[Atenção! Contém spoilers do quinto episódio de WandaVision]
Depois de um início muito metalinguístico, explorando o universo de sitcoms clássicas, e de um quarto episódio quase completamente explanatório, WandaVision finalmente ganha ritmo ao entrelaçar o mundo criado por Wanda (Elizabeth Olsen) em Westview com os acontecimentos no centro de contigência montado pela S.W.O.R.D. do lado de fora.
Mas o verdadeiro trunfo desta quinta parte da série do Disney+ está no fato de entrelaçar mais a fundo a trama com os traumas da Feiticeira Escarlate que a levaram a manipular toda uma cidade para corresponder à vida ideal que ela imaginou ao lado de Visão (Paul Bettany) e dos gêmeos Tommy e Bill.
O episódio inicia de volta ao formato de sitcoms, desta vez imerso no universo de Três É Demais, série dos anos 1980-90 estrelada pelas irmãs mais velhas de Olsen, Mary-Kate e Ashley Olsen. Além dos cenários e da abertura claramente tomados do programa, WandaVision se aproveita também do tema: nos anos 1980 e 1990, a TV deixou de lado as famílias-padrão perfeitas e abraçou outros modelos de organização familiar, que incluíam agregados e podiam até parecer disfuncionais, mas eram cheias de amor. Com o clima da sitcom de Wanda cada vez mais atravessado por intromissões estranhas, a escolha de Três É Demais parece também abraçar essa ideia de uma família mais disfuncional.
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E falando em agregados, esse papel é logo ocupado por Agnes (Kathryn Hahn), que vai de vizinha enxerida a “tia” engraçada dos bebês. Mas não sem novos estranhamentos: quando Visão se mostra reticente em aceitar ajuda com os meninos, ela demonstra estar consciente, em algum nível, de que está desempenhando um papel escrito por Wanda, perguntando se a protagonista quer refazer a cena e causando mais desconfiança por parte do sintozóide. Os gêmeos, que começam o episódio como bebês e terminam com dez anos, também só aumentam o número de pulgas atrás da orelha do pai.
Os outros habitantes de Westview, no entanto, não parecem ter a mesma consciência, e permanecem totalmente alheios ao fato de estarem sendo manipulados, a não ser quando Visão, alertado por uma mensagem de Monica Rambeau (Teyonah Parris) enviada por e-mail ao trabalho dele, desperta o colega Norm e ouve dele que Wanda está no controle de tudo.
Marvel/Divulgação
Do lado de fora, o retorno de Monica nos oferece um maior entendimento do que está acontecendo com Wanda. Ela descreve a entrada no Hex (como Darcy Lewis apelidou o campo de força que protege Westview) como uma sensação de dor e depois a voz da Feiticeira em sua cabeça. A agente também pôde sentir o desespero e a tristeza da heroína, indicando que ela criou toda essa ilusão para lidar com seus traumas e luto, sobretudo a perda de Visão na batalha contra Thanos e do irmão Pietro na luta contra Ultron. Estranhamente, os exames de imagem e laboratoriais de Monica saem todos em branco, indicando que algo aconteceu com ela depois da experiência na sitcom de Wanda, e dando força à teoria de que ela se transformará na heroína Espectro ou Fóton (antigo codinome de sua mãe, Maria).
O passado de Wanda também tem forte presença no episódio. Ao recapitular o caso, o agente Jimmy Woo (Randall Park) relembra a trajetória da heroína, desde a morte dos pais, o recrutamento pela HYDRA, os experimentos com a Joia da Mente e a entrada nos Vingadores, e Tyler Hayward (Josh Stamberg), o diretor interino da S.W.O.R.D., faz questão de apontar duas ocasiões em que ela causou destruição: em Lagos, Nigéria, durante os acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil, quando fez um prédio desabar e provocou a morte de inocentes ao tentar desviar uma explosão (acontecimento referenciado também na propaganda de um papel toalha dentro da sitcom), e na batalha no aeroporto de Berlim, quando lutou ao lado do Capitão América, transformado em fora-da-lei pelo tratado de Sokóvia, que regula a atuação de super-heróis.
Aqui, a insistência de Hayward em enquadrar Wanda como terrorista, contra a intuição de Monica, que acredita que a Feiticeira Escarlate não deu início a tudo de forma totalmente consciente (o que ela própria confirma no final do episódio), levanta mais suspeitas contra o diretor interino da S.W.O.R.D. É ele também quem revela que a heroína roubou o corpo de Visão da sede da S.W.O.R.D. nove dias antes (ou seja, cerca de duas semanas depois de ser trazida de volta do "blip" de Thanos), violando o tratado de Sokóvia e os próprios desejos finais do sintozóide, que não desejava ser usado como arma por ninguém.
Com essa avaliação em mente, Hayward interfere numa missão de reconhecimento elaborada por Monica, que descobre que Wanda na verdade não criou uma ilusão, mas realmente alterou a matéria ao seu redor, e decide enviar um drone dos anos 1980 para tentar contato. Quando o diretor dá ordens para o drone atirar contra a heroína, a decisão traz a primeira grande surpresa do episódio: Wanda, nos trajes da Feiticeira Escarlate que já conhecíamos, sai de sua “bolha” para confrontar os agentes do lado de fora, deixando claro que não vai deixar ninguém destruir a vida perfeita que criou para si.
Quando volta ao lar, Wanda, no entanto, não encontra um ambiente de alegria e harmonia. A descoberta de Visão com Norm é o estopim para o primeiro grande desentendimento entre o casal. Visão confronta Wanda, fala de sua falta de memória da vida antes de Westview e demonstra certa independência, mesmo depois que ela faz os créditos subirem e encerra o episódio de sua sitcom. É aqui que ela admite que não sabe como tudo começou.
Mas antes que ela possa contar mais, o conflito é interrompido por uma visita inesperada (embora já tivesse circulado em um vazamento que rodou as redes nas últimas semanas), mas sugerida ao longo do episódio (quando os gêmeos perguntam se Wanda tinha um irmão e em conversas sobre ela poder trazer alguém de volta dos mortos): quem toca a campainha é Pietro, o irmão de Wanda morto por Ultron, papel que ela reescala e dá para outro ator - em vez de Aaron Taylor-Johnson, que interpretou o personagem no MCU (Universo Cinematográfico Marvel), Evan Peters, que viveu Mercúrio nos filmes dos X-Men, o que pode ter grandes consequências para a fase quatro dos filmes da Marvel.
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