O sexto filme da franquia Pânico (Scream) precisa passar por uma prova de fogo: durante o ato final do quinto filme, os assassinos revelam para Sidney (Neve Campbell) que a motivação por trás dos novos crimes é a tentativa de criar na vida real um cenário melhor para a execução de uma nova sequência. Os assassinos literalmente matam para inspirar um novo filme, construindo um terreno típico do universo metalinguístico da franquia. E brincando com uma declaração provocativa: fãs desapontados com sequências matam pessoas para conseguirem um filme melhor.
Tyler Gillett e Matt Bettinelli, diretores desse novo momento de Pânico, sabiam que grande parte da sagacidade da franquia estava em zombar do próprio universo. Mas, ao mesmo tempo, deixando claro que há dor e pesar nos filmes, afinal de contas, pessoas estão morrendo. “Acho que o trabalho de um filme Pânico é pegar algo que faz parte do nosso mundo e amplificar”, explicou Tyler ao Omelete. “É como trazer tudo aquilo para um espaço fantástico. Então, sim... é perfeitamente possível falhar. Mas, ao mesmo tempo, a realidade desses filmes nos permite fazer esse tipo de comentário sagaz enquanto temos alguém mascarado esfaqueando pessoas. Essa é a parte mais divertida e também é o que mantém esses filmes de pé”.
Historicamente falando, vilões desse subgênero do horror não contaram boas histórias quando foram retirados de seus habitats naturais. O próprio Ghostface já saiu de Woodsboro para brilhar em Los Angeles, e isso resultou no pior filme da franquia. Quando uma série de filmes como essa alcança a marca de seis longas, a ideia do enfraquecimento de sequências começa a assombrar a produção (como bem disse o roteiro do quinto filme quando fez Richie (Jack Quaid) dizer “que a franquia sai dos trilhos após o filme número cinco”).
Matt e Tyler têm uma opinião bem definida sobre isso: “Quando vimos que o roteiro estava sendo planejado para se passar em Nova York achamos na hora que era esse o caminho; e em grande parte por causa disso mesmo, desse histórico que a cidade grande tem com o gênero do horror. Em se tratando dessa realidade em que Pânico vive, o certo era mesmo enfrentar essas questões e se divertir. Esse não é um filme contemplativo, esse é o filme em que quisemos ser loucos; e se passar em Nova York era algo que se conectava com essa energia”.
Há quem aposte que as constantes afirmações de que esse é o filme mais sangrento da franquia mascaram os problemas que podem ser provocados pela ausência de Sidney -- Neve Campbell deixou a franquia por questões salariais. Matt e Tyler garantem que estão em bons termos com a atriz: “Amamos Sidney e amamos Neve de todo coração. Apoiamos suas decisões completamente. Diante da ausência dela, o que funcionava pra gente era melhorar ainda mais a ligação do público com os personagens que trouxemos no filme anterior. As pessoas gostam tanto de Sidney, Gale e Dewey porque vimos profundamente quem eles eram. O que acho que deu certo para nós foi dar ao público a chance de se conectar mais com os personagens”.
Essa talvez tenha sido, inclusive, a razão pela qual tantos dos novos personagens sobreviveram ao quinto filme. Eles estão todos de volta, junto com Hayden Panetierre, que reassume o papel de Kirby, de Pânico 4. “Eu não tentei prever nada sobre a Kirby, eu só fiquei feliz de ter conseguido voltar”, disse ela na entrevista. “Eu estava muito curiosa para saber o que eles fariam com ela. Eu geralmente não crio expectativas para não me decepcionar... E eu não me decepcionei”.
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Dermot Mulroney e Hayden Panettiere em Pânico 6
Dermot Mulroney, que se juntou ao elenco para viver um detetive que também é pai de uma das vítimas, falou um pouco sobre como é lidar com as expectativas clássicas de viver um personagem no mundo da franquia: “Eu nunca tinha entrado num filme que já tinha uma mitologia tão estabelecida. A coisa que mais me atraiu na história foi conseguir trabalhar humor e gore ao mesmo tempo, porque eu sabia que essa era uma das razões pelas quais os filmes são tão amados”.
Para Dermot, outro aspecto muito divertido de fazer parte daquele universo era todo o segredo em torno da identidade de Ghostface: “Me entregaram somente um terço do roteiro da primeira vez que li. Eles não sabiam que eu ia dizer sim automaticamente, mas me mandaram só um pouco pro caso de eu dizer não. Imagina se eu ia dizer não para viver um detetive em Pânico 6... Mas, eu fiquei sabendo antes quem era. Só me fizeram assinar um contrato de confidencialidade. Eles tinham um departamento inteiro só para segurança do roteiro”. Hayden confirmou que o contrato foi assinado por todos e completou: “Os roteiros vinham com nossos nomes em marca d’água por toda parte, porque se vazasse eles saberiam quem tinha feito”.
As primeiras impressões garantem realmente um aumento do nível de violência que fará desse filme um filme bastante diferente dos outros. Nesta quinta-feira (9), Pânico 6 chegará aos cinemas e logo em seguida começará a espera dos fãs pelo anúncio de uma sétima parte, que, em se tratando dos alegados bons termos entre os diretores e Neve Campbell, pode até acontecer sob o vindouro retorno de Sidney.