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Damon Lindelof fala pela última vez sobre o final de Lost

"Chega. Estou fora", disse o roteirista

03.10.2013, às 13H27.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Convidado do THR a escrever um artigo sobre Breaking Bad e seu episódio final, Damon Lindelof, um dos criadores e roteiristas de Lost decidiu falar sobre o polêmico final de sua própria série. Pela última vez.

Damon Lindelof

Damon Lindelof

O texto pode ser lido na íntegra (em inglês) no site da revista, mas traduzimos abaixo as partes mais importantes que resumem como Lindelof se sente com o constante falatório dos fãs - tanto daqueles que gostaram do final de sua série, como daqueles que odiaram e não medem palavras para se expressar. Confira:

[Cuidado, possíveis spoilers sobre ambos episódios finais, Breaking Bad e Lost!]

"Quando uma série é tão brilhante quanto Breaking Bad, [ela] não é somente sobre as pessoas que estamos assistindo, mas também sobre as pessoas que a assiste. Sobre nós. Em outras palavras, quanto melhor a série, mais ela te força a olhar para si mesmo. Na noite de domingo, eu pude refletir bem sobre mim mesmo e [...] nesta manhã, me vejo como Walter White. Arrogante. Pretensioso. Egoísta. Procurando maneiras de culpar a tudo e todos menos eu mesmo, ainda que esteja perfeitamente claro que a situação em que me encontro foi causada por mim. E a pior parte é que ainda sou ingênuo o suficiente para acreditar que posso conseguir algum tipo de redenção.

[...]

Nos comentários do artigo que não escrevi, os seguintes sentimentos seriam ecoados dezenas de vezes: 'o que você sabe? Você estragou o fim de Lost!' Como eu sei disso? Pra começar, meu Twitter era só 'viu isso, Lindelof? É assim que se termina uma série!'

Três anos depois, parece que não é necessário somente amar o final de Breaking Bad. Você também precisa odiar o nosso. É, eu sei. Que peninha de mim. Devo ir chorar em meus barris de dinheiro. Mas eu juro, não estou atrás de simpatia. Só quero encontrar um jeito de acabar com tudo isso. E não encontro.

Alcoólatras são inteligentes o suficiente a não entrar em um bar. O meu bar é o Twitter. É a Comic-Con. É qualquer momento que alguém me pede para escrever um artigo que remotamente se relacione a Lost.

E o que eu faço? Corro para a oportunidade de reconhecer quantas pessoas estão insatisfeitas com o final da série. Tento ser auto depreciativo e espirituoso quando faço isso, mas é tudo um mecanismo de defesa elaborado (ou óbvio?) de avisar as pessoas que estou ciente do problema, mas me nego a reconhecê-lo.

[...]

Mas devo apontar que nem todo mundo se sente assim. Existem fãs que adoram a maneira como Lost terminou. E posso sentir o abuso pelo qual eles passaram por ter uma opinião que se tornou altamente singular, o que me faz amá-los ainda mais. Infelizmente, essas boas almas são soterradas por almas não tão boas assim.

Se eu estou cansado de continuar falando sobre o mesmo assunto, imagino o quanto você estão cansados de ouvir. Se para mim é desagradável e desgastante continuar defendendo o final de Lost, você não está ficando cansado de odiá-lo? Desta forma, eu, assim como Walter White, quero minha liberdade. E quero dar o mesmo a você.

Quero fazer um pacto, eu e você. E essa é a sua parte: reconheça que eu sei como você se sente com o final de Lost. Eu entendi. Eu te ouvi. Pensarei em seu descontentamento para todo o sempre. Ele estará comigo até a minha morte, quando a câmera lentamente for se afastando para cima, seja um cachorro solitário ou uma equipe da SWAT chegando perto de mim enquanto dou meu último suspiro.

E aqui vai a minha parte: eu finalmente vou parar de falar sobre esse assunto. Não estou fazendo isso porque me sinto superior a nada, estou fazendo porque aceito que não conseguirei mudar opiniões. Não vou te convencer que eles não estavam mortos o tempo todo, nem te ressentir porque você acredita nisso apesar de todas as minhas declarações dizerem o contrário.

[...]

Eu manterei minha parte do pacto. Chega. Estou fora. Mas apenas mais uma coisa antes de ir...

Me garanto sobre o final de Lost. Era a história que queríamos contar e a contamos. Sem desculpas. Relembro de tudo com carinho, assim como todo o processo de criação da série. E enquanto sempre me importarei com o que você pensa, não posso mais ser escravo disso. E eis o porque:

Eu fiz para mim mesmo. Eu gostei. Eu era bom no que fazia. E eu estava realmente... Eu estava vivo."