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Falcão e o Soldado Invernal fala de confiança em episódio que expande a história

Chegada do Barão Zemo adiciona elementos importantes à trama e questiona conceito de heroísmo tradicional

02.04.2021, às 10H35.
Atualizada em 02.04.2021, ÀS 13H32

[Cuidado com spoilers da série abaixo]

Com apenas três episódios restantes, Falcão e o Soldado Invernal chegou à metade de sua jornada com um capítulo importante. Lançado nesta sexta (2), “Power Broker” tem a adição importante de dois personagens aguardados pelos fãs e, como não poderia ser diferente se tratando do MCU, de uma pequena surpresa que promete conectar a série com o cinema.

A chegada do Barão Zemo (Daniel Brühl) foi uma ótima adição ao seriado. Com mais tempo de tela do que em sua passagem pelo cinema, o personagem esbanja carisma e se encaixa muito bem na dinâmica entre Sam (Anthony Mackie) e Bucky (Sebastian Stan), que ganha novas camadas enquanto investigam de onde surgiram os novos Super Soldados.

Agora tudo se trata de confiança: Sam precisa confiar nas decisões Bucky; os dois precisam (ainda que relutantemente) confiar em Zemo e até mesmo Sharon Carter (Emily VanCamp) precisa confiar naquele grupo improvável. Exilada dos EUA após os acontecimentos do cinema, Sharon mostra que começou uma nova vida em Madripoor e, apesar de viver relativamente bem, nutre um grande ressentimento com os Vingadores, que a deixaram pelo caminho no meio de batalhas contra seres de outros planetas e afins.

Aliás, é interessante como o conceito de heroísmo é novamente questionado em Falcão e o Soldado Invernal. A Marvel fez isso em WandaVision ao mostrar como Wanda foi deixada de lado em meio ao seu luto, e repete o tema aqui. Soa quase como uma autocrítica do estúdio à sua megalomania nos cinemas: enquanto magos supremos e titãs lutam no espaço, pessoas comuns têm suas vidas afetadas e não recebem nem um agradecimento.

Encontro entre passado e futuro

Citamos acima que Sharon Carter está vivendo em Madripoor, ilha conhecida nos quadrinhos por ser um refúgio dos mutantes. E, é claro, a presença do cenário aqui alimenta diversas teorias para a aguardada apresentação dos X-Men no MCU. Os criadores de Falcão e o Soldado Invernal sabem disso e acrescentaram alguns easter eggs interessantes, com a placa do Bar Princesa, já visitado por Wolverine nos quadrinhos. Apesar de todos esses pontos, “Power Broker” não deu indícios da presença dos mutantes no local. Ainda que a teoria não possa ser totalmente descartada - afinal, a Cidade Baixa é cheia de possibilidades - vale a pena segurar um pouco a empolgação, já que a minissérie tem apenas três capítulos pela frente.

Madripoor não serviu para apresentar os mutantes, mas a ida de Sam, Zemo e Bucky ao local trouxe ideias interessantes, especialmente falando do ex-Soldado Invernal. O trio se disfarça para passar despercebido e Bucky precisa usar a roupa do alter ego que ele preferia esquecer. Para além disso, ele precisa fingir ser controlado por Zemo até que eles consigam as informações necessárias sobre o soro do Super Soldado. A série acerta bastante ao focar no rosto de Bucky em tais momentos: chega a ser angustiante ver o custo de reviver tudo e como o personagem de Sebastian Stan se sente cada vez menos humano com toda a situação. Se antes Bucky estava trabalhando em seus traumas, dessa vez ele precisou encará-los de frente em prol de uma causa maior.

O terceiro episódio de Falcão e o Soldado Invernal chega ao final deixando um gancho importante: Ayo (Florence Kasumba), parte da guarda real das Dora Milaje de Wakanda, vai atrás do trio quando descobre que Zemo está solto. Como o seriado bem relembra, o personagem de Brühl foi o responsável pela morte do Rei T’Chaka e isso não é algo facilmente esquecido pelo reino. Além disso, Bucky ficou exilado por um tempo em Wakanda e tem um sentimento de gratidão com o local. Curiosamente, essa situação faz um paralelo com Steve Rogers em Capitão América: Guerra Civil. Lá, o Capitão escondeu Bucky de Tony Stark - embora soubesse da culpa do amigo - e aqui Bucky terá a escolha de esconder ou não Zemo das mãos das Dora Milaje, até conseguir as respostas que precisa.

É preciso citar também o comportamento de Sam Wilson em meio a tudo isso. O personagem de Anthony Mackie fica extremamente incomodado com os meios escolhidos por Bucky, não gosta de fingir ser alguém que não é e se preocupa com a situação de Sharon em Madripoor. A cada cena, Sam se torna mais parecido Steve Rogers, provando que a série é, além de tudo, um amadurecimento para o personagem. Sam Wilson é um herói e sabe ser o Falcão dos Vingadores, mas aqui ele está evoluindo para se tornar, finalmente, o novo Capitão América.

Falcão e o Soldado Invernal tem novos episódios disponibilizados toda sexta-feira no Disney+.