Não é nenhuma surpresa que Black Panther: The Album - Music From And Inspired By tenha atingido, em sua primeira semana, o topo da Billboard. Se fosse o novo álbum de Kendrick Lamar, já chegaria. Mas o álbum não é isso: ele combina o talento do rapper mais comentado do momento com um dos maiores filmes de super-herói da história. A trilha sonora era sucesso garantido - e agora, comprovado.
“Black Panther”
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Não tinha como começar de outra maneira. Black Panther: The Album abre com uma de suas únicas performances solo, e uma de suas melhores faixas, com Kendrick Lamar na apropriadamente intitulada “Black Panther”. Lamar faz seu rap com a linguagem que ele é mestre, e encarna a perspectiva de T’Challa, traçando um paralelo não só belo como confessional, que passa pelas responsabilidades de ser um símbolo para tantos.
“All The Stars”
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O dueto de Lamar e SZA é a maior balada do disco, que serviu como música dos créditos e é o momento mais leve do álbum. “All The Stars” foi o primeiro single e melhora a cada vez que você ouve. A faixa cresce com a produção grandiosa de Al Shux, em sua única contribuição ao álbum.
“X”
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"X" é uma das faixas do álbum que não traz Kendrick Lamar nos créditos vocais, mas ele pode ser ouvido durante ela inteira. Com os americanos Schoolboy Q, 2 Chainz e o rapper sul-africano Saudi alternando momentos de hip-hop cheios de referência ao trono de Wakanda, além de trechos em zulu, "X" é um dos grandes momentos da trilha sonora, cujo simples título, “X”, pode ser entendido como uma referência ao estilo de saudação de Wakanda, com os braços cruzados.
“The Ways”
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A faixa romântica de Khalid e Swae Lee é um R&B com traz o groove que mais chama atenção no álbum. Cantando para uma “power girl” que, para quem viu o filme, é claramente Nakia, a personagem de Lupita Nyong’o, os vocalistas fazem uma canção de amor que vangloria o mistério e a força da heroína.
O que Black Panther: The Album fez de inovador foi ultrapassar as fronteiras do filme. O disco não é (apenas) a apresentação das músicas do novo lançamento da Marvel, mas traz 14 faixas que reúnem diversos talentos, cujo sucesso e reconhecimento na indústria varia (e muito). Foram artistas selecionados que tiveram a oportunidade de criar músicas inspiradas na história de alguma maneira, e sua reunião no álbum que teve curadoria de Lamar é mais uma exaltação da cultura africana, como o próprio filme fez. De certo modo, o álbum até complementa o filme, e comprova como o vilão Killmonger é uma das melhores coisas que a Marvel já fez; com uma complexidade inédita, o personagem é diversas vezes mencionado no álbum como uma figura relacionável, possivelmente até mais que T'Challa.
“I Am”
A segunda performance solo de Black Panther: The Album vem da jovem Jorja Smith, cantora inglesa de 20 anos, que faz uma performance soul, lenta e bela, sobre forças e sacrifícios. Pouco antes do fim, Lamar se une à cantora para um dueto singelo com instrumentação e produção que combinam perfeitamente.
“Paramedic”
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“I Am Kilmonger!”, começa “Paramedic", emendando em um coro. A faixa é outro destaque da trilha, narrando a vida nas ruas e fazendo paralelos com o vilão do filme da Marvel. A música serve como oportunidade para chamar atenção aos jovens talentos do coletivo de hip-hop SOB x RBE, que brilha no fim especialmente, com a parte de Yhung T.O.
“Opps”
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A faixa começa com Lamar abrindo a deixa para a entrada de Vince Staples e Yugen Blakrok, que faz uma das melhores performances do álbum, com jogos de palavras e um ritmo impressionante. A letra inteira trata de gangues e policiais, onde a sul-africana curiosamente faz referências à DC; na letra, logo após falar que “soca como um cyborg” ela menciona Gotham City.
“Bloody Waters”
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“Bloody Waters” parece ter se inspirado nos duelos pelo trono de Wakanda. Os sons e palavras que remetem à agua o tempo inteiro, com os vocais principais dos americanos Ab-Soul e Anderson .Paak se alternando em frases como “sangue nas minhas mãos, preciso de água quente” e “tem algo na água”. A faixa ainda termina com uma brisa bonita na voz de James Blake.
“Big Shot”
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Para “Big Shot”, Kendrick Lamar se une a Travis Scott, com quem já fez turnê e colaborou na faixa “Goosebumps”, do álbum Birds in the Trap Sing McKnight, de Travis. Logo depois das narrações de dificuldades de “Seasons”, “Big Shot” faz o oposto, descrevendo riquezas e a vida cheia de estilo. A música começa com “Wakanda, bem-vindos”, o que talvez signifique que a música descreva a riqueza da nação de T’Challa.
“Redemption Interlude/Redemption”
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“Redemption” começa calma, com um piano suave e a voz de Zacari, que já tinha colaborado com Lamar no aclamado álbum de 2017, DAMN. Na segunda faixa, a música entra com uma batida africana e traz a sul-africana Babes Wodumo, proclamando frases africanas sobre aprender com o passado e seguir em frente. A música varia em ritmos e destaca a diversidade do álbum como um todo.
“King’s Dead”
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Possivelmente a melhor música do álbum, “King’s Dead” traz um belo line-up, unindo Kendrick Lamar com Jay Rock, Future e James Blake. A música é cheia de camadas e caminha rápido entre partes diferentes, com o trecho final trazendo Lamar se proclamando o rei Killmonger, demonstrando como, além de T’Challa, também existem paralelos entre ele e o vilão. A faixa entrará no próximo álbum de Jay Rock.
"Seasons"
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A 12ª música de Black Panther: The Album é um rap melancólico na voz dos californianos Mozzy e Reason, e do sul-africano Sjava, onde os três descrevem as dificuldades vividas por afro-descendentes. Em Zulu, Sjava canta: “Daonde eu vim, se você vem de lá, eles dizem que você não consegue sucesso. Estou surpreso que eu estou aqui, eu consegui”. “Seasons” é marcante e deixa seu impacto principalmente pela letra, que termina unindo os povos africanos na forma dos personagens de Pantera Negra: “Eu sou T’Challa, Eu sou Killmonger. Um mundo, um Deus, uma família”.
“Pray For Me”
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A música que fecha o álbum traz a antecipada participação de The Weeknd na trilha. E a espera valeu. The Weeknd e Kendrick Lamar se uniram para uma música que é certamente uma das melhores do álbum e fecham a obra com perfeição. O refrão emocionante de Weeknd se complementa aos versos sofridos de Lamar, criando um clima de tristeza, espiritualidade e independência. A música traz a ideia de que você pode achar o herói em si mesmo, com Lamar cantando “se você precisa de um herói, olhe no espelho, ele está lá”, e o álbum terminando com a frase: “eu vivo com a minha própria lei, comigo mesmo”.
Kendrick Lamar participa em todas as músicas do álbum de algum modo, e pode ser ouvido em diferentes trechos durante toda a duração do disco, produzido também por seu colaborador tradicional, Sounwave.
Leia nossa crítica de Black Panther: The Album - Music From And Inspired By e confira aqui 10 curiosidades sobre a trilha sonora.
Fizemos abaixo um faixa a faixa que passa por cada uma das ótimas músicas do álbum. Confira: