Se os esforços fracassados de Titânia (Jameela Jamil) davam margem para dúvidas, She-Hulk deixou claro de uma vez por todas que sua heroína corre grave perigo. No sexto episódio, enquanto Jen (Tatiana Maslany) lida com o ego frágil da super influencer e com os mandos e desmandos da sua “amiga” Lulu (Patti Harrison), Nikki (Ginger Gonzaga) e Mallory (Renée Elise Goldsberry) descobrem por acaso um fórum na internet chamado Inteligência, onde um grupo de anônimos misóginos planeja um atentado contra She-Hulk. Afrontosa, a mente por trás do esquema é identificada apenas como “HulkKing”, isto é, “rei Hulk”, uma provocação que não disfarça seu incômodo com a existência da prima de Bruce Banner (Mark Ruffalo).
Por mais que o apelido por si só não entregue nenhuma pista sobre sua identidade — a semelhança com o nome do Jovem Vingador Hulkling, no caso, parece ser apenas uma curiosa coincidência —, Inteligência é o termo importante que pode ajudar a situar o que está de fato acontecendo.
Apresentada em 2009 pela dupla de quadrinistas Jeff Parker e Paul Pelletier, nas páginas Inteligência não é um fórum de internet, mas uma aliança entre os vilões mais inteligentes da Marvel que, após os eventos de Hulk Contra o Mundo, decidem criar um adversário à altura do Gigante Esmeralda. Seus líderes são ninguém menos que M.O.D.O.K. e O Líder, duas figuras já confirmadas em produções da Fase 5 do MCU — Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania e Capitão América: Nova Ordem Mundial, respectivamente —, o que torna a menção ao grupo longe de aleatória.
Marvel Comics/Reprodução
Considerando que, ao final do episódio, os planos do HulkKing são atrelados à tentativa frustrada da Gangue da Demolição de conseguir uma amostra de sangue de Jen, as peças deste quebra-cabeça parecem finalmente se alinhar. Veja, a misoginia do ambiente digital serve, senão como um artifício particular para dar liga com o grande tema de She-Hulk até aqui, como um chamariz para atrair aliados espontâneos, dispostos a servir ao propósito megalomaníaco deste misterioso líder. Porque, quer ele concorde ou não com todo o ódio à figura da mulher heróica — que existe, sim, como é muito bem estabelecido na série —, seu objetivo em incitar e esquematizar a morte de Jen vai além dessa vilania (infelizmente) cotidiana. Ele muito provavelmente está interessado em ter o controle do único Hulk na Terra. Porque, se você se lembrar, Bruce partiu para o espaço em uma missão misteriosa e, desde então, está incomunicável.
O seriado já deu a entender que essa teoria pode, no mínimo, ter um fundo de verdade ao apresentar Todd (John Bass), aquele cara horripilante que, do nada, declarou que queria fazer de Jen sua cobaia. Como se não bastasse esse comportamento estranho no date, condizente com os planos descritos acima, ele também se colocou de modo antagônico à advogada durante seu depoimento no tribunal, quando disse que ela “se exibia com seus poderes”. É, portanto, difícil de acreditar que isso tudo tenha sido em vão.
Contudo, sobra a pergunta: quem poderia ser HulkKing? Embora M.O.D.O.K. vá dar as caras antes, tudo aponta para que seja O Líder. Para começar, este é um personagem que está no cercadinho do Hulk e mais: que já está muito habituado a fazer experiências com o sangue do herói. Logo, não seria muito complicado inseri-lo neste contexto. Na realidade, Jen poderia ser uma chance para ele retomar sua pesquisa. Mas, mais importante que a conveniência, faria sentido com o que está no cerne do personagem e sua última aparição no MCU.
Como o Gigante Esmeralda, nos quadrinhos Samuel Sterns passa por uma transformação ao ser exposto à radiação gama. No entanto, o resultado é bem diferente: em vez de músculos, ele ganha inteligência — ou seja, ele pode até rivalizar com o físico Bruce Banner, mas certamente não com o Hulk. Haveria, portanto, uma justificativa para seu desejo de criar alguém à altura do Vingador que fosse fiel aos seus objetivos. Além disso, sua aparição em She-Hulk justificaria a menção a O Incrível Hulk lá no começo da série, não só para lembrar o público da figura de Tim Blake Nelson, que o interpretou em 2008, como também que, no filme, ele passa pela citada transformação — no entanto, como Jen, ele é contaminado pelo sangue do Hulk.
É claro que ainda há muitos elementos no campo do especulativo — e isso porque sequer mencionei que a tal criação pode ser o Hulk Vermelho que, nos quadrinhos, é o alter-ego do General Thaddeus Thunderbolt Ross, personagem interpretado até então pelo ator William Hurt. No entanto, uma coisa é certa: Titânia foi uma distração. O vilão principal de She-Hulk ainda está por vir, e ele está mais conectado com o futuro do MCU do que qualquer um poderia imaginar.
She-Hulk é exibida às quintas, no Disney+. Antes do próximo episódio, confira a nossa entrevista com a atriz Tatiana Maslany:
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