[Atenção: spoilers de "Por Todo Tempo. Sempre", de Loki, a seguir]
As suspeitas dos fãs de Loki se confirmaram, e o vilão Kang, o Conquistador foi introduzido ao MCU. Quer dizer, uma versão dele. Em "Por Todo Tempo. Sempre", o sexto e último episódio da temporada, o ator Jonathan Majors aparece como uma versão dita mais boazinha, conhecida como Aquele Que Permanece, que assume para Loki (Tom Hiddleston) e Sylvie (Sophia di Martino) a autoria da AVT. Mas, segundo ele, esse foi um mal prático e necessário para pôr um ponto final na Guerra Multiversal. Porque quando ele, um cientista terráqueo do século XXXI, descobriu a existência de diferentes realidades, também se deparou com variantes de si mesmo que viam no multiverso a oportunidade de conquistar novas terras.
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É assim que a Casa das Ideias apresenta aquele que pode ser o próximo grande vilão do universo compartilhado. E nesse monólogo, que oscila entre o caricato e o honesto, está a essência do personagem nas HQs. Afinal, além de enfrentar os Vingadores e o Quarteto Fantástico, Kang de fato costuma ser seu próprio adversário. Tanto que ele chega a criar o Conselho dos Kang, uma organização cujo objetivo é eliminar suas duplicatas. Ou seja, estamos diante de um personagem complexo, que assume diferentes identidades conforme suas viagens no tempo. E elas são muitas.
Portanto, há mais de um ponto de partida para sua jornada caótica nos quadrinhos. Mas que tal começarmos justamente no século XXXI, como anunciou Majors na série do Disney+, na Terra-616? Naquela época, Kang atendia pelo nome de Nathaniel Richards. Se o sobrenome chamou a sua atenção, você realmente tem motivo para suspeitar. Acredita-se que Nathaniel era um descendente de Reed Richards, também conhecido como Sr. Fantástico, e ele descobre como viajar no tempo explorando uma tecnologia criada pelo Doutor Destino, o supervilão do Quarteto. Ele, então, vai para o Egito Antigo, onde se torna o faraó Rama-Tut.
Acontece que Rama-Tut já havia sido derrotado pelo Quarteto Fantástico um ano antes -- isso, que fique claro, na linha do tempo dos leitores. Como resultado, o vilão é mandado de volta para o futuro, mas continua suas viagens no tempo e, eventualmente, enfrenta os Vingadores no presente.
Há, porém, uma outra origem relevante, mas esta não começa na Terra-616, e sim na Terra-6311. Ali, a Idade Média nunca aconteceu e isso permitiu um desenvolvimento tecnológico intenso e veloz. A excursão para a Lua, por exemplo, ocorreu em 900 D.C., e este evento em específico é central para a jornada do personagem. Porque, depois de uma época muito próspera, a colônia estabelecida na Lua declara guerra contra a Terra e todos os avanços são perdidos. Este só não é o fim porque um Nathaniel Richards tentando viajar no tempo vai parar nessa Terra alternativa, onde ajuda o mundo a restabelecer tudo o que foi perdido. Por seus feitos, ele passa a ser conhecido como um lendário benfeitor.
Quase dois milênios depois, um de seus descendentes, batizado em sua homenagem, segue seus passos trabalhando com robótica, e é muito dedicado. Tão dedicado que um grave ferimento o deixa de cama por um ano, mas nem assim ele para seus estudos. Durante esse tempo, ele analisa os arquivos sobre as muitas dimensões trazidos da Terra-616 pelo seu parente distante e, a partir daí, começa a desvendar muitos mistérios sobre o benfeitor, entre os quais a sua cidadela e uma câmara, onde estão escondidos uma máquina do tempo e instruções de operação.
Sim, toda a jornada de Kang desde os anos 1960, quando foi criado por Stan Lee e Jack Kirby, até hoje é um grande e complicado nó. E quanto mais você se aprofunda na lore do personagem, fica pior. Porque tudo está conectado, inclusive essas duas histórias de origem que parecem tão distantes uma da outra.
Por exemplo, você descobre que o pai de Reed Richards chamava-se também Nathaniel Richards e era um viajante do tempo. Ele chega a se tornar o Kang em muitas realidades, mas não em todas. A relação de Kang e Alioth, por sua vez, não é tão simples quanto o personagem de Jonathan Majors descreve. Os dois são, na realidade, adversários, e a nuvem roxa chega a tomar o império do Conquistador em uma ocasião por causa de Ravonna Renslayer, na época usando o codinome Terminatrix. A própria história entre o vilão e Renslayer é um grande vai-e-vem de amor e ódio, espalhado no passado, presente e futuro.
O importante de se entender sobre o personagem é exatamente o que Loki apresentou no finale: entre suas muitas versões, estão presentes o desejo de viajar pelo tempo e o ímpeto de conquistar e manter o que considera ser seu. Ele é, portanto, um especialista na manipulação do tempo e grande conhecedor dos avanços tecnológicos do futuro. Por isso, inclusive, ele tem todo o tipo de arma à sua disposição -- em uma ocasião, ele chegou a transferir sua mente para um corpo alternativo para manter-se vivo depois de morrer --, assim como um exército de guerreiros.
Seu visual icônico, isto é, a sua armadura robusta permite que ele faça todo tipo de coisa, desde levantar cinco toneladas e se proteger de um ataque nuclear até se alimentar (e se aliviar). E isso tudo nas mãos de um estrategista militar determinado, como Kang, abre um imenso leque de possibilidades. Logo, não há dúvidas de que ele é uma adição e tanto para o MCU nessa fase 4.
Mas, além da sua imponência, Kang também representa a possibilidade de explorar diferentes linhas do tempo e apresentar novos personagens ao universo cinematográfico, como os já citados Doutor Destino, o Quarteto Fantástico e os tão especulados Jovens Vingadores. Por enquanto, não está claro se ele retorna para a segunda temporada de Loki, mas o personagem certamente dará as caras em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, marcado para 17 de fevereiro de 2023.
Qual versão do Kang -- ou até se virá mais de uma -- segue como um mistério. Conheça algumas das possibilidades apresentadas nos quadrinhos a seguir:
Kang, o Conquistador
Marvel Comics/Reprodução
Esta é a versão vilanesca mais conhecida do personagem. No século XV, ele constrói para si sua famosa armadura, conquista a Terra e, no seu constante vai-e-vem no tempo, enfrenta os heróis da Marvel muitas e muitas vezes.
Immortus
Marvel Comics/Reprodução
Immortus, por sua vez, é uma versão mais velha do personagem, que foi contratado pelos Guardiões do Tempo para, adivinhe só, manter a integridade da linha do tempo.
Rama-Tut
Marvel Comics/Reprodução
Rama-Tut, como foi mencionado antes, foi uma das primeiras identidades assumidas por Kang nas HQs. Ele apareceu pela primeira vez nas páginas do Quarteto Fantástico #19 e uma curiosidade interessante é que ele viajava no tempo usando uma pirâmide voadora.
Rapaz de Ferro
Marvel Comics/Reprodução
Um jovem Kang certa vez tentou impedir a sua transformação em um tirano e viajou no tempo para avisar os Vingadores. O plano não foi exatamente bem-sucedido e, por isso, ele decidiu criar sua própria equipe de heróis, os Jovens Vingadores, e assumir o codinome Rapaz de Ferro. Porém, mexer com o passado causa problemas graves no futuro e ele acaba deixando sua vida de herói para trás. E mais: de volta para casa, ele se torna o temido Kang.
Centurião Escarlate
Marvel Comics/Reprodução
Essa versão alternativa tem uma uma armadura inspirada no Doutor Destino, já se envolveu com Carol Danvers e foi capaz de criar uma maneira de viajar no tempo sem criar novas realidades.
Victor Timely
Marvel Comics/Reprodução
Quando voltou para o início do século XX, Kang criou nos Estados Unidos uma cidade chamada Timely e assumiu o nome Victor Timely. Apresentado como um inventor e industrialista, o personagem inspirou a criação do andróide original do Tocha Humana que, além de lutar ao lado do Capitão América na Segunda Guerra Mundial, foi a base para a criação do Visão.
A história, então, se complica, porque o sintozóide tenta derrotar Kang sequestrando-o quando criança, mas isso claramente não funciona. Visão acaba criando uma versão ainda pior do vilão -- e com mais nomes.
Kamala Kang
Marvel Comics/Reprodução
Essa é possivelmente uma das versões mais improváveis de aparecer nos cinemas, mas não poderia ficar de fora dessa lista. O crossover entre a Ms. Marvel e o vilão aconteceu como consequência do enredo das Guerras Infinitas e eventualmente foi desfeito. Mas, com um visual legal desses, renderia um bom easter egg no futuro caótico do MCU.