Diversidade… imagino que começar o texto com essa palavra vai fazer com que muita gente não chegue até esse ponto final aqui do lado. Porém, por mais que alguns abominem a mera menção da palavra, o mundo caminha para frente, e todo mês vemos filmes e séries com elencos e enredos mais alinhados com a realidade do mundo. No Brasil, por exemplo, se você pega um ônibus ou metrô, as chances de seguir o trajeto sem encontrar nenhuma pessoa queer, não-branca ou com seguidora de uma crença que não seja o cristianismo é quase nula. O mundo não é mais o reflexo das nossas casas. Ele está mais plural. Essa é uma mensagem clara em Homem-Aranha Através do Aranhaverso.
Em 2018, quando estreou nos Estados Unidos, o filme original logo virou assunto por ser protagonizado por um homem-aranha negro e latino-americano. Ao lado dele, tivemos ainda duas mulheres-aranhas e vários outros personagens de diferentes ascendências. Unindo isso a uma história impecável, o primeiro filme do Aranhaverso chegou a todas as bolhas e se tornou um marco no debate sobre diversidade na cultura pop. Após esse feito, ficou a dúvida. Como um filme que fez tanto sucesso repetiria esse feito com uma sequência? A resposta foi mais fácil do que o esperado.
Com mais de 280 pessoas-aranha no elenco de Através do Aranhaverso, as possibilidades se expandiram sem limites. Dessa vez, Miles está ao lado de muito mais pessoas de diferentes credos, culturas e nacionalidades. Entre as centenas de caras de teia, ele conhece alguns bem interessantes, como o também latino Miguel O’Hara - Homem-Aranha 2099, o imprevisível Hobie Brown - o Punk-Aranha, a mulher-aranha Jessica Drew, Pavitr Prabhakar - o homem-aranha indiano, e Margo, a byte-aranha. Todas as personalidades que envolvem Miles neste filme parecem fazer parte de alguma minoria social.
Apesar de não ser o tema central da história, essa característica faz toda a diferença no enredo. O aranhaverso não seria o mesmo se todos os personagens fossem caras brancos como nos live-actions da Marvel e da Sony. A conexão que Miles faz com outros personagens negros é única e só poderia acontecer sendo eles quem são. Junto a isso, o modo como a história dele e de outros personagens se desenvolve fora do cânone do Homem-Aranha (morte de alguém) também é repleta de detalhes e significados marcantes para o imaginário dos fãs que se reconhecem na tela.
Se há 5 anos vários jovens negros ficaram felizes de se enxergarem representados por Miles, agora meninos e meninas de várias ascendências terão a mesma experiência. Afinal, como nos ensinou Stan Lee, qualquer um pode ser o amigão da sua vizinhança. Se ver na tela, ter um herói para chamar de seu ou um cosplay que é a sua cara não tem preço e, para muitos, a experiência de Homem-Aranha Através do Aranhaverso também não.