A série principal de Game of Thrones foi encerrada em 2019, com uma temporada no mínimo controversa. A produção começou como uma das maiores já feitas na TV, mas decepcionou bastante o público e a crítica ao entregar um encerramento confuso e apressado.
Apesar disso, a franquia é uma das mais bem-sucedidas da HBO e o canal já está começando a trabalhar em produções derivadas dentro desse universo. Confira abaixo mais detalhes sobre cada uma delas.
House of the Dragon
Divulgação
House of the Dragon é, de longe, o projeto mais ambicioso entre os derivados até agora. A trama é situada 300 anos antes dos eventos de Game of Thrones e focada na família Targaryen em seus tempos de glória e guerra. A inspiração para o seriado é o livro Fogo & Sangue, lançado por Martin em 2018. Nele, o autor conta o começo da história da família, que fazia parte da nobreza de Valíria, uma península localizada a oeste da Baía dos Escravos, no centro-sul de Essos.
Prevendo que o local sofreria um cataclisma, a família Targaryen deixou Valíria e chegou a Westeros com seus dragões, estabelecendo-se em Pedra do Dragão, local mostrado na franquia principal. Cem anos depois, Aegon Targaryen I começou a Guerra da Conquista dos reinos do continente. Ao lado de suas irmãs e esposas Visenya e Rhaenys (cada um montado em seu dragão: Vhagar, Meraxes e Balerion), Aegon conquistou seis dos sete reinos por meio de guerras e conseguiu o último com um casamento. Com os reinos tomados, Aegon, o Conquistador fundou a capital Porto Real e fez o Trono de Ferro, derretendo as espadas de seus opositores.
Essa primeira parte já mostra como a série será um prelúdio interessante. Se tudo isso for bem explorado, há bastante potencial para explicar cada um dos reinos de Westeros e também entregar aos fãs mais batalhas com dragões, um dos pontos altos da série principal. Mas House of The Dragon tem ainda mais potencial para a parte de ação e intrigas ao mostrar os eventos que ficaram conhecidos como a Dança dos Dragões, um grande conflito entre duas facções da família.
Essa parte da história começa com a morte do rei Viserys I, anos após a conquista, que teve filhos de dois relacionamentos. Sua primeira herdeira foi a princesa Rhaenyra, cujo direito ao trono foi confirmado no testamento deixado por Viserys. No entanto, antes de morrer, o monarca se casou novamente com Alicent Hightower, com quem teve quatro filhos. Com a morte de Viserys, Alicent tornou seu filho Aegon II rei, antes que Rhaenyra pudesse reivindicar o direito ao Trono de Ferro. O argumento de Alicent e seus aliados era que, embora fosse mais velha, Rhaenyra era mulher e deveria entrar na linha de sucessão após os herdeiros homens. Revoltada com tudo isso, Rhaenyra se declarou rainha em Pedra do Dragão e uma cadeia de mortes e vingança separou a família Targaryen entre os Verdes (apoiadores de Aegon II) e os Pretos (apoiadores de Rhaenyra).
A Dança dos Dragões durou três anos e gerou muita destruição em Westeros, já que cada lado tinha diversos dragões para lutar a seu favor. Com isso, a HBO mostra que está apostando bastante em reviver a franquia, uma vez que os dragões de Daenerys eram um dos maiores atrativos da série principal. Mas vale lembrar que, para tornar tudo isso realidade, é preciso muito investimento, especialmente em bons efeitos visuais.
A série já teve dez episódios encomendados pelo canal, o que mostra a confiança no projeto, e terá Ryan Condal e Miguel Sapochnik como showrunners. No elenco, já foram confirmados nomes como Paddy Considine como Viserys I, Olivia Cooke como Alicent Hightower, Emma D’Arcy como Rhaenyra Targaryen e Matt Smith como Daemon Targaryen.
Cavaleiro dos Sete Reinos
Divulgação
Outra série com bastante potencial anunciada recentemente é O Cavaleiro dos Sete Reinos, inspirada no livro de mesmo nome lançado (acredite) em 1998. Segundo a notícia, não há maiores informações sobre a equipe e o elenco, já que o projeto está em fase inicial de desenvolvimento.
Essa história também é sobre a família Targaryen, mas de um ponto de vista diferente. Duzentos anos depois da Guerra da Conquista citada acima, a família vive seu auge em Westeros. Nessa época, o reino é governado por Daeron, conhecido como o “Bom Rei”, e vive um período de relativa paz. Dentro desse contexto, Dunk, um menino pobre que nasceu na Baixada das Pulgas (bairro pobre da capital Porto Real), vê a oportunidade de melhorar de vida ao se tornar escudeiro de um cavaleiro andante. Na cultura de Westeros, um escudeiro aprende bastante sobre a rotina e a vida de cavaleiro e tem grande potencial para assumir postos maiores ao crescer.
É isso o que acontece com Dunk: após a morte do cavaleiro, Sor Arlan de Centarbor, ele toma seu lugar e conquista fama no torneio da Campina de Vaufreixo, ao se desentender com o príncipe Aerion Targaryen, mas provar sua inocência. Dunk passa a ser conhecido como Sor Duncan, o Alto, e é nessa época que conhece Egg, um garoto careca (por isso o apelido de egg, “ovo” em inglês), que insiste em se tornar seu escudeiro. Já nesse torneio da Campina, os dois formam uma grande parceria e Duncan descobre que o jovem é, na verdade, Aegon Targaryen. Mesmo com a confusão envolvendo Aerion, o pai de Egg, Maekar, pede que Duncan leve o garoto como seu escudeiro para que ele aprenda mais sobre o reino e sobre humildade, algo que dificilmente aconteceria em Porto Real.
O livro O Cavaleiro dos Sete Reinos narra as aventuras de Dunk e Egg por Westeros e é separado em três partes: O Cavaleiro Andante, A Espada Juramentada e O Cavaleiro Misterioso. Como dito acima, ainda não há maiores detalhes sobre o projeto, mas é outra boa oportunidade para mostrar mais sobre a cultura da franquia, em uma história bem diferente de Game of Thrones, mas com muito potencial.
Rebelião de Robert Baratheon
Divulgação
Esse é um projeto que ainda não está confirmado, mas parece estar nos planos da HBO. Na mesma época em que a informação sobre a série de O Cavaleiro dos Sete Reinos foi divulgada, a EW afirmou que o canal também considerava fazer uma produção inspirada na Rebelião de Robert Baratheon, outra história que se passa antes dos eventos da produção principal. Ao invés de mostrar os tempos áureos da família Targaryen, o objetivo aqui é mostrar como eles deixaram o poder em Westeros e explorar o passado de alguns nomes conhecidos.
A rebelião aconteceu na época em que o continente era governado por Aerys II, conhecido como o “Rei Louco”, por ter um medo constante de sair de sua fortaleza e acreditar que todos estavam conspirando contra ele. Durante o Torneio de Harrenhal, que contou com a presença inédita do rei, o príncipe Rhaegar Targaryen causou um grande desconforto ao coroar Lyanna Stark como a Rainha do Amor e da Beleza, em vez de dar o prêmio a sua esposa, Elia Martell. Tempos depois, Lyanna sumiu e todos acreditaram que Rhaegar a sequestrara, já que a jovem estava prometida em casamento para Robert Baratheon, que era muito apaixonado por ela.
Acreditando no sequestro, o irmão e o pai de Lyanna foram até Porto Real e acabaram mortos cruelmente pelo Rei Louco: Rickard Stark foi assado vivo em sua armadura, enquanto seu filho, Brandon, estrangulou a si mesmo ao ver o pai naquela situação. A morte injusta dos dois iniciou uma revolta contra as ações desmedidas do rei, que teve diversos acontecimentos, como a Batalha de Solarestival, Batalha de Vaufreixo, Batalha do Tridente, Saque de Porto Real, Batalha da Torre da Alegria, entre outros. Entre os eventos que fazem parte da rebelião, há o casamento de Ned Stark (que se tornou Lord de Winterfell com a morte do pai e irmão) com Catelyn Tully e o resgate de Lyanna, que culminou em diversos eventos importantes na série principal de Game of Thrones. Se apostar nessa história, a HBO tem diversos eventos interessantes para mostrar, além de trazer de volta nomes já conhecidos pelos fãs.
Série animada
Divulgação
Esse terceiro projeto é o mais misterioso até agora. Segundo informações divulgadas no começo deste ano, o HBO Max planeja uma animação dentro do universo de Game of Thrones, mas não há nenhum nome confirmado ou detalhes sobre a trama.
Isso quer dizer que há várias histórias que podem ser adaptadas para o streaming e várias possibilidades narrativas, uma vez que as animações podem mostrar cenários, figurinos e seres de forma muito mais fácil do que o live-action. Inclusive, essa animação pode ser uma antologia de narrativas dentro do universo das Crônicas de Gelo e Fogo, contando várias histórias menores e mais desconhecidas, porém igualmente interessantes.
Menção honrosa: derivado cancelado
Divulgação
Embora não esteja mais em produção, vale uma menção honrosa ao seriado derivado cancelado, que teria Naomi Watts no elenco. Chamado internamente de Blood Moon, ou A Longa Noite, a série também seria um prelúdio, mas muito mais distante da produção original, focando na origem dos Caminhantes Brancos e na lenda de Azor Ahai, o guerreiro lendário que, com sua espada de fogo Luminífera, derrotou os Outros. Nesse caso, a série tinha potencial para ter ares de terror, mas foi uma aposta arriscada da HBO, por mostrar um período muito distante da história principal, em um momento em que os Caminhantes Brancos ficaram em baixa pelo encerramento dado a eles no seriado original.
A série chegou a ter um episódio piloto gravado, mas o canal resolveu deixar o projeto de lado, ao mesmo tempo em que anunciou a aposta em House of the Dragon, uma série com potencial de público muito mais garantido do que Blood Moon. Ainda assim, nada impede que o canal revisite essa história futuramente, ou até adapte parte dela para a já citada série animada.