Pode parecer loucura, mas o diretor Gareth Edwards (Godzilla e Rogue One: Uma História Star Wars) usou inteligência artificial em cenas de Resistência, um filme que trata justamente de… bem, do embate entre a humanidade e as inteligências artificiais. Em entrevista ao Omelete, o cineasta explicou como enxerga a tecnologia e como as ferramentas de aprendizado de máquinas o auxiliaram na pós-produção do longa.
Avesso à ideia de usar captura de performance para criar um personagem em computação gráfica — “realmente não queria filmar as pessoas usando todos aqueles pontos e aqueles trajes engraçados”, revelou —, Edwards recorreu à Industrial Magic para encontrar uma solução. A Industrial Magic descobriu como usar a inteligência artificial e o machine learning para não precisarmos disso, para que pessoas reais pudessem correr por aí e o computador automaticamente acompanhasse seus movimentos, os transformando em robôs até certo ponto. Apesar disso, o trabalho não ficou muito mais fácil. “Ainda exigiu muito trabalho dos artistas para corrigir, mas pelo menos nos levou a meio caminho, o que foi ótimo.”
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As raízes da Resistência: como Gareth Edwards criou distopia futurista do filme
Mas, partindo para um ponto de vista mais pessoal, Edwards compartilhou como vê o o impacto dessa tecnologia no futuro da humanidade. “É interessante, porque tivemos muitos outros avanços tecnológicos significativos e não parece que eles causaram grandes mudanças sísmicas em certas indústrias. Mas, de alguma forma, os toleramos e passamos por eles”, disse, antes de comparar a inteligência artificial com carros. “Por exemplo, se eu dissesse a você que teremos inteligência artificial, mas o problema é que 40 mil pessoas nos Estados Unidos morrerão todos os anos, você diria que ‘não podemos aceitar isso, precisamos eliminá-la. Isso é terrível’. No entanto, é exatamente o que acontece com os carros. Um carro, em média, causa a morte de 40 mil pessoas todos os anos, mas aceitamos isso porque as vantagens são tão grandes.”
“Não importa o quão complicados e ruins sejam os aspectos negativos da inteligência artificial, acredito que ela inevitavelmente fará parte da sociedade”, concluiu. “Quanto mais nos acostumarmos e aceitarmos isso, e tentarmos aprender a usá-la, mais fácil será, porque ela não vai voltar para a caixa.”
Com um olhar mais otimista em relação às IAs, Edwards decidiu colocar a tecnologia no papel de oprimido em Resistência. Para reforçar a mensagem, o diretor fez com que a grande arma das inteligências artificiais fosse apresentada na forma de uma criança. “Eu realmente gosto de dilemas em filmes, em que o personagem não tem uma resposta fácil. É difícil, e o público não sabe a resposta”, disse. “Também queria fazer um road movie de certa forma, uma jornada entre dois personagens opostos, que precisam um do outro e têm que aprender um sobre o outro. Filmes como Rain Man e,não sei se você conhece, o filme de Kevin Costner, Um Mundo Perfeito.”
A trama de Resistência se passa em um futuro onde a guerra entre a humanidade e a inteligência artificial se desenrola. Lá, Joshua (John David Washington), um ex-agente das forças especiais endurecido pela perda de sua esposa (Gemma Chan), é recrutado para uma missão perigosa: caçar e eliminar o Criador, o arquiteto por trás de uma inteligência artificial avançada que desenvolveu uma arma misteriosa capaz de acabar com a guerra e, consequentemente, com toda a humanidade.
Além da dupla, o elenco conta com Allison Janney (Mom), Michael Esper (Frances Ha), Ralph Ineson (Guardiões da Galáxia) e Marc Menchaca (Homeland).
Com roteiro e direção de Gareth Edwards, Resistência já está disponível nos cinemas de todo o Brasil.
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