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Crítica

Kendrick Lamar - DAMN. | Crítica

Melhor rapper da atualidade volta com um trabalho minimalista e poderoso

20.04.2017, às 19H31.
Atualizada em 20.04.2017, ÀS 20H01

DAMN. é o trabalho mais minimalista de Kendrick Lamar, um rapper amparado por batidas simples rimando brilhantemente sobre suas complexidades, convicções e contradições. Um dos artistas mais completos da indústria, ele não faz apenas músicas, ele trabalha em cima de todo um conceito para criar um álbum – uma arte perdida em um mundo onde artistas preferem lançar uma porção de Singles ao invés de um trabalho completo.

Nos títulos das faixas ele já mostra o que vem pela frente. O retorno ao simples e direto está de cara no título das letras – todas, sem exceção, são apenas uma palavra e estão conectadas de alguma maneira. "BLOOD." (Sangue) é seguida de "DNA.", "PRIDE." (Orgulho) é seguida de "HUMBLE." (Humildade). "LUST." (Luxúria) é seguida por "LOVE." (Amor). Ele não conta uma história de começo, meio e fim como fez em To Pimp a Butterfly, mas filosófa suas ideias em cada canção.

O álbum começa genial, com o rapper contando a história de uma mulher cega que precisa de ajuda e, ao tentar ajudá-la, ele acaba morto com um tiro. A história é uma crítica de como boas ações podem ser desconstruídas e transformadas em coisas maldosas, deixando isso ainda mais claro ao tocar um sample de um repórter da Fox News que pegou um pedaço da espetacular e esperançosa “Alright”, descontextualizou e usou para criticá-lo.

Na sequência ele vem com os dois pés no peito com a fantástica “DNA.”. Pesada e simples, ele exalta os negros ao rimar que ele tem “lealdade e realeza no seu DNA”, “Eu tenho força, ambição, flow no meu DNA” e, ao mesmo tempo, fala de todos os estereótipos impostos ao longo dos anos como “Sexo, Dinheiro e Crimes – nosso DNA”. Genial e com um ritmo único, essa é uma das melhores faixas do álbum.

Ao longo do trabalho ele consegue agradar os mais puristas com raps clássicos e também apresenta canções totalmente feitas para rádio – especialmente com “LOYALTY.”, onde rima ao lado de Rihanna, e “LOVE.”, uma canção onde provavelmente tirou inspiração do trabalho de Drake.

Excelente do início ao fim, o álbum ainda tem uma canção que se destaca: “HUMBLE.”, um rap totalmente atemporal, forte, pesado e uma das melhores canções já feitas pelo artista.

No final, Lamar dá um simples toque que faz toda diferença para o seu conceito: um novo tiro. Em seguida, ele rebobina de volta para o começo e mostra que tudo não passou de uma reflexão sobre a vida quando estamos de olho para morte.

Lançar álbuns é uma arte esquecida. Poucos gostam de trabalhar conceitos e como cada música encaixa na outra. Mas, por sorte, ainda existem músicos como Kendrick Lamar - ouça o disco.

Nota do Crítico
Excelente!