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Martin Scorsese elabora crítica à Marvel em editorial para o New York Times

Diretor usou a falta de riscos tomados pela franquia como argumento central de seus comentários

04.11.2019, às 23H44.
Atualizada em 05.11.2019, ÀS 12H56

Mais de um mês após declarar que os filmes do Marvel Studiosnão são cinema”, Martin Scorsese decidiu desenvolver sua crítica em um editorial para a publicação americana New York Times. No texto, o cineasta afirma que sua opinião é baseada na forma de se consumir e produzir filmes de franquia, cada vez mais dominantes nas salas de cinema atuais, dando menos espaço para trabalhos originais.

Para o diretor, a situação atual de Hollywood é comparável ao dilema do “ovo e da galinha”, pois quanto mais os estúdios produzem aquilo o que o público que consumir, mais os espectadores se acomodam com a “falta de riscos” apresentada pelos cineastas.

Scorsese reforça que filmes como Psicose e Pacto Sinistro, de Alfred Hitchcock, se assemelham a franquias atuais pelo fato de suas estreias serem consideradas grandes eventos, mas que a veneração por esses filmes, quase 70 anos depois de chegarem aos cinemas, se deve pela qualidade das obras e não pelo seu alcance de público. O diretor ainda lamenta o grande número de cinemas independentes indo à falência, diminuindo o número de opções de filmes disponíveis para o público.

Segundo o cineasta, a opção das grandes redes de cinema por reservar diversas salas para a exibição de blockbusters e franquias faz com que diretores e produtores precisem procurar maneiras alternativas para produzir e lançar seus filmes, como é o caso de O Irlandês, novo filme de Scorsese que ficará por pouco tempo em cartaz antes de chegar à Netflix no final do mês. O diretor diz ainda que hoje existe uma grande divisão na indústria: o entretenimento audiovisual global e cinema e que, apesar de eles não serem opostos, está cada vez mais difícil encontrar uma combinação de ambos.

Em sua conclusão, Socrsese afirma que o cenário atual de Hollywood se tornou inóspito para “quem sonha em fazer filmes ou está começando a carreira agora”.