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Metallica - Hardwired…To Self-Destruct | Crítica

Grupo mostra que ainda é relevante e apresenta novo material capaz de unir fãs de todas as suas fases

18.11.2016, às 12H48.
Atualizada em 31.03.2017, ÀS 17H55

Como é bom ser surpreendido. O Metallica vem há quase 20 anos tentando se provar como uma banda capaz de produzir algo novo e relevante. Ao contrário de muitas bandas, o grupo tentou diversos caminhos, com discos muito fora da zona de conforto, o que exigiu coragem, e que causaram bastante barulho entre os fãs, caso de Load, Reload e St. Anger.

Agora, oito anos após lançar Death Magnetic, que era tido como um retorno do grupo ao seu rock clássico/rápido, o Metallica disponibiliza Hardwired… To Self-Destruct, álbum inspirado e que empolga por mostrar uma banda preocupada em cumprir bem com o seu papel, sem a necessidade de provar qualquer coisa. O novo disco com 13 faixas e que, a princípio poderia ser um pouco do mais do mesmo (a volta às raizes e toda a ladainha de sempre), surge como uma tentativa de recuperar o prestígio perdido no cenário da música consumida de forma rápida e com "novidades" em cada esquina. Por meio de faixas como “Hard Wired” e “Atlas Rise”, que empolgam, mas - no início - não pareciam levar para algo consistente, o projeto se mostra melhor a cada nova audição. Os dois singles ganham mais pressão quando ouvidos como parte do disco como um todo e, por fim, acabam se mostrando potetentes cartões de visita.

Assim, depois de ouvir os mais de 80 minutos divididos em dois discos, é nítido como James Hetfield está no ponto com sua voz e seus riffs, Lars entendeu a máxima de que menos pode ser mais (graças a uma mistura de necessidade física e técnica), tornando-se um instrumentista certeiro, Kirk Hammett se apresenta muito bem em todos os seus momentos, mas sem dúvida poderia ter colaborado mais, se não tivesse perdido seus riffs em um celular e tudo isso em conjunto com a cozinha consistente de Robert Trujillo que dá tudo para que o Metallica, enfim, possa se mostrar como uma banda de verdade, já que agora estão há um bom tempo com a mesma formação e sem a necessidade de se provar, algo que parecia fazer parte de todo o processo de seus discos anteriores.

Hardwired... To Self-Destruct apresenta riffs marcantes, com nuances de todas as fases da banda em um mix de faixas mais progressivas, com tempos quebrados, músicas mais rápidas e vocais mais pontuais, tudo para mostrar o potencial dos quatro músicos sem soar pretensioso, em busca das rádios, mas sem abrir mão da vontade de voltar a ser relevante, como James comentou em entrevista recente e como a crítica da NME faz questão de ressaltar, “O Metallica continua - já em seus 50 anos - vital e inovativo”. E isso vem sem nenhum refrão grudento, mas que coloca em evidencia o detalhe que sempre fez as músicas da banda serem reconhecidas em qualquer lugar, a melodia e a estrutura. Parece que dessa vez eles encontraram a forma mágica para chegar ao combo ideal, apesar do pecado de algumas faixas serem longas demais, prejudicando a experiência completa.

E claro, a banda mostra que não se trata só de música, já que utilizou uma estratégia de divulgação mais ampla para fazer com que o novo disco chegasse a mais lugares e mais pessoas, não só no circuito no qual eles já são conhecidos.

Por fim, esse disco aparece como um novo marco na carreira do grupo e será, possivelmente, um divisor de águas, após as diversas tentativas anteriores que não foram capazes de fazer os estádios cantarem juntos ou, ainda mais, não foram capazes de trazer novos fãs para ver o que os norte-americanos estavam criando.

Os destaques ficam por conta de “Here Comes Revenge”, “Am I Savage?”, “Now That We´re Dead” e “Halo on Fire”, faixas fora da caixa sonora esperada de uma banda como o Metallica e que surpreendem por todo o conceito envolvido na sonoridade, no tempo e na evolução musical.

Nota do Crítico
Ótimo