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Um Lugar na Platéia

Comédia romântica francesa mostra Paris idílica e cultural

10.05.2007, às 00H00.
Atualizada em 12.11.2016, ÀS 15H02
A cineasta Danièle Thompson

2

encarna Robert Altman em Um Lugar na Platéia ( Fauteuils d'orchestre
, 2006), comédia romântica com a adorável Cécile De France ( Albergue espanhol, Bonecas russas ) no papel principal.

Diferente de seu último filme exibido por aqui, Fuso-horário do amor, Thompson deixa o ambiente intimista de poucos personagens para embarcar numa teia de cruzamentos e personalidades, que ela tece com competência. Além das pessoas, a Paris cultural, cujo clima é captado com competência na fotografia do ótimo Jean-Mac Fabre (Lemingue), funciona quase como um personagem também, um que reúne as pessoas e catalisa relacionamentos.

O filme gira em torno do coração artístico da Cidade Luz, envolvendo cinema, teatro, ópera, artes plásticas e televisão, e acompanha Jessica (De France), uma garota interiorana que cresceu ouvindo as histórias da avó. A idosa comenta seus tempos áureos, quando trabalhava em meio ao luxo e ostentação do Hotel Ritz. A jovem chega à cidade determinada e logo consegue um emprego em um café na Avenue Montaigne, vizinho a um teatro, uma sala de concertos, uma casa de leilões e o próprio Ritz. Jessica então é cercada por arte e artistas, todos verdadeiramente obcecados por uma data na qual, simultaneamente, estrearão uma peça e um concerto e será realizado um importante leilão de arte.

Nesse turbilhão de ambições e egos - pelo qual circulam um concertista em crise (Albert Dupontel) e sua esposa sufocante (Laura Morante); uma bem-sucedida atriz de TV que pretende lançar-se no teatro (Valérie Lemercier); um diretor de Hollywood (Sydney Pollack, em ponta inusitada); um colecionador de arte que está deixando para trás o legado de uma vida (Claude Brasseur) e seu crítico filho incapaz de compreendê-lo (Christopher Thompson, filho da diretora), entre outros - Thompson coloca com sutileza seus pontos-de-vista sobre mercado e arte, usando Jessica como uma observadora silenciosa, que aos poucos se envolve nesse mundo. Sua ingenuidade e alegria, uma Amelie sem a fantasia, logo infundem confiança nas pessoas, além de - claro - paixão em um determinado personagem. Afinal, trata-se de uma comédia romântica.

A cineasta, que também assina o roteiro ao lado do filho, porém, evita os clichês do gênero, desenvolvendo a trama de maneira agradável e bem-humorada. Vale a pena conferi nem que seja para visitar a idílica Paris, icone romântico do inconsciente coletivo mundial, sem os problemas sociais da vida real que ela atualmente enfrenta.