queria aquele papel, tipo "Marty, eu quero perder todas as brigas em que eu estiver". Então, sim, eu quero mostrar que eu também apanho, mas consegui não entregar o livro para ele. Então o meu personagem é castigado para fazer aquilo que ele acha que é certo. Existe uma nobreza em apanhar.
Sobre a franquia Bourne. Conversamos com Paul hoje e ele disse que, para ele, acabou. Então a pergunta é: você estaria disposto a fazer mais um Bourne sem Paul?
Não.
Então isso significa que acabou a franquia Bourne?
Bom, eu acho que eles têm boas chances de fazer um prelúdio com outro ator. Basicamente fazer um filme sobre a identidade Bourne, a identidade em si. O interesse de qualquer estúdio é transformar isso em uma marca, para que possa continuar por muito tempo. E isso nunca acontecerá com nosso personagem, porque ele já resolveu todas as questões dele. Ele já recuperou a memória três vezes. Acho que ninguém quer me assistir falando "Eu não me lembro" mais uma vez. Mas acho que podemos fazer os filmes com outro ator, quer seja Ryan Gosling ou Russell Crowe ou Denzel Washington e esse ator será Jason Bourne. E aí, no fim do seu primeiro, segundo ou terceiro filme, você vai acompanhar ele se preparando para passar a identidade para mim, então vira um 007, se transforma em um nome que eles dão para essa pessoa que tem uma posição única. Certo? Aí, caso eu e Paul voltemos para um quarto filme, daqui a dez anos, vamos passar a identidade para outra pessoa, para que possa continuar. Mas acho que a única maneira de desvincular a franquia de nós é dizendo "não".
Você e Paul têm uma ótima relação de trabalho. Quando vocês conversam sobre os próximos projetos, vocês querem continuar na linha em que estão agora, ou possivelmente ir em uma nova direção, com o estilo dele?
Temos conversado sobre fazer alguma coisa, talvez um filme, sobre a crise econômica, mas estamos tentando descobrir qual será a abordagem. Adoro fazer esses filmes com ele e temos feito filmes com um bom orçamento, então contamos a história em uma grande escala, com helicópteros e tudo mais. Espero que consigamos continuar fazendo filmes de grande orçamento, mas eu irei para onde ele quiser. Acho ele um ótimo diretor e aprendo muito cada vez que trabalho com ele, tanto sobre direção como atuação. Então vou segui-lo para qualquer lugar.
Você também tem uma ótima relação de trabalho com Steven Soderbergh, estão mencionando você para um projeto do Liberace e Contagion?
Sim. Contagion... Bom, Scott Burns, que escreveu O Desinformante, entregou um ótimo roteiro e é atual. É um filme com um grande elenco e meu papel é pequeno. E Liberace vamos fazer em algum momento de 2010.
Qual seu próximo filme, depois disso?
Se eu conseguir deixar crescer esse bigode, vou para os filmes pornô. [risos] Mas pornô dos anos 80.
Se você se procurar no Google, já é o que estão falando na internet.
Ah, é? Na verdade eu estou tentando deixar crescer para Bravura Indômita. O bigode do Desinformante era colado, porque tinha que tirar e colocar, eu só usava bigode em pouco mais da metade do filme.
Essa será a primeira vez que você trabalha com os irmãos Coen, certo?
Sim, estou muito empolgado. É um ótimo roteiro. Eles adaptaram do livro, que é simplesmente incrível. Eu nunca teria lido, mas é maravilhoso, vale a leitura.
Quando começam as filmagens?
15 de março.
Você é um grande fã de faroestes?
Sim, eu adoro faroestes. Mas gosto mesmo é dos irmãos Coen, então estou muito animado para esse filme, com certeza.
Existem boatos de que você vai interpretar Rober Kennedy.
Sim, bem, Gary Ross comprou os direitos e Evan Thomas escreveu uma nova biografia sobre ele, então estamos querendo fazer. Mas ainda não há um roteiro pronto, está incerto. O roteiro deve ficar pronto no próximo mês, então espero que seja ótimo e seja um trabalho para setembro.
Você se surpreende com a quantidade de filmes que são noticiados na internet antes mesmo de ter um roteiro?
Sim, é incrível. Na verdade, Gary me mandou um e-mail hoje de manhã, porque ontem à noite me perguntaram sobre isso na pré-estreia. Ele disse que acha que algum dos produtores mencionou e acabaram noticiando. Mas esse filme é literalmente uma coisa que eu comentei com a minha esposa, tipo "Sabe, talvez aconteça uma hora dessas". E, de repente, todos vocês sabem. É tipo "Como vocês sabem isso? Nem eu sei disso!". O que mais vocês sabem sobre mim? Que outros filmes eu vou fazer? O que eu vou comer no jantar essa noite?
Então como fica seu cronograma de 2010? Você já tem dois ou três filmes marcados?
Bom, nenhum deles está em produção, com data para começar e sinal verde do estúdio. Todos eles são coisas que eu estou muito empolgado para fazer, mas são peças móveis, que dependem do cronograma de Steven Soderbergh. Se o projeto do RFK rolar, pode mudar algumas coisas, entende? Também tem uma peça de teatro que quero fazer. Todos são projetos muito legais, que eu quero fazer, mas ainda estão meio distantes.
Existe alguma chance de que você volte a trabalhar com Ben Affleck? Ele está se estabelecendo como diretor.
Sim, e o último filme dele, The Town, é ótimo. Assisti o primeiro corte, é fantástico.
Então vocês conversaram sobre escrever alguma coisa, para você atuar?
Bom, essa é a ideia. Temos um contrato de prioridade com a Warner Bros. Eu quero dirigir também, então existem várias maneiras de trabalharmos juntos. É estranho pensar que já se passaram 12 anos da última vez que trabalhamos juntos. Mas foi o que aconteceu, sabe? Nós reagimos aos trabalhos que estavam disponíveis, formamos família e tudo isso. Nós com certeza queremos encontrar alguma coisa. É difícil. Escrevemos Gênio Indomável porque estávamos desempregados e tínhamos muito tempo nas mãos. Agora nós definitivamente não temos mais esse tempo todo. Então acho que esse é o maior obstáculo para escrever, todo esse trabalho como ator, e para ele como diretor.
Você pretende dirigir no futuro próximo?
Se eu conseguir decidir qual projeto, sim. Estou morrendo de vontade, estou muito animado. Mas eu fico recebendo essas ofertas para trabalhar com esses diretores e sinto que não estou deixando de lado minha carreira de diretor ao preferir trabalhar com os irmãos Coen. Ao contrário, sinto que vou aprender muito assistindo o trabalho deles que prefiro adiar o trabalho de diretor por mais um ano.
Quem te impressiona como ator, alguém que já está aí há uns 40 anso e você olha e pensa "Quero estar lá daqui a 20 anos"?
Clint Eastwood. Ele começou a dirigir mais ou menos com a minha idade e ver um cara que se sente tão revigorado pelo trabalho que faz, que já tem feito isso há tanto tempo, é incrível. E realmente uma coisa que espero ter na minha vida. É uma vida tão plena, sentir-se totalmente engajado e inspirado - ao invés de se sentir cansado e cínico, apesar de adorar contar histórias. É um sonho de vida, realmente.
Falando no Clint Eastwood, você poderia falar um pouco sobre Hereafter? Como foi essa experiência?
Ótimo, foi maravilhoso. Foi muito rápido, porque o filme tem três tramas diferentes. Para o meu arco da história ele precisava de 19 dias, então filmamos em três semanas de seis dias. Ele é ridiculamente rápido. Filmamos nove páginas em um dia. Ele é simplesmente... incrível.
Por enquanto você trabalhou com Clint Eastwood, Soderbergh, Greengrass e agora os irmãos Coen. Existe algum outro diretor com quem você gostaria de trabalhar?
Bom, agora estou morrendo de vontade de trabalhar com os irmãos Coen. Penso que eles são incríveis e mal posso esperar. Mas existem muitos outros ótimos diretores por aí, muita gente com quem eu não trabalhei. Mas se eu pudesse só trabalhar com gente com quem eu já trabalhei, já seria ótimo.
Zona Verde entra em cartaz no Brasil esta sexta, 16 de abril
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