No início de novembro, antes mesmo do filme estar pronto, um pequeno grupo de jornalistas reuniu-se na sede da 20th Century Fox em Los Angeles para uma breve conversa com Timothy Olyphant - o astro do filme de ação Hitman - Assassino 47, que adapta a série de games homônima. Dono de um senso de humor difícil (nunca se sabe se ele está brincando ou falando sério)... a entrevista exigiu um certo grau de atenção, especialmente nas partes em que ele fala sobre a grande polêmica do filme, o suposto desentendimento do diretor com os produtores e sua exclusão das refilmagens. Confira:
Hitman
Hitman
Hitman
Seu cabelo ainda está curtíssimo... isso é o que cresceu desde as filmagens ou você cortou de novo?
Timothy Olyphant: É o que cresceu. Tivemos refilmagens há algumas semanas.
Você pode falar mais sobre isso?
Fizemos essa nova e arrebatadora seqüência de ação, mais umas cenas de cobertura aqui e ali. É legal ter esse luxo de voltar e arrumar algumas coisas.
Conte-nos um pouco do Assassino 47...
O Agente 47 é baseado no personagem dos videogames. Ele é essencialmente um cara nascido e criado para ser uma máquina de matar. A história começa quando ele termina um trabalho e seus superiores informam que ficou uma testemunha - e ele é enviado para eliminá-la. Mas ele percebe que algo está errado quando encontra essa mulher, vivida por Olga Kurylenko, que é fantástica. Na seqüência, alguém começa a tentar matá-lo... o cara que ele assassinou no começo aparece na TV e nada mais faz sentido. O mundo do assassino é virado de cabeça pra baixo.
Você jogou o game para entrar no papel?
Não, mas pesquisei a respeito. Creio que fizemos um bom trabalho em honrar e prestar tributo ao material original e ao mesmo tempo conseguir manter nossa própria liberdade. Xavier [Gens] é um grande fã do game. Ele é um tremendo gamer e adora esse universo. Ele foi bastante preciso sobre uma série de elementos que deveriam refletir o jogo.
E Xavier dirigiu as refilmagens? Há boatos por aí que dizem que não...
Ele está envolvido. Muito envolvido. Mas não dirigiu as refilmagens. Não sei qual a posição da Fox sobre isso, porém. Talvez ele tenha dirigido as refilmagens, afinal. Eu ouvi esses boatos, sobre ele ter sido despedido e tal... falei durante meses pra eles fazerem isso. Fizeram, é? Bom. Eu avisei. O cara não fala inglês. Só eu que acho que isso é um problema?
Também ouvi dizer que essa demissão deu-se porque o resultado ficou violento demais. A Fox teria ficado assustada e mexeu no filme para minimizar.
Ouvi dizer isso também, mas não tenho dados pra confirmar essa história. É o tipo de conversa da qual eu não participo. De qualquer maneira, comigo ninguém falou nada a respeito. Só me lembro de termos conversado sobre o estilo da violência e sobre como ela ajuda ou atrapalha criativamente a história. Mas é um filme violento, sim. Nossas conversas foram sobre acertar o tom dela.
E qual é esse tom?
Imagino que fizemos algo na linha dos antigos filmes de John Woo. Ou uma dessas produções sul-coreanas. Há uma certa violência estilizada, elegante, no filme. Definitivamente, nada cômica. Não quisemos algo na linha do "ops, 50 caras acabam de morrer e eu nem percebi". Conforme o filme se desenrola o tipo de violência também muda. Xavier é um cara muito, muito inteligente e foi a principal razão pela qual me interessei pelo projeto. Claro, o fato da Fox ter apostado em mim nesse filme - eu nunca fiz nada sequer parecido ou com tanta responsabilidade - também pesou, mas foi o entusiamo de Xavier pelo material que me empolgou.
Comente um pouco sobre as cenas de ação e essa sua responsabilidade - seu primeiro papel principal numa produção de grande orçamento.
Foi ótimo. Eu adorei. Foi um desafio enorme por uma série de razões. Primeiro, pela responsabilidade, que eu nunca tive nesse nível. Depois, pelo lado multicultural - o diretor é francês, a equipe é búlgara e por aí vai... mas como eu disse, Xavier é muito inteligente e foi uma enorme recompensa trabalhar ao lado dele.
E no que você se baseia quando vive uma máquina profissional de assassinato com o Agente 47?
O ângulo de interpretação que busquei foi o de um cara que tem plena consciência de suas habilidade e enorme confiança de que é capaz. É isso que o define. E quando você acredita nisso, pode deixar isso de lado. É meio que "não preciso convencer ninguém de que sou o maioral". As ações dele o definem. A partir daí busquei outros ângulos, como a humanidade. Ele é um cara que vai de missão a missão, sempre sozinho. Deve ser uma existência solitária, meio como um vendedor viajante. É meio clichê, mas é isso. Há um distanciamento dele de outras pessoas. E é aí que a diversão começa, quando esse mundo certinho sofre uma reviravolta. Quando não há mais missões, mais chefes, mais ordem. Ele é forçado, assim, a avaliar o que está lá fora. Se não sou mais aquele cara, quem sou eu? E é aí que as pessoas conseguem se relacionar com ele. Todo mundo já teve seu tapete puxado alguma vez na vida.
O estúdio espera uma franquia a partir desse personagem?
Eu não sei... mas hoje em dia tudo é assim, então não vejo porque eles não esperariam isso de Hitman.
Mas você tem contrato pra mais filmes?
Pode apostar!