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WandaVision | Bom segundo episódio continua viagem por sitcoms históricas

Talento cômico de Elizabeth Olsen e Paul Bettany brilha em capítulo que presta homenagem a A Feiticeira

15.01.2021, às 10H52.
Atualizada em 15.01.2021, ÀS 11H54

[Atenção! Contém spoilers do primeiro e segundo episódio de WandaVision]

Promovida como uma sitcom desde que foi anunciada, WandaVision rapidamente incorporou os principais elementos do popular gênero de comédia, com seu capítulo de estreia prestando ótima homenagem a clássicos como The Dick Van Dycke Show e I Love Lucy. Seguindo sua “turnê” pelos seriados familiares mais importantes de cada década, o segundo episódio da série levou os heróis do MCU para um cenário mais próximo de A Feiticeira, exibido entre 1964 e 1972.

A atenção e carinho com os quais a equipe da produção recriam o cenário sessentista pode ser visto já na primeira cena, em que Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) usam seus poderes para investigar um barulho assustador vindo de seu perfeito quintal. Do design do set à atuação dos protagonistas, tudo parece ter sido estudado nos mínimos detalhes para homenagear A Feiticeira sem sacrificar a própria identidade. A sequência de abertura, que recria a animação que introduzia a série dos anos 1960, também deixa claro o amor da equipe pelas histórias que se propuseram a contar.

Ainda que use a atmosfera de sitcom como um disfarce para a história dos traumas de Wanda, o segundo episódio de WandaVision quebra essa realidade cômica de maneira bem menos sutil que seu antecessor. Mensagens estranhas no rádio, helicópteros de controle remoto com um símbolo peculiar (lembram do final do primeiro episódio?) e um chamado arrepiante dos misteriosos vizinhos deixam claro o desligamento de Wanda da realidade, introduzindo aos poucos o arco que dominará a temporada.

Essa mudança drástica de atmosfera entra uma cena e outra poderia facilmente se tornar um problema para a série, não fosse a atuação de Olsen. Familiarizada desde a infância com o mundo das comédias, a atriz consegue equilibrar de maneira competente a irreverência desse universo fantasioso com a representação da psique traumatizada de Wanda – ainda que esta dê as caras em apenas poucos momentos. Essa qualidade se destaca especialmente em um momento no fim do episódio, quando Wanda se recusa a ver um estranho intruso invadir sua idílica fantasia de futura mãe com um simples mas enfático "não", que imediatamente faz com que as imagem sejam rebobinadas até o momento anterior à interrupção.

Assim como a colega, Bettany atinge um novo patamar em sua atuação graças aos ótimos momentos de humor físico proporcionados pelo roteiro. Formado no teatro, o ator inglês consegue finalmente levar para as telas o que aprendeu nos palcos, criando uma versão do Visão que é paradoxalmente hilária como Dick York – o primeiro Darrin de A Feiticeira – e séria como o sintozóide apresentado no MCU.

Por mais que pouco da trama se desenvolva neste segundo episódio, seus trinta minutos se mostram proveitosos por desenvolver as relações entre Wanda e Visão e entre o casal e seus vizinhos. Agnes (Kathryn Hahn), por exemplo, salta de vizinha enxerida para amiga próxima, enquanto Monica Rambeau (Teyonah Parris) faz sua primeira aparição na série, apresentando-se como Geraldine e imediatamente se conectando a Wanda.

Continuando a missão de seu antecessor, o capítulo mais recente de WandaVision segue firme construindo o mundo único apresentado na estreia. Ainda que siga o ritmo de um primeiro ato introdutório, essa meia-hora mantém o nível de qualidade da produção, roteiro e atuação do primeiro episódio, mostrando o compromisso da série em continuar trazendo algo diferente ao MCU.

O terceiro episódio de WandaVision chega ao Disney+ na próxima sexta-feira (22), às 4h, horário de Brasília.