O uso de Inteligência Artificial nas produções de Hollywood é um tema polêmico desde a greve dos atores e roteiristas americanos de 2023. Um das exigências dos profissionais era justamente limitar o uso de IA nas produções e proibir a reprodução não autorizada de imagem e voz das estrelas de cinema.
Volta e meia essa questão volta a circular na indústria cinematográfica, inclusive no Oscar 2025, quando quatro grandes competidores fizeram o uso da tecnologia, incluindo Duna: Parte 2 e O Brutalista. Em entrevista exclusiva nos estúdios do Omelete, os irmãos Joe e Anthony Russo, mentes por trás de Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato, da Marvel, e The Electric State, da Netflix, contaram como enxergam o uso da ferramenta e se são contra ou a favor dela.
“Você pode criar, assim como um artista, de repente, isso te torna muito hábil em Photoshop e geração de imagens”, disse Joe Russo. “E nós não desenhamos, mas eu conheço muitos diretores que sim. Tim Burton desenha tudo. Eu não consigo fazer isso. Mas com certas ferramentas de IA, eu consigo”, continuou.
“É como se a gente olhasse por analogia da energia nuclear”, acrescentou Antony. “Você pode usá-lo para criar uma bomba ou para criar eletricidade. Só temos que ter certeza que o usamos para criar coisas positivas, não negativas”.
Joe Russo continuou, falando sobre como a tecnologia, apesar de assustadora, é uma faca de dois gumes. Para ele, se os artistas que criticam a ferramenta não derem seus pontos de vista, eles deixarão todas as decisões nas mãos de outras pessoas. “Você tem que entrar na luta, ou você não vai contribuir em nada para a direção que ela tomar.” diz ele. “Não há sentido em ficar parado ou demonizar outras pessoas por se envolver na briga ou ter uma conversa sobre ela. Porque tudo o que você vai fazer é ser atropelado por um caminhão”, continua.
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A entrevista aconteceu no sábado (15). Confira as respostas completas abaixo:
Marcelo Forlani - Omelete, para Joe Russo: E como você acha que a IA pode ser útil? Porque é você quem tem que lidar com isso.
Joe Russo: Aqui está a coisa mais importante sobre IA, certo? É como centenas de outras peças de tecnologia que surgiram antes dela. É uma peça de tecnologia. É incrivelmente poderoso, é “inteligente”. Não se comporta como nós. Não somos nós. Não esfolou o joelho quando criança. Não teve infância. É só um intelecto. Certo? Então a única maneira dela entender os humanos estão tentando interpretar milhares de informações que ela pode coletar da Internet. Certo? Então, isso nunca vai criar histórias do jeito que nós as criamos.
Seu melhor uso é na criação de eficiências e permitindo que a imaginação das pessoas seja comunicada a outras pessoas de forma mais clara porque pode gerar imagens, ela pode gerar videoclipes, você pode criar amostras de tons. Você sabe, você pode criar, assim como um artista, de repente, isso te torna muito hábil em Photoshop e geração de imagens. E nós não desenhamos, mas eu conheço muitos diretores que sim. Tim Burton desenha tudo. Eu não consigo fazer isso. Mas com certas ferramentas de IA, eu consigo. E eu posso criar uma imagem e digo: 'Não, não é isso', sabe? E então eu posso comunicar isso a um artista que pode então pegar isso e dizer: 'Ah, eu entendo o que eles estão pensando. E agora deixe-me tentar iterar a partir disso'.
Então eu acho que é como qualquer coisa, é apenas uma ferramenta, mas é uma ferramenta que os artistas têm para inovar porque se deixarmos as corporações inovarem, eles vão tentar nos substituir com isso em vez de nos capacitar com isso, porque a versão deles de eficiência de custos é muito diferente da versão de eficiência de custos de um artista.
Anthony Russo: É como se a gente olhasse por analogia que é como a energia nuclear, certo? Você pode usá-lo para criar uma bomba ou para criar eletricidade. Só temos que ter certeza que o usamos para criar coisas positivas, não negativas.
Giovanna Pagano - Omelete: Então é exatamente o que vocês disseram no começo desta conversa. Quero dizer, é uma tecnologia que pode ser usada para o bem e também para o mal. Nós temos que escolher nossas batalhas, né?
Joe Russo: E você tem que fazer isso, se não se esforçar e entrar na luta, então, você sabe, seu ponto de vista não vai ser... você não vai contribuir em nada para a direção que ela tomar. Certo? Então você tem que entrar na luta. Bem, você sabe, não há sentido em ficar parado ou demonizar outras pessoas por se envolver na briga ou ter uma conversa sobre ela. Porque tudo o que você vai fazer é ser atropelado por um caminhão.
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Ainda em 2025, a Marvel lança nos cinemas Thunderbolts* e o aguardado Quarteto Fantástico: Primeiros Passos. Ambos os filmes dão sequência à nova fase do MCU, que culminará, em 2026, em Vingadores: Doomsday. É esperado que Quarteto Fantástico seja o filme que apresenta o Victor Von Doom de Robert Downey Jr.