Mashle: Magia e Músculos

Mangás e Animes

Crítica

Mistura de Saitama e Harry Potter, Mashle é doce surpresa para nerds e otakus

Adaptação do mangá investe na paródia e cativa pelo ridículo

12.07.2023, às 17H31.

A indústria japonesa produz centenas de animes todos os anos, e não é sempre que uma novidade toma a atenção do público e o espaço dominado pelas lutas épicas e as adaptações de mangás de sucesso. Uma feliz exceção é Mashle: Magia e Músculos.

No anime, que adapta a obra de Hajime Komoto, conhecemos um mundo em que todos os seres humanos nascem com o dom da magia. Isso muda quando surge uma criança sem essa habilidade, Mash Burnedead, um adolescente cheio de músculos, mas vazio de magia. Considerado uma aberração, Mash se refugia na floresta, até que um dia é pego e obrigado a frequentar uma escola de magia à la Hogwarts.

Essa clara paródia de Harry Potter — em que o ingresso na escola não é um prêmio, e sim um castigo — é o primeiro contato do anime com a audiência. Os principais momentos da franquia do cinema são revividos a cada episódio na releitura de Mashle, seja a primeira aula de voo de Harry, o cuidado com as mandrágoras ou o quadribol. O paralelo acontece no anime como homenagem e como sátira, uma escolha única e inusitada que torna a obra agradável para quem eventualmente mantenha hoje uma relação de amor e ódio com a criação de J.K. Rowling.

Mashle combina essas referências à obra ocidental com situações e conceitos-chave vistos em outros animes, muitos deles de sucesso, como One Punch Man. Assim como o protagonista Saitama, Mash nasceu sem habilidade especial e conquista na base do treino uma força que supera qualquer magia. O que o limita é a displicência, outro elemento consagrado que Mashle adapta no seu pastiche; o desinteresse descomunal de Mash torna tudo extremamente cômico no anime. Seja por compulsão por profiteroles, sua capacidade de malhar em qualquer situação ou seu péssimo desempenho em matemática, tudo é pretexto para uma punchline.

A série não faz muita questão de investir em suspensão de descrença e apresenta os clímax e desfechos mais absurdos possíveis. Inicialmente, vemos Mash lidando com seus problemas ao melhor estilo Saitama: com apenas um soco. Com o passar dos episódios, a vida do personagem fica mais difícil e ele precisa recorrer a outros músculos para acabar com seus obstáculos. O compromisso com que a série abraça a sátira e o ridículo suprem a falta de complexidade. Desde já é uma das melhores surpresas entre as estreias do ano nos animes, um entretenimento despretensioso que só um bom azarão pode às vezes proporcionar.

Nota do Crítico
Bom