No último dia 2, a Warner anunciou o cancelamento de dois filmes que estavam próximos de serem finalizados. O engavetamento de Batgirl e da sequência de Scoob! foi possivelmente sem precedentes e acendeu uma luz de preocupação até nos mais desligados das notícias da indústria.
A pergunta que paira é exatamente o que se passa dentro do estúdio para que isso aconteça, e apesar da resposta ser misteriosa, os acontecimentos são apenas a mais recente novidade em uma onda de movimentações por dentro da Warner Bros.
O NASCIMENTO DA Warner Bros Discovery
Não fazia muito tempo desde a compra da Time Warner pela AT&T (em 2018) quando em abril de 2022 a Discovery oficializou a aquisição da recém-batizada WarnerMedia em um acordo que movimentou US$43 bilhões.
Com isso, HBO, HBO Max, CNN, Warner Bros., DC Films, New Line Cinema, Cartoon Network e mais se juntaram a um império midiático que inclui o Discovery Channel, Food Network, TLC, Animal Planet e Oprah Winfrey Network.
Nessa época, uma dúvida pairava no consumidor, já que a plataforma de streaming HBO Max já existia na maior parte do mundo, reunindo todo o conteúdo de entretenimento da Warner, e a Discovery tinha seu streaming próprio, o Discovery+. O que aconteceria com os dois gigantes? Desde lá, a ideia era eventualmente centralizar todo o conteúdo em uma plataforma só.
De qualquer forma, não é exatamente a casa do conteúdo que preocupa a indústria, mas sim qual é exatamente a estratégia atual da agora nomeada Warner Bros Discovery.
O TODO PODEROSO DAVID ZASLAV
Kevin Dietsch/Getty Images via AFP
A conclusão do acordo envolveu a saída de dezenas de executivos da Warner, mais notadamente do CEO Jason Kilar, que comandou a empresa entre maio de 2020 a abril de 2022, precisamente durante o lançamento da HBO Max. Grande propulsor e defensor do streaming, Kilar foi responsável por levantar sobrancelhas ao redor do mundo principalmente quando anunciou que os filmes da Warner seriam lançados simultaneamente no cinema e no streaming. Com foco em promover a plataforma, decisões sob o comando de Kilar incluíram, por exemplo, a produção de um filme da Batgirl intencionado para a HBO Max.
Mas os tempos mudaram e a Warner passou a ser comandada por David Zaslav, CEO da Discovery e o nome por trás dos maiores chacoalhões recém-anunciados na Warner. Como foco em lançamentos na telona, não demorou para que Zaslav anunciasse a procura de um “tipo Kevin Feige” para os projetos da DC, com Todd Phillips, diretor de Coringa, sendo sondado para a posição. Sua estratégia faz sentido com um movimento de apaziguar a relação da Warner com cineastas, que de modo geral criticaram a estratégia de lançamento simultâneo de Kilar.
E O QUE ACONTECEU COM BATGIRL?
O caso de Batgirl chamou muita atenção, mas há alguns meses o mundo recebeu uma notícia que poderia ter preparado este terreno: o cancelamento da produção de Super Gêmeos, outro filme também pretendido para a HBO Max. Na época, a justificativa divulgada foi precisamente a nova estratégia de Zaslav: uma produção para a HBO Max não poderia custar mais de US$ 35 milhões. Para o executivo, um filme para streaming com orçamento maior não gera retorno o suficiente em novos assinantes para justificar sua produção. Ainda segundo fontes internas, existe um motivo principal por trás de tudo isso - Zaslav encabeçou a empresa com uma meta clara de corte de gastos de US$ 3 bilhões.
Por isso, fontes afirmam que a decisão de engavetar Batgirl - que havia atingido um orçamento de US$ 90 milhões - e Scoob! 2 teve uma justificativa tributária. O cancelamento não apenas interrompeu os gastos que o estúdio teria com a finalização, mas também permitiu que as duas produções se encaixassem em uma brecha aberta pela mudança de gerência e estratégia no estúdio. Até o meio de agosto de 2022 a Warner pode reportar gastos pagando menos impostos - algo oportuno em vista à nova estratégia de Zaslav.
A HBO MAX VAI ACABAR?
A resposta rápida é sim: ela se unirá ao streaming Discovery+ em uma plataforma ainda não detalhada - mas só em 2023.
A fusão entre as plataformas HBO Max e Discovery+ já era esperada desde a fusão entre as duas empresas, mas agora a WBD anunciou suas previsões: os dois streamings se unirão aos poucos em cada território, começando pela América do Norte, onde a fusão acontecerá entre junho e agosto do ano de 2023.
Entre setembro e novembro de 2023, a mudança começará a chegar a usuários da América Latina. Em 2024, será a vez da Europa e da Ásia receberam a "nova" plataforma. Até lá, os catálogos de ambas devem passar por adaptações para melhor se encaixarem nas novas diretrizes da empresa.