Música

Crítica

Jonas Brothers - Happiness Begins

Comeback mira em hits de rádio com toques de nostalgia, mas traz influências atuais

10.06.2019, às 09H24.
Atualizada em 10.06.2019, ÀS 09H45

Se passaram dez longos anos desde a última empreitada dos Jonas Brothers em estúdio, Lines, Vines and Trying Times, mas o momento atual não poderia ser mais propício para o seu comeback, Happiness Begins. Em uma era de remakes, reboots e reuniões, o trio de irmãos que conquistou corações na primeira década dos anos 2000 retornou com um novo fôlego e em um momento frutífero para boy bands, impulsionado pelo fenômeno do BTS. Mas o que o Jonas Brothers trouxe em seu quinto álbum de estúdio pode surpreender fãs das antigas. Happiness Begins é uma reinvenção do seu pop característico, que pode ter toques de nostalgia, mas é mais temperado pelo som atual e a vontade de emplacar hits.

A ambição é digna e certeira, já que logo no primeiro single, “Sucker”, os Jonas Brothers conquistaram o seu primeiro número 1 nas paradas americanas. A faixa, que abre o novo disco, estabelece um padrão alto que o resto do álbum custa a atingir, mas vira e mexe ele acerta novamente. O que faz falta em Happiness Begins e que “Sucker” soube fazer muito bem é encaixar a guitarra no mais puro pop. Ao longo do álbum, os Jonas Brothers se aprofundaram mais no estilo de pop de Ed Sheeran e Justin Bieber, criando faixas grudentas e menos dançantes. Ainda, o disco flutua por influências mais do que atuais, remetendo à Post Malone, Drake e a mestre do pop, Taylor Swift

Happiness Begins é o álbum do Jonas Brothers com o maior número de compositores e produtores, e conta com alguns veteranos de hits como Ryan Tedder (Ed Sheeran, Camila Cabello, Maroon 5), Greg Kurstin (Adele, Lily Allen, Foo Fighters) e Shellback (Taylor Swift, Britney Spears). A variedade faz com que o disco flutue em gênero e qualidade, mas não em consistência: o que une as 14 faixas é um desejo radiofônico claro. Em alguns momentos eles acertam em cheio: “Used To Be” remete à Drake instantaneamente e “Love Her” é o som mais claramente atual do Jonas Brothers. Mas é quando o grupo relembra a sua inocência e entrega faixas menos pretenciosas, como “Rollercoaster” e “Comeback”, que ele atinge o equilíbrio perfeito entre o velho e o novo. “Rollercoaster”, aliás, é um hit instantâneo que ganharia poder se viesse embrulhado no pop rock do Jonas Brothers, mas a sonoridade chiclete também fez muito sentido com o arranjo.  

"I Believe" ganha carisma por uma identidade única, baseada no pop dos anos 80, e "Hesitate" se destaca por um instrumental grandioso, que chega a lembrar U2, mas o miolo de Happiness Begins perde o vapor em faixas menos memoráveis como "Every Single Time"ou "Strangers". Mesmo assim, a energia de hits do verão do álbum permanece o tempo inteiro, revivendo em "Don't Throw It Away" e nas faixas que encerram o trabalho. 

O sentimento ao fim de Happiness Begins é que o Jonas Brothers quis emplacar sucessos e fez isso muito bem. Seu quinto álbum pode ter altos e baixos, mas o talento do trio é comprovado por uma ambição pop incansável que, mesmo 10 anos depois, consegue remeter aos maiores nomes do pop atual, sem perder a personalidade.

Nota do Crítico
Bom