Jodie Foster não economiza palavras para definir sua empolgação com True Detective: Terra Noturna. Durante entrevista ao Omelete, a estrela caracterizou a série da HBO como “o projeto que me deixou mais animada desde O Silêncio dos Inocentes”, thriller de 1991 que se tornou emblemático de sua carreira e lhe rendeu o segundo Oscar de melhor atriz.
“Essa foi a única vez desde então em que senti vontade de interpretar uma detetive, o que já diz muito! E tem sido fascinante voltar a esse mundo”, admitiu ela. “No segundo em que coloquei o uniforme, senti que já sabia totalmente quem era essa pessoa. E eu amo quem ela é, amo a ideia dessa mulher muito imperfeita em uma posição de liderança, amo que você chega a se perguntar: como deram esse cargo para essa cretina?”.
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Ao invés de traçar paralelos entre a Danvers de Terra Noturna e a Clarice de O Silêncio dos Inocentes, no entanto, Foster se mostra mais atenta às discrepâncias entre as duas personagens.
“Eu acho que Terra Noturna representa uma evolução de O Silêncio dos Inocentes. Aquele filme lidava com um tipo de misoginia muito específico de sua época e daquele universo masculino onde ele se encontrava”, refletiu a atriz. “E Clarice era a filha pródiga, de muitas formas, vivendo naquele mundo dos machos. Isso não é verdade sobre Danvers e Navarro [personagem de Kali Reis], elas são completas em si mesmas, são figuras de autoridade, e têm seus próprios jeitos femininos de lidar com as coisas”.
“Ao mesmo tempo, olha só, tem uns caras mortos por aí!”, brincou ainda. “Não é legal poder dizer isso? Ao invés de mulheres mortas, temos caras mortos na nossa trama, e as mulheres são quem investigam. É uma reversão completa”.
Levantando outras vozes
Durante o seu discurso no Globo de Ouro 2013, quando foi premiada com o Cecil B. DeMille Award pelo conjunto da carreira, Jodie Foster famosamente anunciou que estava se afastando da atuação. Embora não tenha usado a palavra “aposentadoria”, ela prometeu que o público não a veria nos mesmos formatos e nas mesmas funções que ela desempenhara até então.
Nos dez anos desde então, Foster apareceu em três filmes - e, agora, uma série de TV. Para uma atriz que sem dúvida está entre as mais requisitadas e mais seletivas de Hollywood, o que define o “sim” para um projeto como True Detective:Terra Noturna?
“Tem a ver com o principal motivo pelo qual eu continuo atuando: quero apoiar a ascensão das vozes de outras pessoas, de vozes que considero importantes”, explicou a atriz ao Omelete. “Quero trazer qualquer tipo de habilidade que eu possa ter ao set e uní-la ao trabalho de alguém, e ajudar esse alguém a se mover adiante, criativamente falando”.
“É claro que ajuda o roteiro ser fantástico. Eu comecei a ler e não conseguia parar, porque queria saber o que acontecia a seguir! Me intrigou muito a ideia da Terra Noturna, das coisas que acontecem no escuro, no Alasca, nas regiões mais inóspitas do Norte”, continuou. “Mas eu gosto mesmo é de fazer parte de uma equipe, sabe?”.
Por isso, foi a primeira reunião com a diretora Issa López que conquistou Foster de verdade para o projeto. “Quando a conheci, foi o último prego no caixão… embora essa seja uma fase muito mórbida. Mas soube que a visão dela era uma visão que eu queria apoiar, da qual eu queria fazer parte”.
O primeiro episódio de True Detective: Terra Noturna chega à HBO e à HBO Max hoje (14), às 23h. Os capítulos seguintes estreiam semanalmente, sempre aos domingos