Além do Guarda-Roupa representa o ápice de um longo namoro entre a Warner Bros. Discovery e o audiovisual sul-coreano, segundo Silvia Fu, líder de conteúdo roteirizado da empresa. Em entrevista ao Omelete, ela contou que desde a explosão do hit “Gangnam Style”, lá em 2012, a WBD tem prestado atenção nas oportunidades de conexão entre a Coreia do Sul e outros mercados ao redor do mundo.
“No Brasil, especificamente, a busca [pelo conteúdo sul-coreano] é ainda maior, tanto em filmes quanto em séries, novelas e música”, aponta Silvia. “No caso de Além do Guarda-Roupa, além de levar em consideração esses dados, a gente quis destacar essa relação Brasil-Coreia, que existe por causa da imigração. Nossa função aqui é produzir coisas que só podem ser feitas no Brasil, então essa série veio muito a calhar.”
A presença forte de imigrantes sul-coreanos no Brasil se reflete na trama de Além do Guarda-Roupa, que acompanha Carol (Sharon Cho), uma garota coreano-brasileira que descobre um portal entre o guarda-roupa do seu quarto e o dormitório do grupo de k-pop ACT, o mais popular do planeta. A conexão com o audiovisual sul-coreano é estética e narrativa, emprestando convenções dos popularíssimos k-dramas, mas no fim das contas essa é a história de uma Cinderela paulistana.
“A gente queria muito respeitar os códigos dos k-dramas. Quando a gente começou a escrever, tinha muito essa preocupação - se íamos fazer nossa versão, tínhamos que respeitar as tradições deles”, reflete Silvia. “Isso fica óbvio no triângulo amoroso no centro da história, na velocidade com a qual as relações se desenvolvem, na conexão com a fantasia… Acho que estamos muito mais para k-drama do que para Malhação, por exemplo.”
Quem joga um pouco mais de luz sobre o equilíbrio entre essas tradições dramatúrgicas tão distintas é Geórgia Costa Araújo, produtora da série. “Percebemos muito cedo que o público brasileiro, no seu contexto cultural, se identifica muito com esses códigos [dos k-dramas]. Não é à toa que o Brasil é um dos maiores consumidores desse tipo de conteúdo no mundo”, aponta. “Esse afeto existe, essa atração pelo romantismo e pela fantasia, e nós quisemos ir de encontro a isso. O Brasil e a Coreia são convergentes - são dois lugares muito distintos, mas que convergem nessa base.”
Tal convergência, inclusive, significa que há muitas outras histórias para explorar nessa conexão dos dois países. “Nós temos uma fila de temas, projetos, ideias para o futuro”, confirma Araújo. “Quando você começa a pesquisar as possibilidades, é impossível não se ver com uma abundância de opções. É como abrir um baú de histórias não contadas sobre a relação entre essas duas culturas.”
Os três primeiros episódios de Além do Guarda-Roupa chegam à HBO Max amanhã (20). A primeira temporada contará com 10 episódios, lançados semanalmente, sempre às quintas-feiras.